Rodinei teve conversa com torcedor que pagou R$ 1 milhão e ouviu de Diego: “Dá só um amarelinho”

Atual jogador do Olympiacos-GRE falou em podcast sobre o polêmico Flamengo x Inter

Publicidade

Atual jogador do Olympiacos-GRE, Rodinei protagonizou um dos momentos mais emblemáticos da história recente do Inter, que, com ele na lateral-direita, flertou até o fim com o título do Brasileirão de 2020. A taça poderia ter vindo com uma vitória simples sobre o Flamengo, no Rio de Janeiro, já na reta final de campanha, mas neste jogo o defensor acabou sendo expulso em um lance até hoje reclamado por colorados.

No começo do segundo tempo, Rodinei acabou acertando o tornozelo de Filipe Luís e o árbitro da ocasião, Raphael Claus, foi chamado pelo VAR para analisar a jogada. Na volta, expulsou o jogador do Inter de campo e deixou o time de Abel Braga em apuros diante de um ataque pesado do Flamengo, que venceria a partida por 2×1 – e, posteriormente, também ficaria com o título.

“Houve um consenso do Filipe Luís e do Diego ali no momento. Foi questão de jogo. Uma bola que veio virada e lance assim eu te mostro 100 jogadas iguais e nenhuma foi expulsão. Isso no treino acontece. Tu escorrega e pega no tornozelo do cara. Não tem maldade. Uma coisa é você chegar e vir com excesso de força. É diferente. Eu te mostro lances piores que não geraram expulsão. E com o mesmo juiz, inclusive”, declarou Rodinei, em nova entrevista dada ao Charla Podcast.

Na época, rumores deram conta de que o próprio Filipe Luís e Diego tentaram convencer Claus a não expulsar Rodinei, que era e segue sendo amigo de todos os jogadores do Flamengo por sua passagem longa no clube. O lateral-direito contou a sua versão desta história:

“Quando eu viro para dominar, a bola escapa do meu pé. Mas eu estou olhando para a bola, não para o Filipe. Claro, foi uma entrada forte. No treino acontece isso direto. Saio com meião rasgado de treino, porque acontece isso. O jogo continuou, ele não deu nem falta, o Filipe ficou caído e o VAR chamou. Quando o juiz volta, o Filipe, no calor do jogo, fala que não foi maldade. Ele jogou junto comigo. Como que eu ia pegar e dar uma chegada para quebrar alguém? Nunca foi meu estilo de jogo”, disse, antes de finalizar:

“O Diego, rapidão, chegou ali junto e disse: ‘Dá um amarelinho pra ele aí e está bom’. Porque o Diego pensou que o juiz nem daria amarelo. Os caras me conheciam. Sabiam que não tinha maldade. Foi essa a resenha de campo que aconteceu”.

Rodinei conversou com torcedor do Inter que pagou R$ 1 milhão

No começo daquela campanha, Rodinei era reserva do Inter sob comando de Eduardo Coudet, que dava preferência para Renzo Saravia. Quando o argentino rompe os ligamentos em jogo da Libertadores, a sequência de jogos passa a ser do defensor brasileiro, que engata boa série de partidas e se mantém em alta com a chegada de Abel Braga. Mas havia um “porém” antes da decisiva partida no Maracanã.

Rodinei estava emprestado pelo Flamengo ao Inter e só poderia jogar o confronto direto pelo título se a direção gaúcha pagasse uma cláusula de R$ 1 milhão. Nisso, surge a figura do torcedor colorado e empresário Elusmar Maggi, de Cuiabá-MT, que resolve bancar o valor do seu próprio bolso.

“Cheguei a falar por telefone depois com ele. Durante aquela semana, foi uma loucura. Era um jogo muito importante para o Inter. E o Abel Braga, que foi outro pai para mim no futebol, precisava de mim. O time estava encaixado. A diretoria estava conversando para pagar. Eu tenho quase certeza que a direção iria pagar. Eu vinha treinando no time titular na semana, normalmente. E o cara não tinha pago nada. O Abel tinha me dito: ‘Rodi, falei com a direção que preciso que você jogue’. Aí estou saindo do treino e os caras me dizem que um torcedor pagou 1 milhão para que eu pudesse jogar. Surreal. Eu perguntei: ‘Quem é que vai jogar, é o Ronaldinho Gaúcho? (risos)’. Pô, 1 milhão para um lateral por um jogo? Eu estou na história, irmão”, comentou Rodinei.

“Se fosse no Flamengo, por tudo que eu tinha vivido, os caras iriam me amassar. Só que, no Inter, os próprios torcedores lembram muito o que aconteceu com o Tinga em 2005. Até hoje falam nisso. Tenho certeza que o torcedor colorado sabe que foi uma injustiça comigo. Depois do jogo eu fiquei destruído. Sou um cara alegre, mas fiquei acabado no vestiário. Voltamos para Porto Alegre e tinha uns 50 torcedores nos esperando e gritando o meu nome. E depois, Papai do Céu deu na nossa mão, porque o Flamengo perdeu para o São Paulo e bastava a gente ganhar. Então não foi por causa da minha expulsão que não ganhamos. Pelo destino, não conseguimos ganhar do Corinthians”, acrescentou.

Maggi não se arrependeu de pagar por Rodinei

Na conversa por telefone com Rodinei, o milionário empresário, que obteve grande sucesso na área da produção de soja, garantiu não ter se arrependido de ter feito o pagamento. E encarou a expulsão do jogador como “coisa do futebol”:

“O torcedor que pagou me ligou, falamos por ligação depois do jogo do Flamengo e ele disse: ‘Rodinei, coisa de jogo, se tivesse que pagar eu pagaria de novo, você é um grande jogador, você era importante para o time e eu via as coisas acontecendo para que você jogasse’. Estavam falando que ele era burro por ter pago esse valor para um jogador que foi expulso. Mas ninguém lembra que no primeiro tempo eu acertei a trave. Imagina se o Inter é campeão no Maracanã com gol meu? É o futebol. Também tem isso (o cara ser milionário). Se fosse fazer falta para ele talvez me dissesse que iria me matar (risos)”, finalizou o jogador.

Leia mais: