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“Ninguém sabe disso”, diz Lugano sobre a final da Libertadores de 2006 perdida para o Inter

Ex-zagueiro Diego Lugano foi titular do São Paulo nas duas partidas com o Inter pela final da Libertadores

Hoje aposentado do futebol, Diego Lugano foi titular do São Paulo nos dois jogos contra o Inter na final da Libertadores de 2006 e lembra com detalhes o contexto de toda aquela decisão. Ao jornalista Duda Garbi, no YouTube, o uruguaio admitiu que, no Morumbi, havia uma grande confiança para a conquista daquele título. Mas fatores inesperados e até mesmo um acidente extracampo tumultuaram o ambiente são-paulino na ocasião.

O ex-zagueiro admite que o Inter tinha um “timaço”, mas acredita que aquele São Paulo de 2006, com Muricy Ramalho e não mais Paulo Autuori, vinha em sua melhor fase de toda aquela geração. Um exemplo foi a facilidade na semifinal diante do Chivas, que era a base da Seleção do México que jogou a Copa do Mundo na Alemanha.

“A história nos livros sempre está escrita por quem vence. Mas quem perde também tem a sua história. Ninguém quer saber e ninguém nunca sabe disso, mas está certo mesmo. Mas em 2006 eu acho que estávamos no melhor momento da nossa era no São Paulo. Nós estávamos voando mesmo. Tínhamos toda a confiança de ter vencido no ano anterior. Passamos pelo Chivas na semi e eles tinham 9 titulares da Seleção do México da época, que jogaram a Copa da Alemanha de 2006. Ganhamos em São Paulo e no México deles. Estávamos bem, bem, bem mesmo. E eu acho que éramos mais time que o Inter na época”, comentou Lugano.

Para o antigo defensor, a expulsão de Josué por cotovelada em Rafael Sobis logo cedo no Morumbi e a lesão no tornozelo de Mineiro posteriormente foram decisivas para o primeiro resultado: 2×1 para o Inter com dois gols do próprio Sobis, sem que Lugano nada pudesse fazer.

“Não falo em excesso de confiança, mas tínhamos confiança de que venceríamos o Inter. Depois, realmente, o que aconteceu nas duas finais é uma união de um filme de terror. Primeiro, no Morumbi, com cinco minutos, o Josué é expulso. Ele era o nosso volante, o equilíbrio do time. Deu uma “quase” cotovelada. Aí aos 30 minutos o Mineiro se machucou. Ele era o outro volante, o outro pulmão do time. Depois, no Beira-Rio, jogamos sem o Ricardo Oliveira por causa do contrato encerrando com o Bétis. Parece que o Inter teve influência, porque estava vendendo o Jorge Wagner para lá. Foi uma jogada muito boa do Inter”, ampliou.

Acidente agitou a semana do São Paulo

Weverson, que era o quarto goleiro do São Paulo na época, faleceu em um acidente de carro na semana entre os dois jogos da final da Libertadores. Bruno, terceiro goleiro, estava no automóvel e teve problemas na coluna, ficando com a mobilidade afetada até hoje. Assim, além de ter que conviver com a necessidade de virar o placar no Beira-Rio, o elenco são-paulino ainda enfrentava um pesado luto no clube nos dias antes de viajar a Porto Alegre.

“O jogo começou desfigurado para nós e obviamente o Rafael Sobis foi muito feliz. Tomamos 2×1, mas mantínhamos a esperança de virar lá. Depois do jogo, na noite, houve um acidente de carro com goleiros da base do São Paulo. Um faleceu e o outro ficou com problemas de mobilidade. Ficamos de quarta a sábado de luto. Velório, gente chorando. Fomos para Porto Alegre com estas dificuldades, mas acreditando na virada”, comentou Lugano, antes de acrescentar:

Lugano é até hoje ídolo da torcida do São Paulo – Foto: Divulgação/São Paulo

“O jogo começa e eu perco um gol quase dentro da goleira. Normal para o Lugano (risos). Depois, o Rogério cometeu um erro que nunca na história, nem antes nem depois, cometeu. Então estava tudo meio estranho. O que aconteceu conosco entre os dois jogos foi… eu pensava: ‘Caramba, o que fizemos de errado para merecer isso?’. Sem desmerecer obviamente o Inter, que era um timaço e depois foi campeão mundial. Mas nós lutamos, fizemos o 2×2, foi uma linda final. Estava uma pressão nossa”, terminou Lugano.

Tinga, por ter erguido a camisa após o 2° gol colorado, foi expulso e impulsionou uma grande pressão do São Paulo, que chegou ao 2×2 com Lenílson. O final daquela partida representou um drama para os colorados, que não viam o tempo passar até que o último apito da arbitragem gerou o inédito título continental.

Crítica ao futebol de hoje

Na mesma entrevista, Lugano fez algumas considerações críticas à postura de alguns jogadores de hoje, principalmente nas “cenas” feitas em campo. Ele conta que, no seu tempo, por incontáveis vezes jogou machucado, cortado e mesmo assim não demonstrava dor:

“Hoje com o VAR tudo é mais complicado. Logicamente que nós, como zagueiros, normalmente éramos mais fortes, altos. Mas a gente também apanhava para caramba. E o Fernandão, de 1,90m? No escanteio com Índio, Bolívar… não é só nós. Só que a gente como zagueiro tinha vergonha de se queixar. Eu tinha vergonha de mostrar dor. Eu poderia estar todo quebrado, mas não demonstrava dor. Mesmo estando f… mesmo. Hoje eu fico louco. Qualquer coisinha eles rolam no chão. É outro futebol. Nossa geração teve uma outra educação”, opinou Lugano.

Lugano no Grêmio?

Anos depois, já com carreira consolidada fora da América do Sul, Diego Lugano voltava ao seu país para se preparar para uma nova rodada das Eliminatórias quando recebeu a visita de Rui Costa, então dirigente do Grêmio. O tricolor se preparava para a temporada de 2013 e queria um “símbolo” da reconstrução do clube, que passaria a jogar na Arena e não mais no Olímpico.

O nome pensado foi Lugano, que se surpreendeu com a proposta e com a admiração dos gremistas. Na época, ele defendia o PSG e o que pesou para não aceitar ir para o Grêmio foi, anos antes, ter dado a palavra de que voltaria ao São Paulo quando retornasse ao Brasil.

“Em 2013, eu estava no PSG, na França, com conversas para ir para a Inglaterra jogar a Premier League. Vim para o Uruguai em um jogo das Eliminatórias. E o Rui Costa, que eu não conhecia, fez contato comigo para conversarmos no Uruguai. Era difícil eu falar com alguém antes do jogo do Uruguai. Quando eu chegava no Uruguai, ficava direto na concentração da seleção. Pra mim era o máximo”, comentou Lugano, para depois complementar:

“O Rui era muito educado, muito preparado. Ele me contou que o clube estava se reerguendo, com a construção da Arena. E queria que eu fosse o emblema desse novo Grêmio. Havia uma enquete entre os torcedores sobre quem eles achavam quem poderia ser a figura desse novo clube e eu teria ganho com quase 80%. E eu falei: ‘Caramba, o que eu tenho a ver com o Grêmio?’. Fiz minha vida jogando no São Paulo”.

Ainda sobre este tema, o antigo capitão da Celeste confirma que a proposta financeira para jogar no Grêmio, em 2013, era bastante convincente:

“Recebi ele só por educação. Para dar um “nó” com educação, mas fiquei surpreso. Pô, Lugano com 80% de aprovação? E a proposta econômica era muito boa. Me senti honrado e prestigiado pelo Grêmio. Pedi para esperar um pouco, para pensar, porque fui surpreendido. Acontecia também que o pessoal do São Paulo me tratava bem demais, então sempre tive a promessa de voltar ao São Paulo quando retornasse ao Brasil. Devia tudo a eles e o mínimo era ser leal a eles. A palavra que eu dei para o São Paulo fez eu não ir para o Grêmio”, acrescentou o ex-jogador.

Em 2013, de fato, o Grêmio, então presidido por Fábio Koff, investiu pesado no futebol apesar de não ter efetivado a vinda de Diego Lugano. Nomes conhecidos como Barcos, André Santos, Cris e Vargas chegaram ao elenco que já tinha Kleber Gladiador, Elano, Zé Roberto, entre outros. Porém, os resultados de campo acabaram não sendo os mais esperados pela torcida. O ano tricolor ficou marcado pela perda do Gauchão para o Inter – que venceu os dois turnos na época -, pela queda nas oitavas da Libertadores, pela queda na semi da Copa do Brasil para o Corinthians e pelo vice do Brasileirão.

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