Luiz Adriano impaciente, “fuga” dos baianos e Nilmar baladeiro: Lisca se diverte e conta histórias da “época raiz” do Inter

Treinador gaúcho concedeu declarações em entrevista ao Bebendo e Falando, do O Bairrista

Profissional do Inter por mais de uma década entre categorias de base, auxiliar do time principal e até técnico do clube em três rodadas em 2016, Lisca relembrou várias e divertidas histórias dos seus anos de Beira-Rio durante entrevista ao Bebendo e Falando, do O Bairrista, no YouTube. Dentre as principais passagens, o treinador – que segue livre no mercado – se divertiu ao recordar a impaciência de Luiz Adriano até se firmar no time de cima em 2006.

“Estava eu um dia passando para dar treino no campo suplementar e o Luiz Adriano estava escorado na porta do vestiário principal. E me chamou: “Lisca, quero jogar no teu time”. E na época o meu time, que era o B, estava voando. E só se falava no Pato, que era o meu centroavante. O Luiz não estava jogando, o Abel não conseguia achar espaço pra ele. E pediu para que eu fosse falar com o Abel pra trazer ele pro meu time. O Abelão era fantástico nessa relação com os treinadores da base, era relação aberta. Fui nele e ele concordou que não estava conseguindo dar espaço pro Luiz. E me mandou usar ele no time”, relembrou Lisca.

Talentoso e com faro de gol, Luiz Adriano logo se tornou artilheiro do time B nos jogos pelas competições gaúchas e a cada partida ia no próprio Lisca pedir um “relato” do seu desempenho para Abel:

“Aí daqui a pouco, primeiro jogo, 4×1 para nós contra a Ulbra, três gols do Luiz Adriano. Segundo jogo, mais gol dele. E assim foi indo. E ele toda hora em mim: “Professor, falou pro homem lá? Falou dos gols pra ele?”. E eu: “Calma, cara (risos), ele está vendo tudo”. Até que o Rentería se machucou e eu disse pro Abel: “Pode botar o Luiz”. Foi lá, representou, ganhou a chance e foi pro Mundial. Aquela semi do Al-Ahly, com gols do Pato e do Luiz Adriano, foi o grande momento da base colorada”, acrescentou.

Luiz Adriano brilhou no Inter e depois foi jogar fora do Brasil – Foto: Divulgação/Spartak

Fuga dos baianos em 2002

Antes do ano dourado de 2006, Lisca viveu a dureza da péssima temporada de 2002 em que o rebaixamento só não ocorreu por conta da vitória dramática contra o Paysandu, fora de casa, na última rodada, bem como a ajuda de três resultados paralelos.

Lisca conta que tinha boa relação com os atletas e revelou um ato de indisciplina de Júnior Baiano e Fernando Baiano após um jogo fora de casa contra o Botafogo:

“Aquele ano do Paysandu foi terrível, da quase queda. Eu já era auxiliar, estava junto e era muito amigo dos caras. Teve aquele jogo contra o Botafogo e antes mesmo o Júnior Baiano e o Fernando Baiano chegaram em mim e me disseram: “Lisca, não vamos voltar”. E eu: “Cara, não faz isso”. Mas eles estavam decididos a ficar lá no Rio por causa de atraso de salário, falta de pagamento, aquelas coisas. Me falaram que iria engarrafar o trânsito na hora da volta (risos). E eu quieto. No outro dia estava a direção procurando os caras e eu no fundo do ônibus quieto, sem falar nada (risos)”.

Nilmar gostava da noite

Lisca recebeu das mãos de Mano Menezes, que também era técnico da base do Inter, o atacante Nilmar. Mas, pelo porte físico “raquítico”, não levou a menor fé naquele que, anos depois, se tornaria ídolo da torcida. E o detalhe curioso contado pelo treinador é que Nilmar, quando jovem, gostava da noite:

“O Mano Menezes era o treinador do time júnior na época e eu do juvenil. Chegou ele em mim um dia e disse assim: “Professor, te trouxe um atacante que tu vai adorar”. Fui ver quem era e quando fui no saguão eu me apavorei. O Nilmar era raquítico. Muito magro. Olhei e não levei fé. Mas no campo ele sofre foi fora de série. Só que no primeiro ano ele e o Cidmar exageram muito. Era toda hora festa, saída, isso estava irritando o clube. Tanto que teve um ano que eles ficaram de fora até da Copa São Paulo. Não jogaram em lugar nenhum”, disse Lisca, antes de encerrar:

“Estou em um dia entrando de carro no Beira-Rio e os dois, o Nilmar e o Cidmar me param e pedem pra jogar: “Professor, nós queremos jogar”. Aí eu segurei a bronca e eles se comprometeram. Mas o Nilmar foi fazer reforço muscular. Eu colocava ele só no segundo tempo e ele, claro, destruía. Aí eu recebia corneta de todo mundo: “Pô, como é que esse guri é reserva? Treinador burro (risos)”. O pessoal não sabia desse trabalho de fortalecimento que a gente fazia com ele”.

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