JB Filho vê Inter jogando mais que o Grêmio e explica o que chateou no episódio com Renato

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Figura conhecida na imprensa gaúcha pelo trabalho na Rádio e na TV Bandeirantes, além do site que leva o seu próprio nome, o jornalista João Batista Filho conversou com a reportagem do Zona Mista e não fugiu de nenhum assunto. No “cardápio”, os momentos em campo de Inter e Grêmio até a paralisação, a pancadaria no Gre-Nal e, claro, a polêmica com o técnico gremista Renato Portaluppi logo no início de 2020.

Zona Mista: Para começar falando de futebol, JB. Quem você acha que iniciou melhor a temporada de 2020 até essa parada e quem tem mais chances de fechar o ano com um grande título, Grêmio ou Inter?

João Batista Filho: Essa é uma resposta que precisa ser dividida em partes. No começo da temporada, o Grêmio contratou melhor que o Internacional. Se reforçou em posições interessantes. Dois laterais fantásticos como Victor Ferraz e Caio Henrique, que eu tinha certeza que dariam certo, o Lucas Silva, que eu sou apaixonado pelo futebol dele, não jogou no Real Madrid por acaso, muito bom jogador. Talvez dê pra contestar o Thiago Neves, que parece não estar ainda com aquele brilho no olhar como deveria. E o Diego Souza, que eu também contestei, está dando conta do recado. Mas ainda acho que o Grêmio precisa de um 9 fazedor de gols. Então, pra mim, o Grêmio saiu muito na frente. Só que as partidas foram vindo e quando o Eduardo Coudet fez as mudanças necessárias no Inter, principalmente colocando o Edenilson na vaga do Lindoso, o time começou a jogar bem melhor. Se a gente for fazer um balanço geral, pegando o Marcos Guilherme de um lado, o Boschilia de outro… aliás, pra mim o Boschilia é a melhor contratação do Inter, eu diria que o Inter terminou até essa parada jogando muito melhor que o Grêmio. Bem melhor mesmo, bem grande a diferença.

ZM: De uns tempos pra cá, vários jornalistas gaúchos como Carlos Lacerda, Cesar Fabris, Alex Bagé, entre outros, revelaram o time do coração. Você acha natural e justo esse processo, e pensa em fazer o mesmo futuramente?

JB: Eu não penso em admitir meu time, até porque não é algo que eu sinto falta. Eu não tenho torcida, não costumo fazer e nem me dou o direito de ficar torcendo. Respeito quem quer revelar e divulgar. Mas não é uma coisa que eu pretenda fazer na vida. E se um dia eu chegar e dizer que, na infância, eu torcia pra Grêmio, pra Inter, pra Corinthians, Flamengo, Palmeiras, sei lá, qualquer time… óbvio que é um da dupla Gre-Nal, evidentemente, mas eu jamais serei um torcedor no microfone. Não passa pela minha cabeça, mesmo respeitando o trabalho de alguns colegas. O exemplo do Leonardo Meneghetti, da Band, que além de meu chefe já se tornou meu amigo, eu vejo como bacana. É colorado, mas continua comentando com o cérebro e não com o coração. Vendo o futebol com os olhos e não com o coração. Para mim é a melhor maneira de ser.

ZM: Quem é o atual personagem da dupla Gre-Nal, seja jogador, treinador ou dirigente, que na sua opinião é o melhor de se entrevistar?

JB: Tem alguns jogadores que eu gosto muito de conversar. O D’Alessandro dá manchete. Eu sempre costumo falar na rádio. Quando ele fala, vai dar manchete, porque sempre tem grandes entrevistas. O Maicon é um cara que é muito bom de entrevistas, tem boas opiniões, se posiciona bem, se expressa bem. Esses dois são os que eu mais gosto de entrevistar. O Geromel, por exemplo, tem uma característica parecida com a do Índio. O Índio era assim, se tu fazia uma exclusiva com ele, só vocês conversando, rendia muito. Na época, claro. Com o Geromel é a mesma coisa. Agora, na coletiva, falam mais o básico, o tradicional e tu acaba não conseguindo desenvolver muito um assunto. Mas se eu tivesse que escolher dois personagens, eu citaria o Maicon e o D’Alessandro.

ZM: Sobre a pancadaria do último clássico, duas perguntas. Você, como repórter, já havia visto algo semelhante? Dias depois, o D’Alessandro disse que a imprensa também tem papel em muitas coisas que ocorrem no campo. Você concorda?

JB: Não, nunca tinha visto. Já trabalho como repórter há algum tempo e já fiz evidentemente muito Gre-Nal, mas nunca tinha visto assim. Normalmente é um empurra-empurra, um chega pra lá e tal. Mas pancadaria não. E realmente foi pancadaria, briga generalizada. Eu não sei como o jogo não acabou ali. Fiquei mais irritado por depois ver o jogo em 7 contra 7, uma pelada, do que qualquer outra coisa. E não concordo com o D’Alessandro. Ele errou feio ao citar o papel da imprensa, porque a imprensa não sai no soco com ninguém. E mesmo que ele queira dizer que a imprensa “incita” a violência, me desculpa, mas os jogadores não estavam ouvindo rádio ou lendo sites no vestiário. Aquilo aconteceu porque era um Gre-Nal e todos queriam vencer. Os jogadores se passaram.

ZM: Para fechar. Você ficou chateado ou achou injusto aquele episódio da coletiva do Renato em que ele te colocou como um dos “recalcados”? Vocês conversaram em off e está tudo bem?

JB: A única coisa que eu achei injusta naquele episódio com o Renato é que ele sabe que o “recalcados” não era pra mim. Mas tudo bem, eu estava na coletiva de imprensa representando o programa Os Donos da Bola. O que me deixou bastante incomodado foi porque ele faltou com a verdade quando disse que falávamos da vida pessoal dos jogadores. Qualquer pessoa que vê o programa sabe que a gente não fala da vida pessoal de ninguém. Quando tu cita que o Thiago Neves foi afastado do Cruzeiro, bom, é a vida pessoal do cara. Se ele estava fazendo festa a ponto de atrapalhar o rendimento em campo e o time afastou ele, isso não é vida pessoal, é vida profissional. Foi só isso. Mas, pra mim, tudo foi bem planejado e pensado pelo lado do Renato. Porque, até então, a torcida estava bem contra os negócios do Diego Souza e do Thiago Neves. E a partir de então começou a virar totalmente o jogo. A torcida comprou a versão “vamos ficar contra a imprensa e comprar o barulho dos jogadores”. O Renato conseguiu o que ele queria. Essa foi a minha chateação. Ele ter faltado com a verdade no aspecto de dizer que falamos da vida pessoal de alguém. Conversa “em off” teve muitas, cara. Muitas. De todos os lados que tu possas imaginar. Mas, da minha parte, está 0x0. Ele fez o dele, a parte dele, e eu fiz o papel da minha profissão que é perguntar.

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