Saletti sai em defesa de Edinho, aprova Fuchs e diz que ironia de Lori Sandri o atrapalhou no Inter

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O apoio ao amigo Edinho, com quem chegou a morar junto no Início do Inter, está entre os temas da entrevista exclusiva do ex-zagueiro colorado Tiago Saletti, lançado no profissional do clube em 2004 – mesmo ano em que se viu vítima da ironia do então técnico Lori Sandri ao compará-lo com Figueroa depois de uma derrota de 4×1 para o Juventude em Caxias do Sul. Já aposentado, ele se mostra orgulhoso da carreira e diz que o melhor momento foi na Chapecoense, em 2013 – confira:

Zona Mista: Quais as melhores lembranças que você tem do Inter? Ficou uma mágoa ou um sentimento de que poderia ter ficado mais tempo?

Tiago Saletti: As minhas maiores e melhores lembranças do Inter são exatamente do início dessa caminhada que se inicia lá no ano de 1997. Foi naquela época que cheguei com 13 anos para morar no alojamento e desde lá vivi o sonho de todo garoto, que era poder estrear no profissional do clube que você cresceu, viveu a infância e sempre torceu. Não, não digo que ficou mágoa nenhuma do Inter. Até porque a decisão de sair naquele momento foi apenas minha. Eu tinha mais quatro anos de contrato com o clube, mas entendi que era melhor encerrar o vínculo e encarar um novo desafio.

ZM: Como de fato ocorreu aquele episódio, em uma derrota para o Juventude, fora, no Gauchão de 2004, que o Lori Sandri, treinador, te ironiza na coletiva falando algo como “o Figueroa sai jogando lá atrás e a gente toma gol”? Qual a sua versão do fato? Ficou muito chateado na oportunidade?

TS: Bom, vamos lá. Aquele episódio realmente tomou uma dimensão maior do que eu esperava (risos). Nós sofremos uma derrota de 4×1 para o Juventude no Alfredo Jaconi, em Caxias, onde em uma situação de o placar terminar 4×1, obviamente que a defesa não se saiu bem. Até pouco tempo atrás eu tinha a fita guardada desse jogo, assim como tinha a de todos que joguei. Eu não sei se foi pelo fato de o Lori Sandri se referir ao Figueroa que logo ligaram ao quarto zagueiro, que era eu na oportunidade. Mas, analisando o jogo, tem um lance que eu erro um passe, mas o Juventude faz uma troca de no mínimo dez passes antes de sair o lance de um dos gols deles. O que me lembro nitidamente, e não é desculpa pois foi uma tarde horrível para mim, é que o nosso volante Marabá, aí sim em um passe errado e depois em um passe vertical do Juventude, saiu o gol. De repente, o Lori quis usar o Figueroa como referência a um lance, mas não a mim. Só que depois que as palavras são lançadas, elas não voltam mais. Nos reapresentamos e eu e o Lori conversamos e tocamos o trabalho. Óbvio que ele foi muito infeliz na sua fala. Depois com o tempo e trabalhando com outros treinadores, a gente via a diferença de como se deve agir quando se tem um erro individual, que é proteger o jogador.

ZM: Já naquele momento em que você surgia no clube, entre 2003 e 2004, era possível perceber que o trabalho que vinha sendo feito colocaria o Inter na rota dos grandes títulos pouco tempo depois?

TS: Sim, realmente. Ainda estava em um processo lento. O clube sofria com muitas heranças negativas de gestões passadas, mas se via um esforço enorme de ir arrumando a casa, e principalmente por ter o Fernando Carvalho (presidente da época), que conhece muito de futebol e contratações.

ZM: Você, na base, manteve uma grande amizade e chegou a morar junto com o Edinho, certo? Você ainda fala com ele? De que forma você analisa o recente desabafo dele pedindo desculpas à torcida do Inter por ter dito, em 2015, que o 5×0 do Grêmiono Gre-Nal era o maior título da carreira?

TS: Sim, é verdade. Nós dividíamos um apartamento logo quando saímos do alojamento do Beira-Rio. Tenho contato de vez em quando com ele. Nós ainda trocamos algumas mensagens sim, não perdemos o contato (risos). Esse assunto sobre a polêmica entrevista ele até evita, porque sabe que deu mancada. Mas uma coisa eu posso te dizer com clareza. Em todas as oportunidades que temos e que conversamos, ele demonstra uma enorme gratidão ao Inter. Sempre cita a sua chegada ao clube. O Edinho sempre relembra que trabalhava como servente de pedreiro no Rio de Janeiro e o Inter abriu as portas para a oportunidade da vida dele.

ZM: Mais de 15 anos depois, o Inter volta a revelar um zagueiro e o coloca como titular, que é o Bruno Fuchs. Inclusive, parecido fisicamente com você. O que você acha deste jogador? Vê potencial nele para o futuro?

TS: Eu acho o Bruno Fuchs um zagueiro com uma técnica muito refinada e bom posicionamento. Óbvio que, por ser jovem, ele vai evoluir bastante principalmente nos embates de força e bola aérea. Na ordem, vejo esses itens mais importantes que a técnica. Mas isso só com o trabalho e o tempo para adquirir. Vejo um jovem muito promissor se corrigir esses pontos.

ZM: Para encerrar. Fora do Inter, qual você avalia ter sido o seu melhor momento no futebol e como define a carreira que teve?

TS: O meu melhor momento foi em 2013 na Chapecoense. Consegui fazer um ano muito bom, participei de 35 partidas na Série B entre ser titular e ficar na reserva. Foi um ano especial. Conseguimos o acesso e o vice-campeonato brasileiro. Eu me sinto muito orgulhoso da minha carreira. Dei o meu melhor dentro das minhas limitações. Sempre fui um cara do bem e tive minhas conquistas. Então, não posso me queixar. Fui um menino que saiu aos 13 anos de Riozinho, no interior do estado, carregando um sonho. E hoje olho tudo que conquistei e me sinto muito orgulhoso.