
Conforme prometeu em sua emocionada coletiva de despedida, Maicon segue acompanhando e torcendo pelo Grêmio em todos os jogos, revelando até “jogar junto” mesmo do sofá de casa na frente da televisão. Nesta segunda-feira, o volante concedeu entrevista ao jornalista Rica Perrone no YouTube e voltou a falar da grande relação construída em quase sete anos de clube.
Para o antigo capitão, o problema do Grêmio no Brasileirão foi “não ter dado liga” dentro de campo assim como ocorreu com o Cruzeiro, em 2019, no exemplo citado por ele próprio. Mas Maicon garante, até com certa veemência, de que o ambiente de vestiário entre os jogadores gremistas sempre foi o melhor possível.
“Não deu liga o nosso time. O Cruzeiro, quando caiu a primeira vez, tu olhava o time e botava todo o teu dinheiro que não iria cair. Mas quando não dá liga, aí as pessoas começam a falar que tem problema de vestiário, que os mais velhos não gostam dos mais novos. No Grêmio, durante quase 7 anos, não teve nada disso. Ambiente sensacional. Diziam que o Maicon era o “chefe do vestiário”, mas, caramba, isso é oportunismo. Queriam criar crise. E eu respondo. O problema era e é dentro do campo. Mas agora no segundo turno é uma nova história. Eu vi o jogo contra o Flamengo e eu jogo junto, chuto (em casa)”, declarou.
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Em relação à decisão de rescindir o contrato, Maicon reforçou que a saída ocorreu sem qualquer atrito e que os demais jogadores queriam muito a sua permanência. Nesse sentido, ele revelou um “pedido” de Thiago Santos na vitória de 1×0 fora de casa sobre o Cuiabá:
“Os caras falavam “não sai, pô, pelo amor de Deus”, “a gente precisa de ti”, “eu corro por você”. No jogo que ganhamos do Cuiabá, o Thiago Santos me falou “não passa do meio para trás, eu que vou correr para você, fica só armando do meio para frente”. Que era para eu armar o jogo. Mas aí escorreguei ainda no início e abriu o adutor. Essas atitudes dos caras me davam motivação. Aí eu ia lá, tomava injeção e tentava ir de novo”, citou.
Maicon completou 36 anos neste mês de setembro e mantém a ideia de seguir jogando profissionalmente em outro clube em 2022. Em paralelo, realiza cursos da CBF para se tornar apto a ser treinador.
Confira outras declarações de Maicon nesta entrevista:
Relação com o Grêmio:
“Nem nos meus melhores sonhos eu imaginava viver tudo que vivi no Grêmio. Em todos clubes que joguei, se pegar todos os treinadores, nenhum vai falar de mim como profissional. E esse é o jeito de ser. Tem vezes que as coisas não vão bem. Mas respeito e comprometimento sempre tive por onde passei”
Chegada ao Grêmio e saída do São Paulo:
“Eu sabia que era minha última chance da carreira quando fui para o Grêmio. Se eu não conseguisse jogar, e eu já tinha 29 anos, era dali para baixo. Ia voltar para o São Paulo como? Eu estava emprestado. Várias coisas passam pela cabeça. Aquela coisa de treinar separado, por exemplo. Eu também havia sido duro com os caras na hora de sair. Deixei bem claro para eles que eu queria sair”
Postura sempre sincera:
“Sempre fui claro até na hora de dar entrevista nas derrotas. Nunca escondi. Teve o jogo do Rosario Central em 2016 que os caras atropelaram a gente na Libertadores de 2016. Foi 3×0. Vou falar que atropelaram, por que não? Olho no olho, sendo verdadeiro. E, no Grêmio, conquistamos muita coisa pelo ambiente bom do grupo. Nós jogadores íamos juntos até a morte”
Renato Portaluppi:
“Renato é top. Fera demais. Cada treinador tem seu jeito. O Renato, por ele ter jogado, o convívio dele com o jogador é o melhor possível. Ele se coloca no lugar do cara. E o dia a dia de trabalho ele faz como acha que deve ser. É a ideia dele e deu. Pegou nosso time lá no Grêmio cheio de garoto rápido na frente. Como não vai ser ofensivo? O ambiente era demais. Ele brincava com o Jael: “Se tu ver meu DVD, tu vai dar um tiro na tua cabeça”. Mas o Renato é sensacional”
Luan:
“Um jogador de futebol tem fases. Se manter em alto nível como Messi, Neymar e Cristiano Ronaldo é muito difícil. Falo bastante com o Luan. O negócio não está andando para ele. Mas ele é um animal treinando. Está com dor, joga, treina. Não pode chutar, mas ele vai e chuta. Ele é um cara que quer. Mas as coisas não estão funcionando. Só que se falassem que ele nunca mais jogaria como em 2017, ninguém acreditaria. É fase”
Ideia de deixar o Grêmio e futuro da carreira:
“Se ganhássemos a Copa do Brasil, eu iria sair. Já vinha falando com o presidente. Aí eu buscaria novos desafios no próximo ano saindo por cima do Grêmio. Ele me pedia calma. Eu vinha de um fim de 2019 para 2020 com esses problemas físicos. Vou seguir jogando, mas farei um contrato que tenha ali que se eu me machucar muito, chega. Não precisa pagar nada, mas chega. Vou querer fazer esse acerto. Machuquei uma, duas, três… já era, rescinde e está tudo certo”
Proposta do Atlético-MG:
“Tive em 2018 uma proposta do Atlético-MG. Não balancei, porque eu queria seguir a minha história no Grêmio. Estava cada vez mais me afirmando no Grêmio. E eu queria seguir aquilo de estádio cheio, de ter o nome gritado, de ganhar títulos. Queria me despedir com o estádio cheio, mas não deu. Aconteceu isso no aeroporto fora de campo”