Em uma era mais “raiz” do futebol, de poucos “scouts” e observadores espalhados pelo país, Muricy Ramalho pegou o seu auxiliar Tata e foi ver possíveis reforços para o Inter de 2003 de um jeito autêntico: sentado na arquibancada do estádio. O jogo era pelo Gauchão daquele ano entre XV de Campo Bom e Guarani-VA e de lá saiu um dos reforços que, anos depois, se tornaria um dos raros jogadores a ser bicampeão da Libertadores pelo colorado.
Como lateral-direito do Guarani-VA estava Bolívar, que agradou tanto Muricy quanto Tata – inicialmente, o treinador e o assistente colorado foram ver um outro jogador. Mas gostaram mesmo daquele que viraria o capitão e também o “General” colorado.
“Eu lembro que o Muricy e o auxiliar dele da época, o Tata, foram no Sady Schmidt, em Campo Bom, ver o jogo do XV de Novembro contra o Guarani de Venâncio Aires, que eu jogava na época. Só que eles foram ver outro jogador. Eu fiz um baita jogo de lateral e ainda fiz o gol daquele jogo. Isso deveria ser uma reta final do Gauchão e o nosso time na época era muito bom. Quando eu tô indo embora a caminho do ônibus, o Tata me para e fala comigo. Tu imagina a alegria minha”, contou Bolívar, à Rádio Inferno, antes de complementar:
“Primeiro ele me perguntou o porquê de me chamarem de Bolívar. Eu disse que o meu nome era Fabian e que Bolívar mesmo era o meu pai. Ali o Tata se ligou que ele já tinha jogado com o meu pai na Portuguesa. A gente estava conversando e ele me disse que o Muricy estava no carro, que não iria descer por causa das pessoas e dos torcedores em volta, mas que tinha gostado do meu jogo. O Tata disse que o pessoal do Inter entraria em contato comigo nos dias seguintes e não deu outra. Me ligaram na semana seguinte e assim começou minha história no Inter”, ampliou.
A bronca de Muricy em Bolívar em treino do Inter
Porém, Bolívar teve que roer o osso para convencer Muricy de que seria uma boa opção no Inter. E um dos primeiros treinamentos do jogador no clube, ainda como lateral, mostrou que as rédes seriam curtas com o sempre combativo treinador:
“Eu cheguei como lateral e certa vez fazíamos um treinamento de cruzamento e finalização. A bola passava pelos volantes e era lançada pros laterais cruzarem. E estava um sol daqueles no Guaíba que tirava a tua visão dependendo de onde a bola viesse. Quando eu recebo, não consigo dominar e a bola vai na tela, com aquele monte de torcedor vendo o treino atrás. Aí o Muricy grita: ‘Que m… Bolívar, alguém traz um óculos de sol para ele cruzar’. Só deu a galera rindo. Era um cara que era curto e grosso, mas que foi muito importante para todos nós ali”, relembrou o antigo zagueiro.
Bolívar e Taison ganharam a Sul-Americana e a Libertadores pelo Inter – Foto: Divulgação/InterApós tentar a carreira de treinador nos últimos anos, tendo passado por clubes como Brasil de Pelotas, Novo Hamburgo, Vila Nova e Santa Cruz, Bolívar anunciou na mesma entrevista que dará uma parada para cuidar de projetos pessoais e passar mais tempo com a família.
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