A torcedora Thallya Onzi Scariot realizou um boletim de ocorrência contra a Rádio Gre-Nal citando violência de gênero por parte do comunicador Roberto Pato Moure, que, no programa Dupla em Debate da última segunda-feira, sugeriu que as jogadoras do Inter “joguem de fio-dental”.
O programa repercutia o bicampeonato colorado no Gauchão feminino em vitória de 2×1 sobre o Grêmio, quando o também debatedor da atração, Ben Hur Marchiori, fez críticas à forma como as atletas levantam suas bermudas durante a partida:
“Uma sugestão para as meninas, principalmente as do Internacional, que querem usar o calçãozinho tipo o Diogo Barbosa: peçam para usar calções mais curtos, pois fica horrível assim a forma como arregaçam os calções, fica horrível. As pernas são mais bonitas que as dos homens, não tenho dúvidas. Mas a estética não fica boa. Venham de calções mais curtos”, colocou.
Em seguida, Roberto Pato Moure diz: “Joguem de fio-dental”. E Ítalo Gall complementa: “Asa delta”.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO!
NOJO, apenas isso!
Mais um episódio de violência. Mais um episódio machista.
Quero esclarecimentos da Rádio GreNal. pic.twitter.com/DTJgCXAR65
— Thallya Onzi Scariot 🇦🇹 (@thallyascariot) December 22, 2020
Thallya justifica B.O
Entrevista pelo portal UOL Esporte, Thallya justificou a sua atitude em registrar boletim de ocorrência contra a manifestação de cunho machista:
“Não podemos olhar isso e ver como se fosse normal. O machismo, essas questões, se olha e não se dá bola, passa reto e está tudo certo. Quando nos manifestamos, não é uma pauta, apenas, é um problema estrutural que trazemos para debate. No futebol há muita violência doméstica, contra mulher, de gênero, se acaba pegando uma realidade de meninas e mulheres que podem viver isso em casa, na família, mas não sabem que tipo de ajuda procurar. Precisamos levar a elas onde podem denunciar, que isso também acontece no futebol. A violência de gênero, moral, psicológica, é a porta de entrada para outras violências. E também é muito pesada. Eu não poderia ficar calada, não poderia agir como se aceitássemos isso”.
O que diz a Rádio Gre-Nal
No programa da terça-feira, dia 22, Pato Moure se retratou dizendo as seguintes palavras:
“Eu gostaria de me retratar, sobre uma frase dita por mim, ontem, sobre as meninas do futebol feminino. Claro que não houve intenção nenhuma, minha, de ferir ou agredir nenhuma mulher. Até porque talvez eu seja um dos maiores, ou um dos grandes defensores do futebol feminino e das mulheres. Não me canso de proteger e de acudir as mulheres quando são ofendidas. Jamais existiu da minha parte a intenção de agredir qualquer menina do futebol feminino ou mulher deste país, e deste Estado. Se elas se sentiram ofendidas, eu peço desculpas”.
O apresentador Flávio Dal Pizzol também leu uma manifestação oficial da emissora sobre o caso:
“A Rádio Gre-Nal completará nove anos de existência em maio de 2021. Desde sua estreia, é dirigida por uma mulher, que foi uma das primeiras comunicadoras a cobrir futebol no Brasil: a nossa diretora Marjana Vargas. A Rádio Gre-Nal foi a primeira emissora de rádio no Rio Grande do Sul a contar com uma mulher atuando nas jornadas esportivas como repórter de campo. A Rádio Gre-Nal detém, ainda, o título de primeira rádio FM a transmitir uma partida de futebol com uma equipe exclusivamente formada por mulheres, o que aconteceu na final do Gauchão Feminino do ano passado. A Rádio Gre-Nal é apaixonada pelo futebol e apaixonada, também, pelo respeito e pela igualdade de direitos e oportunidades que devem unir a humanidade”.
Em função da ocorrência registrada, um processo será aberto e a rádio e o comunicador serão chamados para dar depoimento sobre o episódio.