Do “protesto pacífico” à hostilidade na saída da Arena: torcedor pintado de palhaço explica confusão no intervalo de Grêmio x Cuiabá

Reportagem do Zona Mista ouviu a versão do gremista que foi flagrado deixando as dependências da Arena após manifestação no setor Gramado Sul

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Por Pedro Trindade

Um episódio fora de campo roubou a cena no empate do Grêmio diante do Cuiabá, válido pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. No intervalo da partida, as câmeras flagraram um torcedor, no setor Gramado Sul, que protestava com o rosto pintado de palhaço sendo acompanhado pela equipe de orientadores da Arena e deixando o estádio.

O jovem que viralizou nas redes sociais nas últimas horas é Vinicius Alves, 20 anos. Sócio do clube e gremista fanático, ele esteve presente também no jogo contra o Sport – que marcou o retorno do público após 570 dias – e já foi ao estádio com o rosto pintado em outras oportunidades, como no primeiro confronto da final da Libertadores de 2017, quando utilizou as cores azul, preto e branco.

Em um bate-papo exclusivo com a reportagem do Zona Mista, Vinicius alega que a manifestação foi um “protesto pacífico” contra a direção, relata que decidiu deixar o estádio por conta própria após ter sido hostilizado e não conseguir mudar de setor e acredita que o Grêmio vai escapar do rebaixamento no Brasileirão. Confira:

Zona Mista: De onde surgiu a ideia do protesto pintado de palhaço?

Vinicius Alves: A direção tá omissa, se escondendo, o time não tá jogando bem e parece que eles acham que o torcedor é um palhaço. Essa foi uma maneira que eu achei de protestar pacificamente. Me pintando de palhaço. Em 2017 [antes da final contra o Lanús], eu me pintei todo de tricolor, porque era um momento de alegria. Hoje, como era um protesto, eu me pintei todo de palhaço, que parece que é assim que eles nos enxergam.

ZM: E como foi o momento da confusão que culminou com a sua saída do estádio?

VA: No intervalo, meu pai foi ao banheiro e eu fiquei sozinho. Aí veio um pessoal (da torcida) me cobrar e dizer: “Vai no banheiro lavar esse rosto”, dando indícios de que teria mais gente no banheiro me esperando. Daí começaram a me ameaçar, a me xingar e eu, como sou um cara tranquilo, não dei bola. Por não ligar, começaram a vir atrás de mim. Aí chegaram os guardinhas [orientadores] e chamaram a Brigada para me escoltar. Aí eles falaram para eu ir ao banheiro, tirar a maquiagem de palhaço e voltar. E eu perguntei: “Não tem como me trocar de setor?” e falaram que não. Aí eu ia voltar pro mesmo lugar, o pessoal ia ver que eu só tirei a maquiagem e ia implicar de novo. Então, quando eu encontrei meu pai de novo falei que era melhor irmos embora, meio que “forçado”, pela nossa segurança.

ZM: E, depois dessa situação desconfortável, você vai estar na Arena no próximo jogo ou vai dar um tempo?

VA: Eu sou um cara que sempre frequentou os jogos. Com essa confusão aí, dependendo, é capaz de eu nem ir no próximo jogo. Vamos ver. Se a poeira já tiver baixado ou se o Grêmio estiver mais tranquilo… O pessoal se exalta só porque o Grêmio tá mal e quer refletir em outras coisas. Infelizmente, faz parte. A gente não pode concordar, mas não tem como negar que existe.

ZM: Para fechar: ainda dá para o Grêmio escapar do rebaixamento? Qual o teu sentimento em relação a isso?

VA: Eu acho que o Grêmio não cai, porque tá sempre junto no bolo, não tá se distanciando muito. Se ganhasse hoje, estaria fora da zona de rebaixamento. O Grêmio precisa urgentemente estar fora da zona para começar a jogar melhor. Se conseguir ganhar do Santos lá na Vila, já respira. E respirando melhor vai engatar uma vitorinha ali, um empatezinho aqui, um resultado bom lá e se mantém.

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