O meio-campista Gustavo Campanharo admite que o seu 2024 foi longe do esperado e que a ida ao rebaixado Atlético-GO apenas “serviu de aprendizado” para a sequência da carreira. Após quase 10 anos no exterior, ele voltou ao Brasil para jogar no Inter ainda no primeiro semestre de 2023, tendo sequência como titular com Mano Menezes e depois perdendo espaço – perda que ele atribui à troca no comando técnico e à diferença do calendário brasileiro pelo acúmulo de jogos. Livre no mercado a partir do final deste ano, o jogador tratou desses e de outros temas em entrevista exclusiva ao Zona Mista:
Zona Mista: Como você avalia o seu 2024 atuando no Atlético-GO, foi o que você esperava? E quais os próximos passos pensados para a carreira?
Campanharo: Não foi o ano que eu esperava, longe disso. Tive uma lesão ao final da minha preparação pelo Atlético, e passei por uma artroscopia, o que acabou me prejudicando bastante. Além disso, tiveram outras situações no clube que nunca havia passado na minha carreira e em nenhum clube, mas servem de aprendizado. Eu estava pronto e querendo ajudar, porém por decisão interna não quiseram contar comigo. Agora, ao final do ano, fico livre. Então, estamos em busca de algo que faça sentido pra mim e para minha carreira, para que eu possa ter sequência novamente, o que será importante pra mim.
ZM: No começo da sua passagem pelo Inter, tem um jogo emblemático em que você vai muito bem contra o Flamengo numa vitória de 2×1 no Beira-Rio. Porém, depois, acabou não dando sequência e logo virou reserva. O que faltou para jogar mais vezes?
C: Acredito que no futebol existem muitos fatores para que o atleta vá bem no clube, tenha sequência e consequentemente se sinta confiante e desenvolva seu melhor futebol. Eu acredito que comecei bem, fiz bons jogos, e me sentia bem. Com o passar do tempo, pode ser que pela diferença de calendário, por vir de um calendário muito mais tranquilo, mudança de técnico, fez com que eu perdesse espaço. Aí eu tive menos minutos e quase todas as vezes que atuei com o Coudet atuei fora da minha posição, não me sentia muito confortável e não rendia o que poderia.
ZM: De um modo geral, como você avalia a sua passagem pelo Inter? Por ter trabalhado com a atual direção e com a maioria dos atuais jogadores, você vê o clube perto de voltar a ganhar títulos?
C: Independente do rendimento e outros fatores, para mim foi um sonho realizado. Pude aprender muito, jogar com atletas do mais alto nível, estar no clube do meu coração, que sempre sonhei quando criança. Esse grupo merece, e acredito que cada vez mais está preparado para ganhar títulos, visto a reta final do Brasileirão que fizeram.
ZM: De alguma forma, te prejudicou o fato de ter que se readaptar ao futebol brasileiro depois de quase 10 anos jogando no exterior?
C: Eu acredito que, de certa forma, sim. Parece besteira, mas a readaptação ao futebol brasileiro vindo de fora é difícil. O calendário é mais apertado, o tempo de recuperação e descanso de um jogo para o outro é mais curto. As viagens são mais longas. Então tudo isso acaba sendo diferente e pesando um pouco.
ZM: Para finalizar, no texto de despedida ao Inter que você escreveu nas redes sociais em março desse ano, você coloca que “nem toda história que se inicia termina como imaginamos”. Eu te pergunto: ficou alguma mágoa do clube? Qual o sentimento hoje do Campanharo em relação ao Inter?
C: Mágoa nenhuma, zero. Em todos os clubes que passo tento deixar o melhor de mim, me cobro muito e consequentemente tento ter boas atuações. Mas na vida do atleta, assim como em outras profissões, temos momentos bons e outros nem tanto. Então, saí do Inter com o sentimento de gratidão, desejando o melhor para o clube e com a consciência tranquila de que sempre tentei deixar a minha melhor versão.