Airton Graciliano dos Santos, ou apenas Caíco, está eternizado na história do Inter. Pois foi com ele no time que o clube, pela primeira e até hoje única vez, conseguiu vencer a Copa do Brasil e ergueu o sempre lembrado título de 1992. Hoje, o ex-jogador mora nos Estados Unidos, onde auxilia jovens atletas a se desenvolverem no futebol. Mas nem a distância o faz deixar de acompanhar o clube do coração e torcer, principalmente, para que o técnico Roger Machado consiga ter tempo de trabalho.
Zona Mista: Para abrir o nosso bate-papo, quero perguntar sobre a sua trajetória no Inter. Qual o tamanho da importância do Inter em sua vida e quais as principais lembranças?
Caíco: A importância do clube na minha vida é como diz o Argel, tu nasceu e tua mãe te deixou no Beira Rio. E foi bem isso, entrei com 11 anos, só que já era torcedor do Inter desde que me conhecia por gente. Não tive meu pai presente, pois faleceu cedo. E, então, o clube foi um grande influenciador no meu caráter pois conheci grandes homens como Dorinho, Abílio Diniz, André Baratz, entre outros. Depois veio o sonho de jogar no profissional e ter a possibilidade de ajudar minha família financeiramente. Tenho muitas lembranças boas, momentos de glória como a Copa do Brasil, onde fui reconhecido muito cedo com apenas 17 anos, o que me levou a vestir a amarelinha do Brasil. Não há como esquecer tudo isso e todas as pessoas que me ajudaram a me firmar no futebol.
ZM: Esta conquista da Copa do Brasil de 1992 foi uma das mais importantes da sua carreira? O que você pode citar como um diferencial daquele grupo do Inter?
C: Na verdade, na minha carreira todas as conquistas foram importantes desde a base até os profissionais, até mesmo nos outros clubes que passei. Claro que o de 1992 teve um grande significado porque o clube estava carente e foi o que deu um trampolim para minha carreira e com time que amo. O elenco de 92 mesclava jogadores experientes com jogadores da base que tinham amor pela camisa e muita vontade de vencer e se estabelecer no futebol. Lembro que era um time com muita garra e qualidade.
ZM: Até hoje, o Inter não conseguiu vencer novamente a Copa do Brasil, ficando apenas com o título de 1992. Por que você acha que o clube não consegue melhores resultados nesta competição?
C: Não sei te dizer o motivo disso. Mas hoje os clubes se planejam mais para a Libertadores e talvez deixem as competições nacionais por segundo plano.
ZM: Recentemente, você trabalhou como auxiliar do clube e acabou saindo no começo de 2021. Quais foram os principais aprendizados nesse período como auxiliar? Gostaria de ter seguido mais
C: Sim. Antes de atuar no profissional como auxiliar, transitei em alguns setores do clube, como analista de desempenho no Capa, captador da base, auxiliar da sub-20 e sub-23, atuando como treinador em algumas competições. Mas foi um grande aprendizado trabalhar com profissionais competentes como Odair, Abel Braga, Zé Ricardo, Fábio Matias, Ricardo Colbachini e outros. Claro que gostaria de dar sequência, pois futebol é minha vida e dentro do clube que conheço muito bem. Quem sabe um dia não volto (risos).
ZM: Há alguns dias, o Tinga, em uma postagem no Instagram, disse que, ao ver o Gabriel Carvalho jogar, lembra do estilo de jogo do Caíco. Acha que o garoto tem o estilo que você tinha? Aproveito para perguntar se você tem visto o Inter jogar e o que tem achado do time?
C: Eu vi a postagem do Tinga, eu também acho que tem semelhanças sim. É parecido fisicamente, tem personalidade de enfrentar os adversários e é habilidoso. Hoje, o Gabriel Carvalho pode ser protagonista do time. Sempre que posso eu olho os jogos, acredito no trabalho do Roger e sei que comportamento não se muda da noite pro dia, mas espero que o clube dê a ele o tempo que precisa e teremos um time vencedor novamente.
ZM: Para finalizar, quais são os seus atuais projetos do futebol? Pensa em retornar à função de auxiliar no futuro ou até mesmo se tornar treinador?