
O semblante do técnico Roger Machado ao deixar o campo na vitória de 1×0 do Grêmio sobre o Operário, em Ponta Grossa, não era de quem havia acabado de vencer uma partida. Irritado, ele saiu com cara de poucos amigos e foi rápido para o vestiário. Depois, em coletiva de imprensa, revelou que torcedores rivais xingaram nominalmente a sua esposa e suas filhas, que não estavam no estádio.
“Eu tenho 30 anos de futebol. Adaptado ao ambiente hostil que a gente encontra jogando como visitante. Mas é a primeira vez que eu vejo a minha família ser xingada. Minha esposa ser xingada. Episódio lamentável que me fez reagir com xingamentos no fim do jogo para a torcida. Não me orgulho, porém é preciso explicar. Em 30 anos, acostumado no meio, mas não vou me acostumar com isso. Hoje me senti ofendido em Ponta Grossa”, declarou Roger, antes de ampliar:
“Não, minha família não estava. Mas em coro gritaram o nome da minha esposa e das minhas filhas com adjetivo pejorativo”.
Força, Roger!
Lamentável esse tipo de situação. pic.twitter.com/vQd6O0gwii
— Soccer News Grêmio (@SoccerGremio) April 28, 2022
Operário responde
O presidente do grupo gestor do Operário-PR, Álvaro Goes, reagiu às declarações de Roger em entrevistas dadas ao longo desta quinta-feira para ESPN e site GZH. Em suas falas, o dirigente do time paranaense até pede desculpas para Roger, mas deixa dúvida sobre a veracidade da reclamação do treinador:
“Acho muito difícil que isso tenha acontecido. Tenho certeza de que os torcedores jamais iriam falar isso. Eles nem sabem se o Roger tem esposa e filha. Como que o cara vai saber se ele tem filho ou filha? Acho que o Roger deveria ter procurado a diretoria para que nós realmente identificássemos quem era o torcedor. Ali é uma aglomeração de pessoas elitizadas da arquibancada, com um nível de cultura mais elevado. Mas não ponho minha mão no fogo. Se o Roger quiser que a gente faça um levantamento, faremos. Mas ele não nos procurou”, disse Goes, antes de acrescentar:
“Em momento algum eu vi a torcida falar algo nesse sentido. Ali atrás onde ele (treinador) fica é realmente bem perto do torcedor. Temos esses problemas com o nosso treinador também quando o time não vai bem, é normal. O torcedor é passional e xinga, mas ofensas desse calão, teria de fazer uma pesquisa na família dele para saber quem é a mulher e os filhos. Não sei se todo mundo tem capacidade para isso. Com a lei que nós temos, tenho certeza de que nenhum torcedor seria idiota ao ponto de falar da pessoa e da família. O Operário não compactua com esse time de coisa. Gostaria que o Roger tivesse nos comunicado. Nós temos câmeras e poderíamos resolver o problema. Quero pedir desculpas ao Roger, pois gostamos de tratar bem todos que vêm para Ponta Grossa”.