William Capita guarda Grêmio no coração e destaca característica da torcida que nunca tinha visto antes

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Tomar um gol e ver a torcida do próprio time cantar ainda mais alto é algo que o ex-zagueiro William Capita, hoje consultor financeiro para atletas, nunca tinha visto até jogar no Grêmio entre 2006 e 2007. Vice da Libertadores e capitão do clube nesses anos, o defensor conversou com Zona Mista e relembrou o carinho pelo clube gaúcho, a força da torcida tricolor e até o desacerto com D’Alessandro em 2009.

Zona Mista: Você teve uma passagem bastante reconhecida no Grêmio, que abriu portas para ir ao Corinthians. Por que deu certo em Porto Alegre?

William: O Grêmio tem um lugar especial no meu coração e na minha história. Foi o primeiro clube grande que me deu uma oportunidade, que acreditou que eu, com quase 30 anos, poderia estar no elenco. No fim foi um casamento perfeito, até pela minha adaptação à cidade e ao povo gaúcho. Acho que mineiros e gaúchos tem muita coisa em comum, com muitos valores parecidos, estilo de vida, Porto Alegre e Belo Horizonte se equivalem. Eu guardo momentos muito felizes da minha passagem pelo Grêmio.

ZM: A torcida gremista até hoje lembra com carinho do grupo que você fez parte. Qual era o diferencial daquele elenco?

W: Eu tive um prazer enorme de participar daquele momento do clube, daquele grupo de atletas. Com aquela comissão técnica liderada pelo Mano Menezes. Então, a gente poder ficar em terceiro no Brasileirão de 2006, entrar na Libertadores de 2007 e ser vice, ainda que tenha ficado um gostinho um pouco amargo… eu sempre lembro das expectativas que se tinha naquele grupo, e nem o mais fanático gaúcho diria que a gente passaria para a final, porque tínhamos um grupo de menor qualidade técnica se comparado a outros times brasileiros, mas com uma sede de vitória inigualável.

ZM: A torcida gremista fez muita diferença naquela época?

W: A torcida do Grêmio, cara… foi a primeira vez que eu vi na carreira o meu time tomar um gol e a minha torcida cantar ainda mais alto. Uma surpresa incrível quando joguei no Grêmio, equipe grande de fato. Tenho só que agradecer todo carinho e apoio que foi dado àquele grupo tanto de 2006 como de 2007.

ZM: Como se deu o processo de sua saída para o Corinthians em 2008?

W: Minha saída do Grêmio foi até um pouco controversa, mas o fato é que o Grêmio precisava pagar uma dívida com o Corinthians e eu virei a forma que o Grêmio achou para abater essa dívida, em virtude do Corinthians já estar interessado na minha contratação. Minha primeira decisão tinha sido de não sair do Grêmio, mas ficou uma situação insustentável já que o Grêmio precisava acabar com a dívida. Mesmo assim, o carinho é enorme. Sinto a nostalgia quando vou a Porto Alegre. Foi pouco tempo de Grêmio, mas bem intenso.

ZM: Uma outra situação que o liga ao futebol gaúcho foi o desentendimento com o D’Alessandro, em 2009, na final da Copa do Brasil, com você já no Corinthians. O que de fato aconteceu? Vocês se falaram posteriormente?

W: Eu lembro que antes daquela final, e especialmente daquele jogo no Beira-Rio, já havia uma conversa dentro do nosso grupo sobre como alguns jogadores do Inter se comportavam. O Mano Menezes, que era o nosso técnico, também havia nos alertado e falou na palestra sobre a postura do D’Alessandro, que era um jogador temperamental, que tinha essa característica. A gente estava com a vantagem quando aconteceu aquela situação. Todo mundo viu o ocorrido e o D’Alessandro acabou sendo expulso. Ele nunca mais me procurou depois daquilo. Após um tempo, eu fiquei sabendo que ele disse em uma entrevista que ficou arrependido. Não procurou, mas um ano depois jogamos novamente e na hora de cumprimentar os adversários, ele me cumprimentou sem maiores problemas.