Titular em outra estreia na Bolívia, Alan Costa se diz colorado, elogia Ramírez e lembra 2015: “Nosso time era muito bom”

Atual zagueiro do Avaí foi atleta do Inter entre 2012 e 2016 tendo disputado uma Libertadores pelo clube

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A situação pela qual o Inter passará na altitude da Bolívia nesta terça-feira, diante do Always Ready, na Bolívia, não é novidade para o zagueiro Alan Costa. Atualmente no Avaí, aos 30 anos, ele foi titular na estreia da Libertadores de 2015 na mesma altitude e com derrota de 3×1 para o The Strongest. E por falar daquele ano, o jogador, ao Zona Mista, relembrou com carinho da qualidade do time colorado e lembrou o quanto a parada da Copa América prejudicou a caminhada rumo ao título. O surgimento no elenco em 2013, as chances com Abel Braga, a queda em 2016 e a opinião sobre o trabalho de Miguel Ángel Ramírez também encorpam a entrevista de logo abaixo:

Zona Mista: Para iniciarmos o nosso bate-papo, gostaria de lembrar do seu início no Inter. Primeiro, em 2013, o Dunga lançou você em alguns jogos e depois, em 2014, o Abel Braga também acreditou em ti na reta final do Brasileirão. O que você lembra daqueles anos e a importância desses treinadores?

Alan Costa: Meu início no Inter foi muito bom. Mas tive que esperar bastante pela minha oportunidade, o elenco era muito forte e a base desse elenco vinha de um título de Libertadores em 2010. Mas todos treinadores foram importantes na minha projeção. Em 2012, treinei praticamente o ano todo com elenco, mas não tive uma oportunidade nem de ficar no banco. Naquela ocasião, o Dorival Júnior pediu para eu descer e jogar com Sub-23 para eles me acompanharem jogando. Renovei meu contrato, e já em 2013 sabia que iria ter mais oportunidade. E logo no Gauchão o Dunga me colocou e acabei fazendo 5 jogos seguidos. A partir desses jogos fui me firmando cada vez mais. Já em 2014, foi um ano muito bom para nós. Chegou o Abel que já conhecia o Inter, conhecia alguns jogadores, e era um paizão para todos. Lembro que no meio de 2014 ele me pediu para eu descer e jogar uns jogos no Sub-23 pra pegar ritmo, que logo ele ia me dar uma oportunidade.

ZM: Depois dessa nova “descida”, você acaba aquela temporada de 2014 como um dos zagueiros titulares do elenco.

AC: Sim. Na reta final do Brasileiro, faltando 12 jogos, lembro que o Abel fez umas trocas no time e me deu uma oportunidade. Joguei todos os jogos finais, terminamos em terceiro e classificamos direto para a Libertadores. Tanto o Dunga, quanto o Abel, foram extremamente importantes pra mim, cada um no seu tempo, e sou grato a eles por isso.

ZM: Em 2015, dentro daquele rodízio promovido pelo Diego Aguirre, você atuou em muitas partidas da Libertadores, tendo sido titular naquela semifinal no Beira-Rio contra o Tigres. Aquele time do Inter era ótimo, concorda? D’Alessandro, Aránguiz, Alex, Nilmar… por que você acha que o título não veio?

AC: O 2015 foi um ano muito importante, era um ano importante para o clube também, ano de Libertadores, uma competição que o clube estava acostumado a jogar, e também uma experiência para mim, pois era minha primeira. E durante a pré-temporada víamos uma competição muito grande entre os atletas para buscar seu espaço, e fomos conhecendo a comissão técnica. E começamos a entender que o Aguirre gostava de rodízio, que não tinha time titular. Mas chegaria uma hora que ele teria que escolher um time para começar a Libertadores, e fiquei muito feliz quando ele optou por mim, dentro de uma equipe tão qualificada, que tinha Réver e Juan. Fui aproveitando minhas oportunidades. O nosso time era muito bom, muito entrosado, estávamos na mesma sintonia. É muito difícil dizer porque o título não veio, mas posso te dizer que teve uma parada da Copa América de 40 dias, e isso atrapalhou a nossa sequência. Foi uma pena termos saído fora na semi, mas faz parte do futebol. Foi uma experiência incrível.

ZM: No ano seguinte, o rebaixamento era algo imaginado internamente no grupo? Havia muitos problemas em relação à direção? Como você resumiria o 2016 do Inter?

AC: Se você olhar para o nosso time, vai ver que não era um time para ser rebaixado, tínhamos um time pra brigar lá em cima. Internamente não era imaginado isso no grupo, até porque nós nem pensávamos sobre isso, mas havia muitos problemas internamente, não do grupo e sim da direção daquele ano. Se fosse resumir o ano do Inter em 2016, eu diria que foi um ano necessário pra uma reorganização interna. Podemos ver como exemplo também o rebaixamento do Cruzeiro em 2019.

ZM: Voltando a falar do Diego Aguirre e de treinadores estrangeiros, o Inter está novamente apostando em um técnico de fora, o Miguel Ángel Ramírez, espanhol. Você, como jogador brasileiro, acha que, dessa vez, pode dar certo?

AC: As portas do Brasil estão cada vez mais abertas para treinadores estrangeiros. Acredito que temos muito a aprender com eles, mas também acredito que os clubes quando contratam treinadores estrangeiros precisam dar um tempo para eles trabalharem. O maior problema dos clubes é que mudam de convicção muito rápido por conta da imprensa e da torcida. Se acreditam na filosofia e no trabalho deles, tem que ter paciência e dar condições de trabalho. Acredito que o Miguel Ángel vai dar certo. Ele tem um ótimo time na mão, praticamente um time entrosado. É só aplicar a metodologia dele.

ZM: Já que você citou a imprensa… você acredita que a imprensa esportiva, especialmente a do Rio Grande do Sul, pega pesado demais nas críticas com jogadores e treinadores?

AC: Acredito que as vezes passa do ponto. Vocês estão aí para comentar, criticar ou elogiar, isso faz parte na nossa profissão. Mas o que os veículos de imprensa não entendem é que são os maiores formadores de opiniões hoje. Muitas coisas que falam passa do ponto da crítica, do comentário ou do elogio. E isso pode atrapalhar todo um trabalho. Seja de um treinador ou de um atleta. Mas só quero que entendam que a imprensa é muito importante para o cenário esportivo quando trabalham de modo profissional.

ZM: Para encerrar, Alan, de um modo geral, como você avalia toda a sua passagem pelo Inter e qual o seu sentimento atual pelo clube?

AC: Foi uma experiência maravilhosa. Um sonho realizado de jogar em um grande clube. Através do Inter fui lançado para o cenário do futebol. Sou muito grato por tudo que vivenciei dentro do clube. O meu sentimento pelo clube é de gratidão e carinho. Por onde passo digo que sou colorado e vou levar isso pro resto da minha vida.