Primeiro técnico de Pato, Abel diz que atacante precisa de carinho e garante: “Não desaprendeu a jogar”

Técnico Abel Braga conversou com a reportagem do site Zona Mista sobre Alexandre Pato

Perto de acertar o retorno ao Inter depois de 13 anos, Alexandre Pato conta com total apoio do técnico Abel Braga para voltar a brilhar com a camisa colorada. Nesta sexta-feira, a reportagem do Zona Mista conversou com o experiente treinador, responsável por lançar o atacante meses antes do Mundial de 2006. E Abel garante: um jogador do nível de Pato não desaprende a jogar.

Zona Mista: Abel, primeiro é uma honra falar com você. Depois, você entende que, mesmo 13 anos depois, o Pato é uma boa para o Inter?

Abel Braga: Eu não tenho a menor dúvida disso. É um jogador que começou comigo. Depois foi pra Itália. Claro, amadureceu e melhorou em alguns aspectos. Mas um hábito que existe nos clubes italianos fez muito mal a ele, que é o excesso de musculação. Eu encontrei o Pato alguns dias antes do casamento dele, o primeiro, e fiquei impressionado. Falei pra ele: “Você virou um robô”. E para um cara leve como ele era, rápido, o biotipo. Eu falei pra ele que não podia. Mas ele me disse: “É que não tem como, professor. Todo mundo faz lá”. Eu disse que ele estava mudando toda a estrutura óssea e muscular. Ele começou muito bem, e depois vieram muitas lesões. Depois quando ele voltou ao Brasil, sofreu com adaptação, mas vou dizer uma coisa pra você. Ele é diferente. Um garoto espetacular. Gosto muito dele, da família dele.

ZM: Ele segue sendo diferente, Abel?

ABEL: O Pato não desaprendeu a jogar futebol não, cara. O Pato precisa também de carinho, tem jogador assim. Na maneira de jogar, deixa ele aflorar a capacidade individual que ele tem. Não pode dar muitas funções. Deixa ele livre, é atacante. Preocupa qualquer defesa, qualquer time. Eu tenho muito carinho por ele. E tenho muita confiança nele. Eu acho um jogador de nível diferenciado, especial.

ZM: Mesmo hoje estando longe, como você imagina que ficou a relação entre Pato e Inter depois de tantos anos?

ABEL: Ele é grato, com certeza, por ser de índole, do bem. Ele é grato ao Inter. Nesse momento é difícil essa coisa toda de rescindir com o São Paulo, mas ele vai querer retribuir tudo aquilo que o Inter fez por ele. O Inter é o responsável por toda essa carreira brilhante que ele teve.

ZM: Você vinha acompanhando o desempenho dele pelo São Paulo?

ABEL: Nós aqui no Brasil temos uma mania muito cruel de análise, sabe? De performance. Aí tu fala assim: “Caramba, o Pablo. É bom jogador? Muito. O Tchê-Tchê é bom? Demais. O Liziero? Também”. Mas você viu como o São Paulo jogou ontem? E aí o Pato tem que resolver. Espera aí, cara. É um time como um todo. O Diniz trabalha todo time para ter resultados bons. Se o time está bem, todos vão estar bem. Três ou quatro em um destaque bom, com a equipe bem, cinco ou seis mantendo a média de regularidade, e um ou dois ficam abaixo, e isso vai virando de jogo pra jogo. Mas a equipe precisa estar bem. Só que a maneira que se analisa aqui as individualidades é um negócio absurdo. Como se o cara nunca chutou uma bola, nunca foi nada, ninguém.

ZM: O quanto a torcida colorada pode ser importante para o Pato?

ABEL: Eu acredito muito no Pato. Confio muito. E espero que possa ajudar o Inter, os colegas. Possa ajudar também o Eduardo Coudet. E possa ajudar ele mesmo. Porque ele vai ter apoio da torcida. Não tenha dúvida nenhuma que ele vai ter total apoio da torcida. E isso já vai ser um ponto fundamental pra ele.

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