Para Batista, dupla Gre-Nal vive fase parecida: “Não dá pra dizer quem está melhor”

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Como jogador, triunfou pelo Inter na década de 70 e também teve importante pasagem pelo Grêmio no início dos anos 80. Como comentarista, passou cerca de 16 anos analisando todos os passos da dupla Gre-Nal. Em semana decisiva para os gigantes do Rio Grande do Sul, a reportagem do Zona Mista traz a opinião de João Batista da Silva, o Batista, ex-jogador e comentarista da RBSTV e SporTV.

Zona Mista: Como você vê o momento da dupla Gre-Nal na temporada? Qual têm mais chances de um grande título?

Batista: No momento, os dois times se equivalem. O Inter e o Grêmio ainda estão na Libertadores. Times que oscilam. O Grêmio antes tinha confiança, o time jogava igual tanto dentro como fora de casa, mas jogadores fundamentais saíram como o Arthur e agora o time está buscando uma nova identidade. O Inter é muito competitivo dentro de casa com seu torcedor, mas fora oscila muito. Precisa de uma consistência maior, jogadores que tenham essa visão de atacar, não ficar com medo do time adversário quando joga fora. Para uma comparação, ambos estão no mesmo patamar. Não dá pra dizer quem está melhor. O Inter já esteve mais acima, o Grêmio está em busca do seu futebol anterior e oscilou bastante. Mas ainda tem muito campeonato pela frente. Vai ser determinante essa passagem de fase na Libertadores, isso dá muita confiança. Confiança nas próprias forças.

ZM: Como você imagina a possibilidade de dois clássicos pela final da Copa do Brasil e pela semi da Libertadores?

B: É preocupante para aquele que perder. Esse confronto direto fica muito valorizado para quem ganha e quem perde fica muito criticado. Principalmente no Gre-Nal. Mas para o torcedor é a glória. Acho que seria maravilhoso pelo espaço de tempo de um jogo pro outro. Porto Alegre iria incendiar. É preocupante pela violência, mas para o esporte seria excelente. Até pela repercussão para o futebol brasileiro. Chamaria a atenção do Brasil inteiro e até mesmo dos países vizinhos, assim como nós ficamos quando teve River x Boca em final. Seria uma cobertura como nunca aconteceu. Sempre tivemos Gre-Nais, mas regionais. Imagina na Libertadores, seria impensável o que aconteceria. Na Copa do Brasil também seria um grande feito.

ZM: Você tem mais identificação com qual das duas camisas?

B: É difícil dizer, pois, como tive passagem pelos dois, você cria vínculo com o torcedor de ambas as equipes. Fui muito bem recebido no Grêmio. Me apoiaram e incentivaram muito, em um momento muito difícil da minha carreira, quando estava voltando a jogar depois de uma fratura na perna. Fomos vice-campeões brasileiros naquele ano e entendo como uma passagem também vitoriosa, uma vez que foi aquele vice-campeonato que possibilitou ao Grêmio jogar a Libertadores e conquistar o título no ano seguinte. Pelo tempo que passei no Internacional, foram 7 anos, desde a base, juvenil e profissional, e pelos títulos, foram três Campeonatos Brasileiros, sendo um invicto, isso me torna uma referência maior no Inter. Mas tenho muita gratidão pelos dois clubes. A oportunidade que tive de jogar nos dois maiores clubes do Rio Grande do Sul me orgulha muito, não há uma preferência da minha parte, apenas muita gratidão.

ZM: Acredita que D’Alessandro já superou todos os grandes ídolos colorados da década de 70 em termos de idolatria e importância?

B: Não, acho que, cada um a seu tempo, todos jogadores tem seu espaço, na sua época. É difícil comparar, medir. Os ídolos daquela época são tão festejados como os de hoje. Não tem um mais e outro menos, são ídolos do momento. Talvez tenha mais visibilidade hoje pela divulgação por meio das redes sociais. Mas quando o torcedor te escolhe como referência… esse carinho não tem como medir.

ZM: Quais os seus planos para o futuro?

B: Dentro do futebol, vivenciei vestiário, tive os melhores treinadores. Atuei como comentarista e acho que não decepcionei, porque fiquei 16 anos na profissão. Acredito ter sido bem sucedido. Em outra área do futebol, poderia fazer parte de uma comissão técnica, levar palavras, conselhos, coisas que eu vivenciei. Acho que poderia contribuir. Mas é questão de quem está precisando, interessado. Por enquanto, minha especialidade é ser jogador, que já passou a época, e comentarista. Mas tudo que se tratar de futebol eu estaria apto a contribuir. Pela experiência de duas Copas do Mundo. Joguei na Europa, o que te dá uma bagagem grande. Tenho uma experiência muito boa para, junto com alguma comissão técnica, ser produtivo, contribuir. Mas tudo o que aparecer, sendo dentro do futebol, será analisado com muito apreço.