Encarada como um recado aos jogadores mais experientes do Inter, a forte entrevista do então técnico Fernandão após o empate em 2×2 com o Sport, no Beira-Rio, pelo Brasileirão de 2012, gerou um tremendo clima ruim no elenco. E, claro, cobranças de ambos os lados.
Em sua declaração, Fernandão reclamava de uma suposta “zona de conforto” que havia se instalado no Beira-Rio.
“Entramos em uma zona de conforto. Ela tem que acabar. Já tínhamos diagnosticado isso há um tempo. Hoje foi uma resposta bem clara. A culpa é toda minha. É difícil chegar à beira de campo do Beira-Rio e rezar para saber qual time estará em campo. Ou sai da zona da conforto ou começo a trocar as peças. Tive vergonha, a torcida tinha razão naquele momento. Era de se vaiar, xingar. Queria estar em qualquer lugar da terra, menos onde estava. Não sei se o Inter precisa de um treinador amigo nesse momento. Se for preciso, serei inimigo deles para fazer esse time jogar”, disparou o ex-capitão, na oportunidade.
Já experiente e campeão pelo clube na ocasião, Kleber não gostou. E se sentiu no direito de ir tirar satisfações com o técnico nos dias seguintes. O ex-lateral-esquerdo relembrou o episódio em entrevista nesta segunda-feira ao canal Vozes do Gigante, do YouTube.
“Fernandão pediu apoio dos mais experientes quando chegou. Nós falamos que íamos com ele até o fim. Eu mesmo fiquei no banco para o Fabrício. Jamais entregaríamos um Gre-Nal para derrubar ele. Mas vou ser sincero: não gostei da entrevista do Fernandão sobre a zona de conforto. E fui cobrar. Ele conhecia a gente e sabia que a gente não fazia corpo mole. A gente estava jogando mal, mas jamais corpo mole”, disse.
O antigo camisa 6 admite que, após a fatídica entrevista, a relação dos jogadores com Fernandão não foi mais a mesma.
“A relação não foi mais a mesma dos experientes com o Fernandão depois da entrevista. Do jeito que ele falou, colocou a culpa em quem estava dando suporte pra ele. Não ficou legal. Mas fomos profissionais até o fim”.
Fernandão foi demitido do Inter faltando apenas duas rodadas para o fim do Brasileirão daquele ano. E não voltou a trabalhar como técnico até a sua trágica morte em junho de 2014.