Para conhecer mais detalhadamente a metodologia de trabalho do técnico espanhol Miguel Ángel Ramírez, alvo da nova direção do Inter para a casamata em 2021, a reportagem do Zona Mista conversou com o jornalista Dimitri Barcellos, do Footure e da Rádio Inferno, e fã de futebol sul-americano.
Segundo o comunicador, Ramírez, se confirmado, implementaria um 4-3-3 sem abrir mão do modelo propositivo de jogo, que carrega “diferenças oceânicas” do estilo trabalhado pelo ex-treinador colorado, Eduardo Coudet.
Zona Mista: Com os atuais jogadores que o Inter tem no elenco, cuja maioria deve permanecer para um primeiro momento de 2021, qual esquema tático você imagina para um modelo de jogo no caso da chegada de Ramírez?
Dimitri Barcellos: Mesmo com o pouco encaixe do elenco no modelo de Miguel Ángel Ramirez, acho bem difícil fugir do 4-3-3. E isso, obviamente, exigirá um trabalho muito forte para adaptá-los ao modelo e contrações em determinados setores do grupo.
ZM: Quais as semelhanças e diferenças que você encontra nos modelos de jogo de Ramírez e Eduardo Coudet?
DB: A única semelhança que enxergo entre os modelos de Coudet e Ramirez é a ideia intrínseca de propor o jogo. Seja na concepção de esquema, estilo de organização em campo ou modo de se defender, as diferenças são oceânicas. De um conceito funcional, como o do Coudet, para um posicional, como o de Ramírez, é difícil encontrar pontos em comum.
ZM: Dentro do atual elenco do Inter, você entende que quais jogadores seriam imprescindíveis para o estilo de jogo de Ramírez?
DB: Acho que o imprescindível neste momento são os garotos. O Inter se aproxima cada vez mais de um processo de transição, até mesmo por seu momento financeiro, então é difícil decretar quem será levado em conta dos mais experientes. Por outro lado, Yuri Alberto, Praxedes e Maurício, por exemplo, podem figurar muito bem nesta ideia.
ZM: No trabalho realizado no Independiente Del Valle, o que mais prendeu a sua atenção na gestão de Ángel Ramírez?
DB: Fora o trabalho de base, que vai muito além somente do treinador, eu destaco o processo de adaptação dos atletas vindos de fora ao modelo posicional. É um estilo de jogo complexo, que exige disciplina e um alto entendimento dos conceitos. Praticamente nenhum jogador contratado teve contato com este conceito, e Ramirez teve muito êxito em vender a ideia a eles e conseguir fazer eles renderem em alto nível.