Alvo de muita, mas muita polêmica dentro do Grêmio nos últimos meses, Ferreira resolveu falar. Nesta terça-feira, em entrevista ao jornalista Jorge Nicola, no YouTube, o atacante de 22 anos – que mantém o clube na Justiça pedindo a rescisão do contrato – revelou ter sido ameaçado pela direção durante a tentativa de renovação.
Ferreirinha, como é chamado no elenco, contou ter ouvido a seguinte ameaça de um dirigente: “Ou renova ou está fora da lista de inscritos na Libertadores”. Se sentindo “na parede”, o jogador não assinou a renovação por não concordar com os termos do contrato, foi afastado e levou o caso à Justiça.
“Tem muita mentira sendo falada. Nunca quis sair do Grêmio. Ao contrário. Era o meu sonho. Sou muito grato ao Grêmio por tudo que fez por mim e por tudo que passei no clube. A decisão de botar na Justiça foi pelas coisas que foram acontecendo. Me afastaram e existiu pressão pra eu assinar a renovação de contrato. Não tive outra saída. Não estava podendo jogar nem na transição. Depois que fomos à Justiça pude jogar na transição, mas nem teve jogo por causa dessa parada”, comentou.
A proposta do Grêmio girava em torno de R$ 30 mil com gatilhos de aumento ano após ano. Ferreira diz que o problema não era nem o salário, mas a ausência de “luvas” e de uma parte do seu próprio passe – dividido em 20% à escolinha formadora e 80% ao clube. Assim, em uma futura venda, ficaria sem nada em mãos.
“Ninguém fala que no ano passado eu renovei sem aumento salarial. Não tem jogador que hoje em dia renove sem aumento ou bônus, mas eu aceitei. Tinha gente na transição que ganharia mais que eu, que subi profissional. Nada contra eles, que também têm méritos. Em 2014, assinei meu primeiro contrato e ficou 20% pra escolinha de onde eu vim, que é conveniada ao Grêmio, e 80% pro clube. Se eles me vendem, eu ficaria chupando o dedo. Ficou assim o contrato até janeiro. De um dia pro outro, chegaram em mim: “Ou você renova ou não vai ser inscrito na Libertadores”. Não tem como decidir assim em 24 horas. Me deixaram contra a parede e me afastaram”, acrescentou.
Renato pediu renovação à direção e chegou a ligar para o pai de Ferreira
O técnico Renato Portaluppi é um entusiasta do futebol de Ferreira e apostava muito no jogador de 22 anos nesta temporada. Tanto que pediu à direção a renovação do contrato. Depois de todo o desacerto, o treinador tomou a liberdade de ligar para o pai do atleta:
“Não era o meu desejo. Nunca foi a minha vontade, porque é um clube que eu me identifico muito. Estou há quase seis anos no clube. A ida na Justiça foi porque não tenho como colocar os diretores. Muitos ali conversavam uma coisa comigo e no contrato botavam outra. O clube não tem culpa, nem o professor Renato, que desde o início pediu a minha renovação. Ele inclusive ligou para o meu pai para entender o nosso lado. Não tenho nenhuma reclamação com o Grêmio em si”.
“Eu conversei muito com o Renato, me deu muito conselho. Quando conversou com o meu pai, ele mostrou que entendeu o nosso lado, por também ser pai. De todas as formas ele tentou ajudar. Mas a direção falava uma coisa pra mim, outra pro Renato e no contrato botava outra. Por isso a decisão de ir pra Justiça”, acrescentou Ferreira.
Ferreira contou ter sido alvo de mentiras da direção gremista – Foto: Lucas Uebel/GrêmioFuturo fora do Grêmio
Com contrato até o meio de 2021, Ferreira não se vê mais em “clima” para jogar no Grêmio e admitiu que recebeu propostas de outros clubes nesse período de turbulência.
“Não vou mentir, tive propostas sim de outros clubes, que prefiro não falar agora. Desde que fomos à Justiça e durante essa pandemia, a direção do Grêmio não procurou mais o meu empresário”, lamentou.
A ação que transita na 23ª Vara do Trabalho de Porto Alegre alega “coação e pressão” para a assinatura do novo contrato proposto pela direção, recusado pelo jogador. A data do próximo julgamento ainda não está definida.