Convivência com Parreira, gol de bicicleta em Gre-Nal e Portão 8: Luiz Cláudio cita as “melhores lembranças possíveis” do Inter

Reportagem do Zona Mista conversou nesta semana com o ex-atacante colorado Luiz Cláudio

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Em um período que a ampla supremacia do Rio Grande do Sul era do Grêmio, o Inter, sem dinheiro em caixa, improvisava como podia para montar os seus times e apostou em Luiz Cláudio, ex-Vasco da Gama e Palmeiras, para ser o artilheiro da temporada de 2001. Os títulos não vieram, mas, da parte do ex-jogador, principalmente da convivência com o técnico Carlos Alberto Parreira e com os funcionários do Beira-Rio, as lembranças são as “melhores possíveis”:

Zona Mista: Para começo conversa, quais as principais lembranças que você tem do Inter? Mesmo tendo ficado somente um ano, tem boas memórias e mantém carinho pelo clube?

Luiz Cláudio: As lembranças que eu tenho do Internacional são as melhores possíveis. Um clube que eu fui muito bem recebido. Na época, o presidente era o Fernando Miranda, um cara que me acolheu de tal forma, amigo, parceiro. Tenho lembranças do pessoal da rouparia, que acho que estão até hoje no Beira-Rio, o Juarez, o Gentil. Uns caras que me acolheram bem demais logo que eu cheguei na cidade.

ZM: Naquela temporada de 2001, o time foi comandado pelo Parreira no Brasileirão, um treinador campeão mundial com a Seleção. Você teve boa relação com ele? Como era a convivência com o técnico?

LC: Eu tive a honra de ser treinado e conviver com o professor Parreira no Inter. Ele já era experiente. Muito inteligente. Cara de Copa do Mundo, de Seleção. Ele passava muitas informações boas pra gente. Apesar do nosso elenco não ser na época o melhor elenco que tinha. Mas ele conseguiu ainda assim, com os jogadores que tinha, montar um time bom. No começo foi complicado pra mim, até pela parte de treinamentos que eu não estava acostumado. Mas fui me adaptando aos poucos até conseguir desenvolver o melhor futebol

ZM: Na época, ainda era o antigo Beira-Rio antes da reforma, que tinha o famoso “Portão 8” com os torcedores cobrando muito a cada derrota. Como era a sua relação com a torcida do Inter?

LC: O Beira-Rio sempre foi um estádio gigante. Sempre gostei e sempre ouvia falar. Quando eu cheguei no Inter, fiquei muito impressionado pela estrutura. Jogar no Beira-Rio de hoje seria um sonho (risos). Hoje está lindo, muito lindo. Eu estive novamente para assistir Inter contra algum clube, não lembro, talvez o Grêmio. Fui convidado pelo Gilmar Veloz, empresário. Na época, o Gilmar tinha me ajudado na chegada ao Inter. Muito experiente, empresário de nome no futebol brasileiro e mundial. Lembro, também, que fizemos um torneio em Viña Del Mar, no Chile, onde eu fiz dois ou três gols e buscamos aquele título.

ZM: Um dos lances mais plásticos da sua passagem pelo Inter foi o gol de bicicleta no Gre-Nal do Gauchão, no Olímpico, que o Grêmio ganhou de 4×2? Como foi pra ti a experiência de jogar Gre-Nal? Foi o gol mais bonito da carreira?

LC: Esse gol de bicicleta do Gre-Nal ficou marcado. Até hoje aqui no Rio de Janeiro o pessoal vem e fala: ‘Pô, tu fez gol de bicicleta em um Gre-Nal’. O pessoal no Sul acredito que tenha uma lembrança muito boa desse gol. Um gol desses, ainda mais no clássico, é pra ser lembrado sempre. Não pode ser esquecido nunca, não.

ZM: Há o famoso ditado que o jogador de futebol “morre duas vezes”. A primeira quando para de jogar. Você concorda? Como foi para você o processo de decidir parar de jogar e pendurar as chuteiras?

LC: É difícil ser jogador de futebol. É dolorido, desgastante. Não pensem que é fácil. Não é pra qualquer um. Muitos tentam, mas quando lidam com o treinamento, a parte física, a disciplina que precisam ter acabam parando no meio do caminho. São poucos que conseguem e ter perseverança pra ser jogador. Na verdade eu nem lembro especificamente quando eu parei, porque é complicado. Você assiste um jogo e bate aquela vontade de estar dentro de campo. Mas não pode mais. O psicológico precisa estar bom para não entrar em depressão. Porque a gente vivia aquilo ali 24 horas por dia. Treino de manhã, de tarde, por vezes até três períodos. Lesões, tratamento, alegrias, tristezas.