Estava tudo pronto no Grêmio para o retorno de Ronaldinho Gaúcho a partir de janeiro de 2011, data em que, na otimista visão do clube, o craque começaria a fazer de vez as pazes com a torcida por sua saída tumultada na década anterior. Até mesmo caixas de som foram colocadas no Olímpico para a celebração do anúncio, mas tiveram que ser retiradas: de última hora, R10 fechou com o Flamengo.
Quem viveu muito de perto toda essa história foi Cesar Cidade Dias, na época assessor de futebol do Grêmio e hoje comentarista do Grupo Bandeirantes. Em entrevista dada recentemente ao jornalista Farid Germano Filho, Cesar garantiu: a proposta do tricolor era melhor financeiramente que a do Flamengo e a contratação não deu certo porque Ronaldinho não quis voltar a Porto Alegre.
“Porque ele não quis. O Ronaldinho não quis. Um jogador joga onde quer. Foi com o Suárez agora. Se ele quiser jogar fora, vai jogar. Esqueçam. Na época, a gente fez um projeto maravilhoso para ele. O primeiro contato fui eu que fiz em razão de um primo meu ser amigo dele. Fui fazer uma pergunta antes mesmo de falar com o Odone, presidente da época. Eu quis saber, via Assis, se ele pensava em voltar ao Brasil e se o Grêmio poderia se habilitar a contratá-lo. Só isso”, contou Cidade Dias, antes de relatar o retorno do irmão e empresário do antigo craque:
“Deu uns 10 dias e o Assis me liga me chamando para uma reunião. Isso era setembro de 2010. E ele me diz: ‘O Ronaldinho não só quer voltar ao Brasil como, se ele voltar, só joga no Grêmio’. Naquele dia, ele me mostrou que o Flamengo já tinha procurado, que o Palmeiras já tinha procurado e ainda me mostrou o contrato do Ronaldinho com o Milan, que era um contrato de 6 milhões de euros por ano, algo assim. Resumo da ópera: fui na direção do Grêmio e disseram: ‘Dá para viabilizar’. E foi feito um projeto de marketing maravilhoso, feito por muitas mãos e bem construído. O contrato apresentado pelo Grêmio era praticamente como o do Milan. Muito maior que o contrato do Flamengo. Quem diz que é dinheiro não sabe nada. Eu vivi, ninguém me contou”.
Irmão de Ronaldinho foi adiando o acerto com o Grêmio
Posteriormente ao fracasso da negociação, Cesar foi entendendo que Assis começou, em determinado momento, a “enrolar” a direção do Grêmio com alguns pedidos “sem nexo”, como um camarote no Olímpico e jogadores emprestados para o seu time da época, o Portoalegre. Ele fazia isso apenas para ganhar tempo pois não estava conseguindo convencer o irmão, já decidido a deixar o Milan para morar no Rio de Janeiro.
“Se construiu algo lindo, só que o Assis ia adiando, adiando, adiando. O contrato dele todo era 98 milhões de reais. Seria até a Copa do Mundo de 2014. De janeiro de 2011 até lá. Só que o Grêmio, nesses 2 milhões por mês, pagaria algo perto de 350 mil. Por que? A fornecedora de material esportivo pagaria uma parte, a Coca-Cola, que teria ele como garoto-propaganda no Brasil, pagaria outra parte… um negócio bem legal. O Assis gostou muito. Só que começou a adiar. Isso não tinha vazado para a imprensa. Mas, bem perto do Natal, vazou o negócio”, contou o ex-dirigente, para depois encerrar:
“Até que o Assis me diz assim: ‘Nós queremos um camarote no Olímpico’. E o Odone: ‘Pô, Assis, o contrato é de 100 milhões de reais, eu te dou 10 camarotes do Olímpico’. Algo sem nexo. Outro pedido foi o empréstimo de dois jogadores do Grêmio para o Portoalegre, que era o time dele, para o Gauchão. A gente não entendia muito isso. Depois entendemos. O Assis estava tentando ganhar tempo para convencer o irmão dele a vir para Porto Alegre. Porque o Ronaldinho dele tinha um filho lá no Rio de Janeiro e todo mundo sabe como é o Rio. Aquele momento muito valorizado, muito querido, com a força do Flamengo, festas no Rio. Que que aconteceu? O Assis não conseguiu convencer. Quem não quis vir foi o Ronaldinho, não o Assis”.
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