Já aposentado oficialmente dos gramados, o ex-meia Anderson repassou com riqueza de detalhes a sua trajetória pelo Inter entre 2015 e 2016 em entrevista ao jornalista Duda Garbi, no YouTube. No bate-papo, que você confere de forma resumida abaixo, o antigo jogador diz ter sofrido “ciúmes” no Beira-Rio, fala abertamente de valores, reconhece uma certa mágoa com o presidente a partir de 2017, Marcelo Medeiros e faz críticas ao lateral William, a quem deu um soco e quebrou um dente durante um treino no ano do rebaixamento.
Quais clubes brasileiros fizeram proposta na volta ao Brasil:
“Palmeiras e Atlético-MG me procuraram na época, o Grêmio não. Eu queria voltar pra Porto Alegre, pra casa, sou daqui. Minhas crianças estavam crescendo. Eu sabia da repercussão, mas o Inter se interessou e o projeto não era ruim. O nosso primeiro ano foi bom. Perdemos na semifinal da Libertadores. Mas o Inter foi um clube fantástico, não tenho nada a reclamar dos caras”
Valores do acordo para rescindir e mágoa com o ex-presidente Marcelo Medeiros:
“Única coisa eu fiquei meio, não p…, mas fiquei, foi com o presidente Marcelo Medeiros. Poderia vir falar comigo de boa. Eu tirei R$ 1 milhão e meio do Inter, com desconto ainda. Se eu fosse pau no c…, eu falava que queria todo o meu contrato e acabou. Ia exigir que pagassem os R$ 8 milhões. Vim livre, com quatro anos de contrato, aceitando ganhar um pouco menos, mas ganhando tudo na carteira. Fizemos a rescisão para eles me pagarem um valor mensalmente”
Time de 2016 era “bom” e as trocas de treinadores:
“No Inter, a gente trocou de treinador quatro vezes, cara. Se mantivesse um pelo menos até o fim, a gente não teria caído. Qualquer um ficando até o final iria manter o trabalho. Tivemos quatro. Não existe isso no futebol. O time era bom. Se o time fosse ruim eu diria que o time era ruim”
Ciúmes pelo salário na carteira e histórico no Grêmio:
“Um cara que jogou no Grêmio, fez história no Grêmio e vem pro Inter… também pesou. Mas eu saí do Inter como o jogador com mais assistências naquele ano. Eu tive momentos bons no Inter e outros ruins. Até a semi da Copa do Brasil contra o Atlético-MG eu estava muito bem. Tive grandes jogos. Só que assim: eles se preocupavam muito com o que rolava fora. Tinha que ser: “Azar, vamos segurar o cara, deixa jogar”. Todo mundo sabia que eu jogava. Alguns jogadores tinham ciúmes porque o meu salário era direto na carteira. Até hoje colorados me param e me dizem que não tem nada contra. Não me botavam pra jogar. E outra: eu não era o cara que mais ganhava dinheiro no Inter. Pagavam R$ 500 mil pra mim, mas tinha cara lá que ganhava R$ 800 mil”
Briga com William:
“Tirei o dente do William fora. Foi muito rápido, nem o Paulão sabia que eu dava um soco tão rápido (risos). Olha só: eu tenho respeito por todo mundo e sou muito educado. Só que no Brasil tem essa m… de que muito moleque é muito folgado. Jogador ganha alguma coisa e se acha fenômeno. Um exemplo: o Ronaldinho, que ganhou tudo e olha como ele é. Aí no Brasil tem os piá de m… que fizeram cinco gols no e acham que são fenômeno, que podem faltar o respeito com outras pessoas. E ele faltou educação comigo. Era um dia normal, eu ia jogar contra o Flamengo, o Roth ia me botar. Mas eu estava com a razão. Só não fui no vestiário arrebentar ele porque os caras não deixaram. Eu estava p… Era atividade de chute no gol, aí ele pra mim: “Moleque, toca a bola direito”. E eu olhei: “Então tá”. Outros caras já queriam pegar ele e eu não deixava. Ele estava com as unhas crescidas, bem grandes. E eu sempre defendi a gurizada, perguntem pro Dourado. Aí veio o William enchendo o saco e veio pra cima: “Bate em mim então”. Caiu o dente dele. O Piffero veio falar comigo depois. O William era meio que o “ovo de ouro” do Inter na época. Lembro que depois ele fez alguma m… que a torcida não gostou”