
A política do Grêmio ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira com a confirmação da desistência de Marcelo Marques à presidência do clube. O empresário, dono da Marquespan e responsável pela compra da Arena, anunciou sua decisão durante participação no programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha. A notícia caiu como uma bomba entre os torcedores e movimentou os bastidores do Conselho Deliberativo.
Logo após o anúncio, o jornalista Alex Bagé revelou detalhes de uma conversa pessoal que teve com Marcelo na noite anterior. Em vídeo publicado em seu canal do YouTube, o comunicador compartilhou que mora no mesmo condomínio do empresário e que recebeu a ilustre visita por volta das 21h30. A conversa, segundo ele, durou cerca de duas horas e foi marcada por confidências sobre o desgaste emocional de Marcelo com o ambiente político do clube.
Bagé contou que, mesmo antes da oficialização da candidatura, já alertava Marcelo sobre os desafios da política interna do Grêmio. O empresário, segundo o jornalista, demonstrava sinais de abatimento e dificuldade para lidar com a pressão e os conflitos que envolvem a gestão de um clube de futebol. A decisão de desistir, segundo Bagé, foi amadurecida ao longo das últimas semanas.
+ Reche critica desistência de Marcelo Marques: “Fiasco da história política do Grêmio”
Política corrosiva e o peso de um sonho frustrado
Durante o relato, Alex Bagé destacou que Marcelo Marques não apenas cogitava a candidatura, mas sonhava em liderar o clube que ajudou a transformar. A compra da Arena, avaliada em R$ 145 milhões, foi um gesto inédito no futebol brasileiro. Marcelo tirou do próprio bolso o valor e entregou o estádio ao Grêmio, encerrando anos de críticas e insegurança jurídica sobre o patrimônio do clube.
A conversa entre os dois gremistas foi marcada por emoção. Bagé relatou que, ao abrir uma garrafa de vinho Malbec, ouviu de Marcelo que ele estava tendo dificuldades para dormir e que se sentia impactado pela forma como a política do clube o tratava. O jornalista afirmou que, naquele momento, não estava diante de um empresário, mas de um torcedor genuíno, que se viu engolido por um sistema que não perdoa boas intenções.
“Tu não vai desistir de ser presidente do Grêmio, porque ser presidente do Grêmio é o teu sonho”, disse Alex Bagé ao amigo, segundo relato feito em seu canal do YouTube.
+ Como a direção do Inter repercutiu a desistência de Marcelo Marques no Grêmio
Marcelo respondeu que ainda não havia tomado a decisão, mas que estava profundamente abalado. A pressão interna, os ciúmes nos bastidores e a dificuldade de adaptação ao ambiente político foram determinantes para sua saída. Bagé classificou Marcelo como “o candidato mais puro que já chegou perto de ser presidente do Grêmio”, e lamentou que o clube tenha perdido uma oportunidade de gestão transformadora.
Com a desistência de Marcelo Marques e a retirada anterior de Paulo Caleffi, o cenário eleitoral do Grêmio segue indefinido. Nomes como Antônio Dutra Jr., Denis Abrahão, Gladimir Chiele e Sérgio Canozzi aparecem como possíveis alternativas, mas ainda não há confirmação oficial de chapas. A eleição está prevista para novembro, com início do processo pelo Conselho Deliberativo.
“O Marcelo Marques virou o Marcelo do Grêmio”
Durante o relato, Alex Bagé destacou o impacto simbólico que Marcelo Marques passou a representar para o torcedor gremista. “O Marcelo virou o Marcelo do Grêmio. Ele não é mais o Marcelo da Marquespan”, afirmou o jornalista, ao comentar como a imagem do empresário se fundiu com a identidade do clube. Essa transformação pública não era exatamente o que Marcelo desejava. O empresário queria continuar sendo reconhecido por sua trajetória pessoal e profissional, como o Marcelo Marques da Marquespan — o homem que construiu sua história com trabalho e superação.
+ Saída de Marcelo Marques embaralha eleição no Grêmio e reacende disputa presidencial
Bagé relatou que, embora orgulhoso de sua ligação com o Grêmio, Marcelo Marques se sentiu engolido por uma imagem que passou a ser maior do que ele próprio. Em aeroportos, eventos e até mesmo dentro do próprio condomínio, o empresário passou a ser abordado como “o Marcelo do Grêmio”, perdendo aos poucos o espaço para ser apenas o torcedor e o empresário que sempre foi. Essa fusão entre imagem pessoal e instituição, embora poderosa, também trouxe um peso emocional que contribuiu para sua decisão de não seguir na disputa pela presidência.
+ Após desistir da eleição, Marcelo Marques indica nome ideal para comandar o Grêmio