Autor do último gol da história do Estádio Olímpico em jogos oficiais, o ex-zagueiro gremista Werley é o entrevistado da vez pela reportagem do Zona Mista e não ficou em cima do muro em uma das perguntas mais feitas pelos torcedores: Olímpico ou Arena? Entre outros assuntos, ele assegurou que o Gre-Nal é o principal clássico do país, destacou que vem estudando para ser treinador e ainda explicou as razões que o levaram a encerrar a carreira em 2022, quando estava no CSA.
Zona Mista: De todos os grandes clubes que você jogou, como Atlético-MG e Santos, foi no Grêmio que você acredita ter tido melhor sequência e mais bons jogos? Qual o sentimento que mantém pelo tricolor gaúcho?
Werley: Se você pegar as equipes que eu passei, em todas elas eu joguei. Se pegar número de jogos, eu acabei atuando no Atlético-MG quase a mesma quantidade de jogos no Grêmio. Fiz 132 jogos no Atlético e no Grêmio também. No Santos, também, por ter ficado 10 ou 11 meses, se eu não me engano, eu fiz 49 jogos no ano. Então assim, é uma coisa positiva. Sempre joguei por onde passei. No Santos, felizmente, nós fomos campeões paulistas e fomos vice da Copa do Brasil. Eu tenho gratidão enorme pelo Atlético e pelo Grêmio. O Atlético foi onde tudo começou, né? Me deu a primeira oportunidade eu saindo do interior com 12 para 13 anos. É o clube que me formou como homem. No Grêmio, eu fui tão bem recebido pela torcida, fui bem recebido por todos dentro do clube. Eu já tinha experiência de ter jogado no Atlético, de ter feito grandes jogos. São os dois clubes que eu guardo com muito carinho.
ZM: Até hoje, você é muito lembrado pela torcida do Grêmio por ter feito o último gol em jogos oficiais no Olímpico. O quanto é marcante para você ter esse “título”?
W: Então, eu fico feliz por ter feito o último gol do Olímpico. É um estádio que tem uma representatividade muito grande para o Grêmio. O Grêmio conquistou tantos títulos importantes ali e é um estádio que eu acho que se for perguntar ao torcedor, hoje, se pudesse voltar com o Olímpico no lugar da Arena, todos optariam pela volta ao Olímpico. Porque é um estádio que tem energia maravilhosa. Felizmente eu tive a possibilidade de jogar em 2012 e 2013 em alguns jogos, quando fiz o último gol do estádio. Eu fico feliz porque o Grêmio é um clube que eu levo no meu coração, que eu sou muito grato por tudo que eles fizeram por mim, pela minha família. Levarei o Grêmio para o resto da vida.
ZM: Você é um dos poucos jogadores que teve a oportunidade de jogar pelo Grêmio tanto no Olímpico quanto na Arena. Qual dos dois você prefere?
W: Em relação ao Olímpico e Arena, cara, graças a Deus eu tive a oportunidade de jogar nos dois. O Olímpico foi por pouco tempo, né? Somente um ano e três meses, nem isso. Mas assim, a atmosfera do Olímpico era totalmente diferente, né? Mas a Arena, ela vai ganhar também, né? Com o tempo, o Grêmio conquistando títulos importantes. Ela vai se tornar muito importante para o Grêmio, assim como foi o Olímpico. O Olímpico é de mais tempo, o Grêmio já tinha conquistado grandes títulos ali dentro daquele estádio. Por eu ter jogado nos dois, eu preferia a atmosfera em relação à atmosfera, ao gramado, eu preferia jogar no Olímpico.
ZM: Por ter jogado em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul também, qual de todas as rivalidades te marcou mais? Qual o clássico mais especial da sua carreira?
W: Graças a Deus eu tive a possibilidade de disputar vários clássicos. Vários clássicos grandes do futebol brasileiro, mas igual o Gre-Nal não existe, cara. Igual o Gre-Nal não existe. Eu acho que para o estado, né? Para a cidade. Pois a rivalidade que se tem no Rio Grande do Sul é anormal, é diferente de qualquer outro estado. Eu acho que é o clássico mais famoso do Brasil. Do Brasil, eu tenho certeza e acho que está entre os clássicos mais famosos e importantes do mundo. Fico muito feliz de ter disputado vários Gre-Nais no Rio Grande do Sul. O clássico que mais marcou foi o primeiro clássico meu no Beira-Rio, que eu acabei fazendo o primeiro gol da equipe e um dos primeiros gols meus com a camisa do Grêmio. Foi esse clássico aí que me marcou muito.
ZM: Pelo que observamos, você vem estudando nos cursos da CBF para ser treinador e seguir no futebol. Este é mesmo o seu plano? Aproveito para te perguntar: quais os melhores treinadores da sua carreira?
W: Sim, já terminei a Licença B, estou iniciando a Licença A da CBF. E tenho feito um curso espanhol, não chega a ser da Confederação Espanhola, mas ele é reconhecido pela Confederação. Tenho me preparado ao máximo para que eu possa dar esse próximo passo meu dentro do futebol. Eu, graças a Deus, eu tive a possibilidade e a oportunidade de trabalhar com vários treinadores importantes do futebol brasileiro. Trabalhei com o Luxemburgo, com o Cuca, com o Renato, Roger Machado, Alberto Valentim, Enderson Moreira, Felipão… e eu acho que todo treinador que eu trabalhei, cara, me agregou muito. Todo treinador tem algo positivo e tem algo que não é tão bom como o outro. Mas eu acho que todos agregaram muito na minha carreira e eu tenho certeza que eu vou levar muitas coisas positivas desses treinadores que eu trabalhei. O Renato é um grande treinador, pela forma de lidar com o grupo, a forma de conduzir um grupo. Um cara inteligente também, um cara que entende de futebol. O próprio Vanderlei Luxemburgo, o Roger, no dia a dia, nos trabalhos. O Cuca, o Enderson Moreira, todos esses que eu trabalhei, eu trabalhei só com fera. O Felipão também. Todos me agregaram muito.
ZM: Foi muito difícil tomar a decisão de parar de jogar e se aposentar? Você acreditava que poderia ter ido um pouco mais?
W: Eu acabei tomando essa decisão porque, para ser bem sincero, psicologicamente eu estava bem cansado. O tempo que eu fiquei no Vasco, três anos e meio, acabou me desgastando muito. Hoje eu não tenho arrependimento nenhum, mas lá atrás se eu pudesse voltar no tempo, eu teria saído antes. Eu tive possibilidades, algumas possibilidades de sair naquele momento, acabei não saindo. E em 2019 não fui liberado pelo presidente e outras oportunidades pela frente também não aconteceram. Eu poderia ter forçado a saída, acredito que psicologicamente seria bom. E hoje eu vejo que se eu tivesse saído eu poderia ainda estar jogando, mas foi uma decisão muito tranquila de ser tomada. Eu pensei também no meu próximo passo, que é continuar no futebol, sair para poder estudar, ficar um pouco mais com a família, ficar um pouco mais com meus filhos, ficar em casa com a esposa. A gente nunca teve esse tempo, e agora estou em casa, me preparando para que o próximo passo possa ser assertivo, que eu possa começar dentro de um grande clube, aprender e dar sequência na minha carreira dentro do futebol.
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