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Torcida do Inter se revolta com venda de Luis Otávio e lota post oficial de críticas

Anúncio da transferência para o Orlando City virou desabafo geral contra a gestão e a política para a base

A confirmação da venda do volante Luis Otávio ao Orlando City, dos Estados Unidos, não ficou restrita ao comunicado oficial do Inter. Poucos minutos após a publicação do clube no X (antigo Twitter), o espaço de comentários virou um verdadeiro mural de protestos da torcida colorada, que não engoliu a saída de uma das principais promessas do Celeiro de Ases. No anúncio, o Inter fala em “obrigado e sucesso” ao jogador de 18 anos, mas quem roubou a cena foram os torcedores indignados com a negociação.

De acordo com veículos da imprensa esportiva, a transferência de Luis Otávio foi fechada por cerca de US$ 3,2 milhões (algo em torno de R$ 17,7 milhões na cotação atual) por 60% dos direitos econômicos, com possibilidade de bonificações futuras. O volante, lançado por Roger Machado em 2024, disputou 29 partidas pelo profissional e integrou o elenco campeão gaúcho de 2025 antes de ser negociado em definitivo com o clube da Flórida. A operação foi vista internamente como uma forma de aliviar o caixa e criar fôlego para a temporada 2026.

Nas redes sociais, porém, o clima foi o oposto. Perfis colorados chamaram o negócio de “uma das piores vendas da história”, falaram em “doação” do jogador e reclamaram do que consideram um processo de dilacerar a base para manter atletas mais contestados do elenco principal. Vários torcedores compararam o valor recebido por Luis Otávio ao potencial esportivo do volante e ao fato de ele atuar em uma posição carente do time, lembrando que o clube ainda busca um primeiro volante no mercado. Outros criticaram a falta de oportunidades em um time mais organizado, apontando que o jovem quase sempre correspondeu quando foi utilizado.

Torcedores do Inter indignados
Imagem: x (antigo Twitter)

Direção do Inter sustenta discurso de reposição e vê negócio como oportunidade

Enquanto a torcida protesta, o discurso oficial do Inter caminha em outra direção. No comunicado, o clube destaca o volante como “Cria do Celeiro de Ases”, reforça o número de jogos e o título gaúcho conquistado em 2025, mas não entra em detalhes sobre valores ou motivos da venda, adotando a linha de que se trata de uma “transferência definitiva” para a MLS. Pessoas ligadas ao departamento de futebol veem a negociação como oportunidade de realizar lucro rápido com um ativo jovem, em um contexto de necessidade de caixa e de reestruturação do elenco após a fuga do rebaixamento no Brasileirão.

Paralelamente, o clube trabalha para repor a posição. A própria nota do Inter e reportagens recentes indicam que a direção busca um primeiro volante para 2026 e mantém conversas por nomes como Fernando, que deixou o clube após grave lesão, e Luiz Gustavo, ex-seleção brasileira e que passou recentemente pelo São Paulo. A ideia é encontrar um perfil de jogador que ofereça experiência imediata ao grupo comandado por Paulo Pezzolano, recém-anunciado como treinador.

Nas respostas ao post oficial, torcedores questionam justamente essa estratégia. Muitos não concordam em abrir mão de um meio-campista de 18 anos, considerado promissor, para depois investir em atletas mais veteranos ou em reforços vistos como de risco. Há quem lembre de casos recentes em que o Inter vendeu jovens por valores considerados baixos e, anos depois, precisou buscar jogadores da base de volta por cifras bem maiores, alimentando a sensação de que o clube não consegue capitalizar da melhor forma seus talentos formados em casa.

No meio desse debate, um ponto de consenso entre colorados é que a venda de Luis Otávio expõe novamente o conflito entre o discurso de valorização da base e as decisões práticas de mercado. De um lado, a direção fala em aproximar o sub-20 do profissional e em usar as categorias inferiores como sustentação técnica e financeira do clube; de outro, abre mão de um volante titular em vários momentos de 2025 justamente quando o projeto para 2026 prevê maior uso de jovens. Com a temporada prestes a começar e a torcida ainda digestando a saída, a pressão por reforços e por um plano claro de elenco só tende a aumentar.

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