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Time de freiras? Declaração de Renato em coletiva causa polêmica e gera nota oficial de religiosa

Irmã Celassi Dalpiaz, diretora de uma escola de Porto Alegre, reprovou a postura do treinador do Grêmio

Em sua coletiva de imprensa logo após a vitória de 2×1 do Grêmio diante do Bragantino, o técnico Renato Portaluppi minimizou os casos de irritação de Maicon e de Pepê na partida ao lembrar – não pela primeira vez – que não tem um “time de freiras” dentro das quatro linhas.

A declaração repercutiu de forma polêmica nesta terça-feira e a religiosa Irmã Celassi Dalpiaz, diretora do Colégio Santa Inês, de Porto Alegre, reprovou a postura do treinador do Grêmio soltando nota oficial de repúdio à fala.

“Eu não sou padre, eu não tenho time de freiras. Eu tenho um time de homens. O Pepê saiu daquela forma porque estava se cobrando, eu estou aqui há 4 anos e não tive uma discussão com jogador. Ou põe um time de freiras ou um de mudos em campo se for para não ter discussão”, disparou Renato.

No comunicado destinado ao técnico tricolor, Irmã Celassi avaliou a entrevista como “preconceituosa” e que era seu dever se manifestar diante de sua responsabilidade como educadora.

Leia o texto escrito pela religiosa:

“Mais uma vez, deparo-me com um posicionamento preconceituoso que me causa indignação. ‘Eu não tenho um time de Freiras’. No esporte, é comum escutarmos expressões como essa, quando se quer explicar um comportamento que extrapola os limites. Essa justificativa denota, que pelo fato de ser freira, deve-se abaixar a cabeça, submetendo-se ao destino, sem luta. Quero te dizer, prezado Renato Portaluppi que, para ser FREIRA hoje, precisamos de muita garra e capacidade de luta, para nos sobrepor a tantos preconceitos de todos os gêneros. A indignação é que nos move e que nos faz olhar além do que vemos, tomar frente às situações de injustiças e, muitas vezes, ser resilientes. Por que pelo fato de ser freiras, não podemos usar de rebeldia, força e capacidade de enfrentar aquilo que entendemos injusto? O mundo mudou, meu caro. O olhar é outro e eu, sendo freira, não me eximo de nenhuma responsabilidade. Não me calo frente a situações injustas e nem aceito carteiraço. Indignar-se é sinônimo de não aceitar a situação. Seria bem mais educativo o Maicon, como líder que é, admitir que nada deu certo e, com seu comandante e companheiros, buscar alternativas para mudar. Chutar o balde, por vezes, só serve para esparramar a água, mas não resolve o problema. Essa já não é a primeira vez que me dirijo aos programas de rádio e TV para demostrar meu descontentamento por ouvir, de alguns, expressões levianas e que se tornam naturalizadas pelo fato de entendermos que são expressões cotidianas, em determinados espaços, para fazer uma comparação.

Estamos numa sociedade que requer posicionamento, para que haja transformações de julgamentos, aparentemente inocentes, mas que estigmatizam pessoas ou instituições. Como profissional da educação tenho compromisso de me posicionar contra isso, pois entendo que é dessa forma que também educo. O esporte arrasta multidões. Então, por que não usar este espaço para mudanças sociais? Tenho visto e reconheço muitos cidadãos que já o fazem. Como apaixonada por esporte, assídua aos debates e admiradora de tantos que compões esses times, deixo minha contribuição para podermos mudar de paradigmas e fazermos, juntos, uma revolução que educa.”

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