Não fosse uma lesão sofrida exatamente no jogo final da Libertadores de 2007, no Olímpico, contra o Boca Juniors, a carreira do ex-zagueiro Teco poderia ter sido mais vitoriosa. O acerto que existia com o Hoffenheim, da Alemanha, “melou” e o problema no joelho também impediu o atleta de ter vida longa no tricolor. Ele é o entrevistado da vez pela reportagem do Zona Mista:
Zona Mista: Falando de um assunto do momento… você foi colega do Diego Souza no Grêmio em 2007. Depois de todo esse tempo, ele ainda seria uma boa?
Teco: Naquele ano éramos jovens e pouco conhecidos pela torcida gremista e pela imprensa. Aos poucos, as coisas foram funcionando dentro e fora de campo e acabamos conquistando a confiança de todos. Um dos jogadores que me ajudaram muito na minha trajetória dentro do Grêmio foi o Diego Souza. Éramos muito amigos fora de campo e tínhamos um perfeito entrosamento. Eu acho o Diego Souza a cara do Grêmio. Jogador de força, de raça, jogador que briga pela bola perdida, jogador que não gosta e não aceita a derrota.
ZM: Mas o futebol mudou bastante. E ele também.
T: Óbvio que depois de 12 anos as coisas mudam. Ele já não joga mais no meio de campo, já não tem mais a mesma vitalidade de 2007. Enfim, só ele mesmo vai poder mostrar o quanto ele é bom e o quanto é merecedor de estar vestindo essa camisa novamente. Com certeza estarei torcendo pra ele tenha mais sucesso ainda do que em 2007, pois ele merece e a nação gremista merece mais ainda.
ZM: Continuando em 2007, você formou uma grande dupla de zaga com o William. Guardadas as proporções, é possível fazer algum tipo de comparação com a atual dupla Geromel e Kannemann?
T: Realmente eu e o William formamos uma boa dupla. Tínhamos um belo entrosamento desde a época que jogávamos juntos no Ipatinga. Minha adaptação no Grêmio foi bem mais fácil devido ao apoio que tive do William, sou muito grato a ele. Mas não existe comparação com o Geromel e o Kannemann. Eles conquistaram quase tudo que disputaram e títulos marcam a história do jogador no clube. Infelizmente em 2007 não conquistamos a América. Sinceramente não gosto de comparações, cada um tem seu estilo de jogo e, assim como Geromel e Kannemann se completam, eu e o William nos completávamos.
ZM: Qual o tamanho da frustração por ter lesionado gravemente o joelho na grande final da Libertadores contra o Boca? Sente que a tua carreira poderia ter sido diferente se não ocorresse aquela fatalidade?
T: Realmente aquilo foi uma grande fatalidade. Eu estava vivendo o melhor momento da minha vida. Já estava negociado com o Hoffenheim, da Alemanha. Era só terminar a final da Libertadores que iria se concretizar o negócio. Sem dúvida que depois da lesão minha carreira teve uma queda, caso contrário certamente teria outros rumos. Mas sinceramente eu não sou de lamentar, sou muito otimista e acredito que aconteceu pois tinha um propósito maior pra mim.
ZM: Depois desse triste lance da lesão, você teve uma outra lesão de joelho e acabou não tendo mais muito espaço no Grêmio em 2008. Ficou algum tipo de frustração ou mágoa por não ter feito mais história no clube ou ao menos ter ficado mais tempo?
T: Pelo contrário. O que ficou foi minha gratidão ao Grêmio por ter tido paciência comigo e por ter dado as melhores condições pra eu voltar a jogar em alto nível. Obviamente que eu gostaria de ter permanecido, ter feito história, ter jogado mais e mais no tricolor, mas eu sei que o clube é uma empresa e um jogador lesionado gera despesas. Eu fiquei 18 meses sem atuar, entregue ao departamento médico e o Grêmio agiu da maneira correta.
ZM: Você passou por outros clubes importantes como Cruzeiro e Botafogo, mas acredita que foi no Grêmio que jogou o melhor futebol da carreira?
T: Tenho certeza que no Grêmio eu atingi o ápice da minha carreira. Infelizmente, devido às lesões, eu não pude permanecer por mais tempo. Mas eu joguei um Gauchão no qual fomos campeões, uma Libertadores na qual fomos vice e alguns poucos jogos do Brasileirão, até porque no início do Brasileiro já estávamos no mata-mata da Libertadores e o Mano Menezes utilizava a equipe reserva. Mas mesmo assim, até hoje, depois de 12 anos, ainda tenho o reconhecimento dos torcedores e isso não tem preço que pague! Esse carinho que vem do torcedor é indescritível.
ZM: Para fechar. De um modo geral, como você vê o Grêmio do Renato Gaúcho? Sente que existe um “fim de ciclo” ou ainda é possível ganhar outros grandes títulos com esse trabalho?
T: Acredito que esse “ciclo” está cada vez mais perto do fim. É natural uma reformulação de equipe e de estilo de jogo. Eu não acho certo, mas no país onde vivemos existe uma cultura em que o treinador é culpado pelas frustrações da equipe e sempre paga o pato por isso. Mas antes de encerrar, tenho certeza que o Grêmio ainda conquista títulos, é isso que eu e todo torcedor gremista espera. Hoje eu sou mais um dos muitos milhões de torcedores e posso dizer com todas as letras, obrigado, Grêmio.