
A noite de terça-feira foi de alívio misturado com indignação para o torcedor do Inter. Em entrevista a Diori Vasconcelos e Lucianinho, em programa da GZH, no YouTube, a apresentadora e colorada assumida Renata Fan reagiu à permanência na Série A após a vitória por 3×1 sobre o Bragantino no Beira-Rio, resultado que livrou o clube do rebaixamento na última rodada, graças também aos tropeços de Ceará e Fortaleza.
Enquanto falava ao vivo, Renata acompanhou em tempo real a informação, trazida por Vagner Martins, da saída de André Mazzuco do cargo de diretor executivo e do pedido de demissão de Andrés D’Alessandro, diretor esportivo, horas depois de o vice de futebol José Olavo Bisol também comunicar sua retirada do cargo. O movimento foi confirmado mais tarde em nota oficial do Inter e em reportagens do Zona Mista.
Ainda no começo da conversa, Renata deixou claro que a permanência na elite não apaga o tamanho do fracasso esportivo de 2025. Para ela, o alívio pela salvação não pode ser tratado como título ou motivo de festa, mas como ponto de partida para uma mudança profunda na forma como o Inter é comandado.
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“Boa noite, Diori, agora bem aliviada e um pouco mais eu diria não feliz porque não é bem o termo, esse ano não teve felicidade, mas minimamente de permanecer na elite, de ter uma nova perspectiva, uma mudança, principalmente de mentalidade e de comando. Se isso acontecer no Inter, tudo bem, se não acontecer, vão maquiar, tapar o sol com a peneira, continuar tudo igual. Não adianta demitir vice-presidente, politicamente falando, não adianta demitir executivo contratado. Quem comanda, se continuar com a mesma mentalidade, com os mesmos pensamentos, com a mesma forma de gerir o clube e acabar com o clube, não vai mudar absolutamente nada”, comentou Renata Fan, em entrevista para GZH.
Na sequência, a apresentadora reforçou que, em sua visão, o clube não tem muito o que comemorar diante do cenário que se desenhou na temporada. Ela citou o peso da dívida, o risco real de queda e o constrangimento vivido pela torcida ao longo do Brasileirão, mesmo com a virada final na tabela.
“O Inter salva dinheiro para o ano que vem, não caindo para a série B, mantém um orçamento mínimo de um clube endividado, de um clube que passou vergonha nesse ano, e que agora todo mundo comemorou a permanência, mas é muito pouco para um clube que tem a história, que tem a dignidade, e que tem o gigantismo todo que o Inter carrega ao longo da sua existência”, disse Renata.
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Crise no Inter e “castelo de cartas” após saídas de Mazzuco, D’Alessandro e Bisol
A entrevista ganhou novos contornos quando Vagner Martins entrou por telefone no programa e revelou, ao vivo, a informação de que André Mazzuco havia sido demitido e que D’Alessandro pediu demissão por motivos pessoais, decisões depois confirmadas pelo próprio Inter. Para Renata, porém, a troca de peças no departamento de futebol não ataca a raiz do problema.
A colorada afirmou que enxerga um “castelo de cartas” desmoronando no Beira-Rio, mas sem queda da peça que, na opinião dela, é a principal: o presidente Alessandro Barcellos. Ela também destacou que o argentino, apesar de ídolo eterno, participou diretamente da gestão que levou o clube a flertar com a Série B até o último minuto do campeonato.
“O que está mostrando que tem qualidade profissional apurando os fatos. E, na verdade, é um castelo de cartas que tá caindo, mas a peça principal não caiu. E aí, para mim, é tudo um jogo de encenação. […] O D’Alessandro é um ídolo, é, é alguém que eu tenho uma consideração enorme, está entre os meus cinco principais jogadores da história do Inter, mas eu tenho que hoje pensar no D’Alessandro como dirigente, como alguém que estava lá nos bastidores, ao lado dos jogadores, das comissões técnicas. Então eu entendo o D’Alessandro também, mas o D’Alessandro participou da gestão de Alessandro Barcelos”, criticou Renata.
A apresentadora foi além e disse que se sente “envergonhada” pelo ano colorado. Ela lembrou partidas traumáticas, como a goleada sofrida em São Januário, e episódios que, em sua leitura, escancaram uma falência de comando, com o Inter chegando à rodada final sem depender apenas de si para evitar a queda.
“Nós passamos por situações, assim, realmente vexatórias nesse ano. Eu, como torcedora, me sinto muito machucada, me sinto envergonhada, e a minha parte, que é torcer, que é acompanhar, que é apoiar, independentemente de qualquer coisa, eu sempre fiz, mas eu não vou esquecer o que aconteceu em São Januário […] Aquele dia para mim, não é que foi o pior do ano, porque vários dias foram horríveis, várias noites foram terríveis, mas aquele momento me marcou muito, vai ser assim, o dia em que eu mais sofri, que eu mais caiu minha ficha do problema enorme que o Inter estava enfrentando”, desabafou Renata Fan.
Amor por Abel Braga e cobrança por mudanças profundas no comando do Inter
Ao longo da entrevista, Renata também saiu em defesa de Abel Braga, alvo de críticas em parte da imprensa nacional mesmo após aceitar a missão de dirigir o Inter só nas duas últimas rodadas, sem salário, e conseguir a vitória decisiva sobre o Bragantino no Beira-Rio.
Para ela, Abel não precisa de “estátua” por ter evitado o rebaixamento agora, mas já merece estar eternizado pelo que conquistou na história colorada, como a Conmebol Libertadores, o Mundial e o título gaúcho histórico com goleada sobre o Juventude.
“O problema é quando você encontra uma situação horrorosa, o Inter foi dilapidado, o Inter foi exterminado, não esse ano, nos últimos anos. […] E nesse ano pagou um preço altíssimo, chegando numa última rodada, não dependendo de si, dependendo de uma combinação de resultados, e o Abel Braga, não é porque ele não ganha dinheiro, não ganha salário, porque ele vem pra dois jogos, o Abel só fez isso porque ele tem amor pelo Inter, como eu que sou torcedora tenho, como a torcida tem”, destacou Renata.
Na parte final, a apresentadora ampliou o foco e falou como torcedora e jornalista que acompanha o futebol gaúcho à distância, mas com atenção diária. Ela insistiu que o Inter precisa de uma “mudança radical” na mentalidade de gestão para voltar a ser protagonista, citou o risco de o clube se acomodar em títulos estaduais e criticou a falta de convicção da direção em suas escolhas.
“Ou o Inter, ele retoma tudo do início, ou ele resolve começar de um ponto em que ele ainda pode crescer, evoluir e melhorar, ou nada vai funcionar. Infelizmente, não é só mais um ano, e se não aprenderem com o perigo que foi uma Série B, eu não sei com o que que o Inter pode aprender”, afirmou Renata.
Como pano de fundo para o desabafo de uma das torcedoras mais conhecidas do Brasil, o clube vive agora um vácuo de comando no futebol: sem técnico definido, sem o diretor esportivo que aproximava o vestiário e sem o executivo que tocava o dia a dia, enquanto o presidente e o conselho de gestão tentam redesenhar o mapa de poder para 2026.
A entrevista completa você encontra aqui:
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