Ainda na ativa atuando pelo Esportivo, aos 35 anos, o goleiro Renan repassou a carreira em mais uma entrevista exclusiva produzida por Zona Mista. No cardápio, a “vida” no Beira-Rio, as glórias de 2006, o trauma contra o Mazembe, as imitações de Kidiaba nos Gre-Nais do Olímpico e a decisão de deixar o Inter em 2013.
Zona Mista: Renan, pegando toda a tua trajetória no Inter, qual foi o seu grande momento? Hoje você se considera um torcedor do clube?
Renan: Eu sempre fui um torcedor colorado. Ingressei no Inter no ano de 1994 com 9 anos. Foi uma vida dentro do clube. O maior momento com certeza foi a conquista do bicampeonato da Libertadores em 2010, dentro do Beira-Rio. Foi algo marcante comemorar um título desse nível diante da nossa torcida.
ZM: Você foi um dos raros jogadores do Inter a ter estado nos dois Mundiais da história do clube. Por que deu tão certo em 2006 e tão errado em 2010?
R: Eu penso que é muito difícil você conseguir ganhar duas Libertadores em um espaço de apenas quatro anos como conseguimos. E ganhar o Mundial nas duas oportunidades, então… nem se fala. De repente o ruim foi não chegarmos naquela grande decisão em 2010, quando todos já esperavam ver o Inter contra a Inter de Milão. Mas eu procuro valorizar muito mais as conquistas da Libertadores do que o fato de perder na semi em 2010.
ZM: Ficou um certo sentimento ruim por ter saído do Inter como reserva em 2013 para o Goiás? Gostaria de ter tido uma sequência maior como titular no Beira-Rio?
R: Eu saí do Inter mesmo tendo renovado o meu contrato por mais um ano. Joguei no último jogo do ano de 2012, que foi aquele Gre-Nal do 0x0 pelo Brasileirão no Olímpico já com essa decisão tomada. Eu sentia que era momento de sair e surgiu a proposta de alguns clubes, entre eles o Goiás com um contrato de cinco anos. Não me arrependo da decisão que tomei. Acho que foi bom viver esse período no Goiás, um clube de muita estrutura e que fui muito bem recebido por todos. Acho que se eu ficasse e o Inter enfrentasse o momento que passou, seria um desgaste natural e dolorido para um jogador identificado com o clube.
ZM: Por duas ocasiões, no Olímpico, em 2011 no título do Gauchão nos pênaltis, e em 2012 no 0x0 da última rodada do Brasileirão, você brincou “imitando” o goleiro Kidiaba, do Mazembe, na frente da torcida rival. Você havia pensado naquilo anteriormente ou saiu na hora? Era um “desabafo”?
R: Não foi algo pensado. Simplesmente na saída do campo após ser “homenageado” pela torcida rival, acabei fazendo o gesto que eles haviam gostado do goleiro do time africano do Mazembe. Acabou tendo esse papel de desabafo e marcado pelo lado do Inter.
ZM: Para encerrar. Você é bicampeão da Libertadores, campeão mundial, disputou as Olimpíadas pelo Brasil, jogou em um grande da Europa como Valência… você se considera um jogador já realizado dentro do futebol?
R: Eu acho que consegui realizar muitos sonhos. Alguns poderiam parecer impossíveis quando comecei com apenas 9 anos. Ser campeão dos maiores títulos pelo Inter, ter até hoje o recorde de minutos sem levar gols do clube em Brasileiros, chegar à Seleção, jogar na Europa. Talvez poderia ter feito mais, talvez não. O importante é que sempre vivi para fazer tudo da melhor maneira, então me sinto muito realizado por essa vida no futebol. Tudo valeu a pena.