Grande destaque da base do Inter, Daniel Carvalho era uma das esperanças do clube por dias melhores no início dos anos 2000. Se não teve tempo para ajudar com grandes títulos, ao menos deu fôlego aos cofres colorados com a sua venda ao CSKA, da Rússia, em 2004.
E, na Europa, seu futebol não saiu do país gelado. Ele admite que, em determinado momento da carreira, se acomodou e não pagou o preço para ir ainda mais longe como atleta:
“Eu costumo dizer que poderia ter ido mais longe se tivesse sido atleta, mas fui jogador. E jogador tem e teve muitos por aí. Profissional eu sempre fui, nunca faltei a treino, a jogo. Eu saí humilde do interior, morei no alojamento do Beira-Rio e daqui a pouco eu estava na Rússia ganhando dinheiro, títulos. Quando o CSKA ganhou a UEFA, em 2005, tive a chance de ir pro Man City e pra Inter de Milão. Fizemos uma contraproposta muito grande de salário pra ficar na Rússia e os caras pagaram. Fiquei. Isso gerou uma acomodação”, admitiu em entrevista ao Vozes do Gigante.
Daniel admite que até dentro de campo ele precisaria ter feito correções para manter a carreira em alta:
“O futebol mudou muito. Eu era um cara diferente tecnicamente. Era diferente dos outros. Só que eu achava que isso era suficiente. Não me preocupava em jogar sem a bola, em marcar. E fui parando no tempo. Vejo o Ganso como um exemplo disso também. Ele precisaria ter um 5% da vontade do Guiñazu, por exemplo. Eu não paguei o preço que é necessário para ser atleta. Se tivesse feito, creio que poderia ter entrado nesses grandes mercados da Inglaterra e outros países da Europa”.
Volta ao Inter em 2008
Em um dos melhores times formados na era recente do Inter, Daniel Carvalho foi apenas coadjuvante. Do banco, ele viu o clube crescer na reta final da Sul-Americana até vencer o torneio. Estava mal fisicamente e não permaneceu em 2009.
“Nunca me esqueço da torcida lotando o aeroporto pra me receber. No português grosso, eu voltei cheio de dinheiro. Pra minha casa, louco de saudades do país. Era como se eu viesse passar férias. Mas fui profissional. Comecei jogando contra o Figueirense e saí depois daquela derrota de 4×0 pro Vasco. O Inter me deu todo suporte. Cheguei a ir à Gramado em um SPA com um preparador do clube. Se não deu certo, a culpa é minha, não do Inter”.