Por apenas dois votos – 161 a 159 -, o Conselho Deliberativo do Inter vetou na noite desta segunda-feira o projeto das debêntures, que foi a estratégia lançada pela atual direção do clube como forma de enfrentar a dívida. Após a derrota na votação, o presidente colorado Alessandro Barcellos se manifestou à imprensa prometendo adotar remédios mais “amargos”, como a venda de atletas.
“Era uma noite importante dentro do Conselho Deliberativo e apresentamos uma proposta de enfrentamento da dívida. Aliás, não lembro de, nos últimos 10 anos, alguma proposta ter sido apresentada. Essa proposta foi rejeitada por um voto. Era sim ou não. Um voto de diferença geraria o empate. Agora é trabalhar para buscar outras alternativas e encontrar soluções”, disse Barcellos, antes de acrescentar:
“Esta solução para nós era a mais adequadada e possível. Nós trabalhamos em um mercado restrito de crédito ao futebol. As coisas caminham já em outros clubes com a venda dos seus ativos e não era o caso. Não venderíamos nenhum ativo. Infelizmente, não foi a solução. Agora nos remete a um trabalho mais árduo e mais difícil. Um trabalho que já começa amanhã. Que já foi apresentado no orçamento para o ano que vem, que será muito mais duro e rígido”.
Em seguida, o presidente colorado lembrou dos efeitos trazidos pela enchente de maio e de pagamentos ainda pendentes que o clube precisa fazer. Ele praticamente deixa claro a urgência na venda de jogadores:
“Nós não vamos abrir mão de buscar o que nós perdemos neste ano em termos de orçamento, de déficit e de despesas, porque tudo foi muito alto. O nosso endividamento aumentará em 2025. É necessário enfrentar isso de outra forma. O remédio é mais amargo, não há mágica no futebol, ainda mais no momento de futebol competitivo que estamos vivendo. As medidas serão tomadas. Vamos buscar reduzir custos e vender atletas para que o clube sobreviva, para que contas sejam pagas. Foram mais de R$ 90 milhões gastos por conta da enchente. Vamos ter que tomar essas medidas até que a gente encontre alguma solução mais definitiva”, encerrou.
Para entender o projeto da gestão do Inter
O plano da gestão do Inter buscava autorização para que o clube vendesse títulos de dívidas de curto prazo, em uma estimativa de economia de R$ 100 milhões em cinco anos. Na prática, segundo o jornal Zero Hora, o projeto implicaria na compra por parte de investidores de títulos de dívidas do clube, que poderia quitar essa espécie de empréstimo em um prazo mais longo e com juros menores.
O que gerou contestação por parte da oposição é que uma das garantias colocadas no projeto foi o próprio Estádio Beira-Rio. As garantias de pagamento, em ordem, eram: arrecadação do quadro social, bilheterias, fundo de reserva e o Beira-Rio. A direção, no entanto, assegurava antes da votação que não haveria risco algum de perder o estádio.