Muricy recorda trabalho no Inter: “Cheguei sem jogador, sem dinheiro, Beira-Rio ruim e deixei um timaço”

Após o enorme susto de 2002 ao quase cair de divisão na fatídica partida salvadora contra o Paysandu, em Belém, o Inter decidiu reformular tudo. E passou a apostar nas categorias de base para, já em 2003, começar a colher frutos. No comando de tudo estava o técnico Muricy Ramalho, que ali iniciava a sua caminhada em grandes clubes brasileiros.

Veja também:
1 De 1.184

Só que Muricy sofreu ao chegar em Porto Alegre. Não tinha praticamente nenhum jogador, o clube não nadava em dinheiro e a estrutura de Beira-Rio e de concentração era precária. Ele relembrou mais detalhes daquela época em live com o jornalista Jorge Nicola, no YouTube:

“Quando eu fui pro Inter, em 2003, eu fui pra reformular tudo. O clube não tinha dinheiro, não tinha jogadores. No ano anterior conseguiu evitar a queda só no último jogo, brigou pra não cair. Mandaram todo mundo embora. Só que o Inter não tinha nada. O Beira-Rio estava ruim, a concentração era horrível. E aí montamos a estratégia de buscar jogadores na base, botar no time profissional e vender um por ano. Daniel Carvalho, Nilmar, Sobis, Edinho. Aí foi indo. O time foi encaixando e começou a fazer um bom campeonato”, explicou o ex-treinador e hoje comentarista do SporTV.

São Paulo quis levar Muricy em meio ao contrato com o Inter

Conhecido por sempre cumprir os seus contratos, Muricy Ramalho aguentou firme as tentativas do São Paulo em levá-lo em 2005, ano em que o Inter polarizou a disputa do título brasileiro que acabou de forma polêmica com o Corinthians.

“Durante esse tempo, o São Paulo me convidava. Eu no meio da boa campanha com o Inter em 2005, por exemplo, e o Juvenal (Juvêncio, ex-diretor e presidente do São Paulo) me ligava. Uma vez eu até estava viajando com o Inter e ele me ligou convidando pra ir pra lá. E eu falei: “Você vai me desculpar, mas eu tenho um compromisso e estou no meio do processo de renovação de um clube e aqui existe um planejamento, as coisas não podem ser assim”. E não fui. Duas vezes naquele ano o São Paulo tentou me levar”.

Muricy completou toda a temporada de 2005 no Inter e não renovou o contrato. Livre, aceitou conversar com o São Paulo após a saída de Paulo Autuori, que não ficou depois de ganhar o Mundial. Por ironia do destino, o mesmo Inter montado a duras penas nos últimos anos por Muricy, dessa vez com Abel Braga, venceu o tricolor paulista na decisão da Libertadores de 2006.

“Eu nem ganhava tão bem no Inter e o contrato não tinha multa nenhuma. Para mim, pessoalmente, seria ótimo. Ficar perto dos meus filhos, que me ligavam perguntando se eu era louco de não aceitar. Mas não fui pelo compromisso e pelo planejamento que a gente tinha no Inter. Aí depois do fim do contrato sim, no final de 2005, o São Paulo convidou de novo depois que o Paulo Autuori foi embora depois do Mundial. Eu já estava cansado de ficar longe da família. Acabei deixando um timaço pro Inter, que no ano seguinte ganhou de mim na Libertadores”, completou.

Confira a entrevista:

você pode gostar também