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Marcos Rocha cobra nova direção do Grêmio para definir logo o treinador de 2026

Marlon e Marcos Rocha reconhecem campanha aquém e pedem planejamento melhor para a próxima temporada

QUEM VAI SER?

O pós-jogo de Grêmio 1×2 Fluminense na Arena teve clima pesado e discursos bem francos na zona mista. A derrota em casa tirou praticamente de cena o sonho de pré-Conmebol Libertadores e deixou o Tricolor estacionado nos 46 pontos, em meio ao bloco dos times que brigam por vaga na Sul-Americana. Mais do que a frustração pela tabela, pesou o sentimento de oportunidade perdida justamente na última partida diante da torcida em 2025.

Nas arquibancadas, 23.689 torcedores prestaram apoio que foi constante durante os 90 minutos, mas deu lugar a vaias fortes após o apito final. Em campo, o time viu Soteldo marcar duas vezes, reagiu com gol de André Henrique e criou chances para empatar, sem conseguir transformar volume em resultado. A sensação geral, relatada pelos jogadores, foi de cansaço, frustração e de que a equipe ficou abaixo do que se espera do Grêmio ao longo da temporada.

No Grêmio, discurso é de aprendizado, desabafo e cobrança por 2026

Um dos primeiros a falar foi Marlon, que não fugiu da responsabilidade. O lateral-esquerdo admitiu que o grupo projetava outro desfecho para a despedida em casa, especialmente depois da vitória sobre o Palmeiras, que havia reacendido o ânimo na reta final do Brasileirão. Na avaliação do camisa 23, o time sentiu demais os dois gols sofridos em momentos-chave do jogo.

Marlon também apontou o peso físico e mental da partida, elogiou a capacidade do Fluminense de manter o nível com as trocas e projetou a necessidade de fechar o ano com vitória sobre o Sport, fora de casa. Mesmo reconhecendo erros individuais, ele reforçou que o elenco precisa virar a chave rapidamente para não terminar a temporada com mais uma frustração.

“Sim, um resultado que a gente não queria, até pelas competências que a gente tinha nos últimos dois jogos ainda. A gente tomou o primeiro gol no momento em que a gente estava melhor no jogo, tendo superioridade. Depois de tocar também a gente acaba tomando o segundo gol ali numa jogada boba no segundo tempo e aí tu corre atrás e depois tu começa a se expor e correr riscos, né? Mas… a gente lamenta o resultado, não foi da maneira que a gente queria, acredito também que a gente sentiu um pouco o ritmo no segundo tempo”, iniciou o defensor canhoto.

“Mas a gente tem que ir pra Recife agora buscar uma vitória pra terminar bem o Brasileiro. Ah, o torcedor quando o time não ganha vaia. Futebol, a gente tem que saber lutar com isso. Não foi um ano fácil pro Grêmio, né? Acho que a equipe como o Grêmio é uma equipe grande. Tem sempre que pensar em coisas positivas, brigar lá em cima na tabela. E agora, como eu falei, ir no jogo contra o Sport, tentar fechar o ano com uma vitória e pensar no ano que vem”, comentou Marlon, na zona mista da Arena.

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Marlon, concede entrevista na zona mista do Grêmio
Foto: YouTube/Alex Bagé

Marcos Rocha também avalia fase do Grêmio

Quem trouxe uma visão ainda mais ampla foi Marcos Rocha. Com a bagagem de anos vitoriosos no Palmeiras, o lateral-direito aproveitou a pergunta sobre o que o Grêmio projeta para 2026 e fez um balanço duro da temporada. Ele citou o número elevado de lesões, falou em “resumo do ano” para explicar as vaias e lembrou que, pela grandeza do clube, brigar apenas para fugir do rebaixamento não pode virar rotina.

Rocha também defendeu Mano Menezes, exaltou o esforço do treinador para remontar o elenco em meio a tantas baixas e pediu definição rápida sobre a permanência do técnico. Na leitura do camisa 2, o novo presidente precisa de tempo para montar um grupo mais robusto, com contratações pontuais, e evitar que o clube inicie 2026 ainda cercado de dúvidas no comando da equipe.

“Projetar, vamos fazer o melhor, a gente veste camisa do Grêmio, temos que ir para vencer. Queremos ter vencido dentro de casa, dar esse presente pro nosso torcedor. Acho que as vaias é resumo do ano, né? Não foi hoje que resumiu essas vaias. O clube começou um ano difícil, fizeram contratações. Contratações, infelizmente, sofreram lesões. Jogadores importantes poderiam contribuir pra essa reta final, né? E você joga contra a equipe qualificada, que vem aí com 7, 8 vitórias, confiante, com um conjunto bem elaborado, com a construção e planejamento muito bom, a gente vê o resultado que eles tiveram no Mundial de Clubes. Então acho que a gente, no próximo ano, nós temos que programar bem o nosso ano, as nossas competições, fazer as contratações certas para que o treinador possa ter opção”, iniciou Rocha.

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“Acho que, resumindo, a meta foi conquistada, que era se livrar o mais rápido possível da frustração de brigar pelo rebaixamento, acho que conseguimos isso, né? Mas triste pela campanha, pela grandeza do Grêmio, acho que merecia algo melhor. O nosso torcedor comprou a ideia de comparecer aos jogos, fazer o papel deles. Então acho que durante a partida eles fizeram o que é certo, apoiaram do começo ao fim e no final tem razão de cobrança. Não foi pelo jogo, foi o resumo do ano. Acho que o Grêmio ano que vem tem que brigar por coisas maiores, programar melhor”, ampliou.

“Tenho certeza que não foi culpa do nosso presidente que está aqui hoje. Ele fez as contratações, infelizmente lesões aconteceram. Ele não tem culpa quando acontecem as lesões. E o nosso novo presidente pode ter tempo aí em dezembro de planejar um bom elenco, né, definir um treinador mais rápido possível pra que a gente não comece o ano com essa dúvida. Acho que seria muito ruim pro Grêmio começar o ano sem ter um treinador, se vai ficar o Mano ou se vai sair, a gente espera que ele fique. Infelizmente ele não teve opção, ele teve que remontar um elenco dentro do momento difícil do clube, com muitas lesões. E com o que ele teve, ele conseguiu o objetivo que era não brigar pra não cair. E vamos ser sinceros, se a gente fosse consagrado com essa vaga pra Conmebol Libertadores seria um grande feito”, encerrou o jogador.

Marcos Rocha concede entrevista na zona mista do Grêmio
Foto: YouTube/Alex Bagé

No meio desse cenário, Willian também precisou responder sobre a reação negativa da arquibancada. Um dos mais participativos em campo, o meia reconheceu a frustração da torcida, mas tratou as vaias como parte da dinâmica do futebol. Para ele, a sintonia entre time e estádio segue forte, mesmo em um ano que termina abaixo das expectativas internas e externas.

Entre desabafos e autocrítica, o recado dos jogadores foi claro: o objetivo imediato é vencer o Sport, garantir uma vaga confortável em competição continental e usar as férias curtas para reorganizar o clube. A cobrança por planejamento e por um Grêmio mais competitivo em 2026 já começou bem antes do apito final da temporada.

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