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Inter coloca D’Alessandro para romper silêncio e falar com as rádios

Ídolo assume discurso, defende Abel e revela se será técnico em 2026

Na antevéspera da partida que pode selar queda ou salvação, o Inter decidiu mudar completamente a postura pública. Depois de dias de críticas pelo silêncio da direção, o clube escolheu Andrés D’Alessandro, ídolo histórico e atual diretor esportivo, como rosto e voz da instituição antes de Inter x Bragantino, domingo, 16h, no Beira-Rio. O argentino virou porta-voz da esperança colorada na luta contra o segundo rebaixamento da história. Ao mesmo tempo, colocou o elenco na linha de frente da responsabilidade pelo drama vivido em 2025.

A cobrança por manifestações era crescente. Em programas de rádio e redes sociais, jornalistas e comentaristas apontavam a ausência de dirigentes nos microfones justamente na semana da “final” contra o Bragantino. Até então, a única fala institucional havia sido o pronunciamento sem perguntas do vice de futebol José Olavo Bisol, logo após a derrota para o São Paulo, o que aumentou a sensação de distanciamento da direção em relação ao torcedor.

Na sexta-feira, esse roteiro mudou. D’Alessandro fez uma verdadeira maratona, passando por rádios como Gaúcha, Bandeirantes, Grenal e Guaíba, além de participação em TV aberta. Em todas elas, repetiu praticamente a mesma mensagem: o Inter ainda está vivo, precisa acreditar no improvável e, antes de olhar para os rivais, tem obrigação de fazer a sua parte no Beira-Rio. O foco principal foi um só: convocar o torcedor para transformar o estádio em caldeirão, lembrando viradas históricas já vividas pelo clube. “Não podemos brincar com a história do Inter, temos que ir até o último minuto”, comentou D’Alessandro.

Inter blinda Abel e aumenta cobrança sobre os jogadores

Um dos recados mais fortes da maratona de entrevistas foi a defesa pública de Abel Braga. Chamado pelo próprio D’Alessandro para assumir o time faltando duas rodadas, o técnico chegou ao vestiário carregando o peso da idolatria e da memória do Mundial de 2006. Em meio à pressão por resultados e ao temor de um novo rebaixamento, o diretor esportivo fez questão de separar o momento ruim da figura do treinador.

D’Alessandro enfatizou que Abel entrou em “situação extrema”, com pouco tempo de trabalho, e que não pode ser apontado como culpado caso o pior aconteça. Segundo ele, a missão do técnico é mobilizar o grupo, emprestar sua aura vencedora e tentar arrancar um último grande jogo da equipe contra o Bragantino. Ao mesmo tempo, o dirigente reforçou que o diagnóstico da temporada já está traçado internamente, mas que a hora é de canalizar todas as energias para a rodada final.

“Vou aproveitar para tirar toda a responsabilidade do Abel Braga, ele não tem culpa do que aconteceu e do que pode acontecer domingo”, disse D’Alessandro.

Se blindou Abel, o diretor esportivo não aliviou para os jogadores. Em diferentes entrevistas, D’Ale admitiu incômodo com a postura do elenco em momentos decisivos da temporada e lembrou que foram os próprios atletas que reconheceram falta de atitude em discursos recentes. O argentino reforçou que dirigentes e comissão técnica têm parcela de culpa, mas repetiu que “quem joga são eles” e que a maior responsabilidade sempre recai sobre quem está em campo.

D’Alessandro descarta ser técnico e mira reação em Inter x Bragantino

Outro ponto importante da maratona de entrevistas foi a tentativa de encerrar uma especulação: a possibilidade de D’Alessandro assumir o time nas duas rodadas finais ou até em 2026. A hipótese ganhou força após informação de jornalista argentino de que o diretor poderia virar treinador em caso de saída de Ramón Díaz. O próprio ídolo tratou de negar essa ideia.

Em conversa com a Rádio Guaíba, ele afirmou que em nenhum momento cogitou deixar o cargo de diretor esportivo para assumir a casamata depois da demissão de Ramón Díaz. Também descartou um eventual convite para 2026, deixando claro que seu projeto atual é de bastidores e não de beira do gramado. Ao mesmo tempo, reforçou que a direção tem avaliação interna sobre erros e acertos, mas que ainda não é o momento de expor diagnósticos publicamente, para não desviar o foco do jogo de domingo.

“Não passou pela minha cabeça virar treinador do Inter agora e nem para o ano que vem”, comentou D’Alessandro.

Dentro de campo, o cenário é conhecido e cruel. Para escapar do rebaixamento, o Inter precisa obrigatoriamente vencer o Bragantino no Beira-Rio e ainda torcer por uma combinação de dois tropeços entre Vitória, Fortaleza e Ceará, além de cenário específico no saldo de gols na partida do Santos. A conta é pesada, mas não impossível, e o próprio diretor esportivo lembrou em entrevistas que o futebol já viu diversas viradas na última rodada.

É nesse contexto de cobranças internas, pressão máxima e discurso de “última bala” que o Colorado chega para a decisão. D’Alessandro tenta recolocar direção, elenco e torcida no mesmo lado da trincheira, apostando que um Beira-Rio lotado e barulhento possa empurrar o time para a vitória e, com a ajuda dos resultados paralelos, para uma sobrevida na Série A.

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