O torcedor do Inter até hoje se pergunta: por que Fernandão não voltou ao clube ao decidir retornar ao Brasil em 2009? Cerca de um ano depois de sair do Beira-Rio rumo ao Al-Gharafa, do Catar, o antigo camisa 9 abriu conversas com o colorado, mas um telefone fora do ar e um desacerto em um email fizeram ele topar a proposta do Goiás, que foi seu primeiro time na carreira.
Quem conta a história é o ex-presidente Fernando Carvalho, responsável por trazer Fernandão em 2004 e que estava como dirigente do clube em 2009. Em entrevista ao jornalista Filipe Gamba, o antigo dirigente relatou que ficou sem telefone durante a viagem para a disputa da Copa Suruga, no Japão, naquele ano, o que atrapalhou totalmente as tratativas com o capitão:
“Quando o Fernandão estava no Catar, ele quis voltar e me ligou. E eu queria que ele voltasse. O Nilmar seria vendido. Não era a mesma característica, mas eu queria que ele voltasse. Só que eu viajaria na Copa Suruga, no Japão. Inicialmente iria o Piffero, que era o presidente do clube. Combinei com Fernandão para ele ir a Porto Alegre. Mas deu algum problema com o Piffero e eu fui ao Japão. O Fernando veio para o Brasil, mas eu não estava em Porto Alegre. Eu não poderia atender ele pessoalmente, mas poderíamos ir nos falando”, citou Carvalho, antes de ampliar:
“O meu telefone lá no Japão saiu totalmente do ar. Deu algum terremoto e eu fui dos únicos que perdeu totalmente a conexão. Aí eu mandei um email para ele dizendo que o meu telefone estava fora do ar e que era para ele se comunicar através do Newton Drummond, o Chumbinho, que era o assessor da direção e estava sempre comigo. O que que o Fernandão entendeu? Que eu tinha dito para ele tratar com o Chumbinho. Como se tivesse diminuindo a importância dele, mas jamais fiz isso. Aí eu fiquei esperando e ele acertou com o Goiás”.
Ambos ficaram um tempo sem se falar e Fernandão chegou a fazer críticas ao dirigente. Mas eles conversaram assim que o antigo centroavante retornou ao clube como diretor esportivo na gestão de Giovanni Luigi. A conta foi “zerada” antes da morte do ex-jogador, em acidente de helicóptero, em 2014.
Outras falas do ex-presidente do Inter nesta entrevista :
“Eu sou daqueles que penso que primeiro tu tem que mandar em casa, para depois conquistar fora. Sempre preguei isso. Eu acho que o Inter tem que priorizar o Gauchão para depois dar saltos maiores. Nós temos que voltar a ganhar e ter postura de clube assim. Enfatizar internamente que quer ganhar. Não adianta dizer que o Gauchão não interessa e que só a Libertadores vale. Acho que devemos priorizar o Gauchão pela nossa ausência de títulos e pela possibilidade do nosso rival nos igular no feito histórico do octacampeonato”
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“Não tenho ido aos jogos. Eu prefiro ficar em casa, sou comodista. Hoje sou torcedor de sofá. Tenho 72 anos. O último jogo que eu fui foi na despedida do D’Alessandro. Acho que a imagem não ficou manchada por 2016, mas tem gente que força essa barra. Eventualmente vem alguém no Instagram e diz: ‘Tu rebaixou o Inter’. Mas eu não me importo, eu tinha a obrigação de fazer o que eu fiz. Pior se eu não fosse. O Inter é como família para mim. Se manchou, azar”
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“Eu faria tudo de novo. Um grande clube quando chega na lomba é difícil segurar. Os jogadores não acreditavam mais que poderiam tirar. Eles estavam abatidos e não conseguimos reanimar. Por mais que fizesse reunião, cobranças. Na terceira semana, me dei conta que aquilo estava demais. Ainda tentamos conseguir, mas era muito difícil”
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“Não tenho nada contra o Fossati. Eu nem respondo ele. Eu sei que ele faz críticas a mim e eu aceito. Ele foi importante. Mas eu julgo, respeitosamente, que se não mudasse não teríamos vencido. O Inter era um time que não vencia fora de casa. E eu entendo que time que não ganha fora não é campeão. A gente jogava com três zagueiros, mas os nossos laterais não eram alas. Nosso time era lento. Entendíamos que precisávamos mudar“