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Empresas ligadas a Delcir Sonda voltam à carga e cobram R$ 60 milhões do Inter na Justiça

Quatro ações ligadas à contratação de D’Alessandro e a empréstimos de 2018 pressionam o Inter

O Inter vive mais um capítulo delicado na sua já conhecida batalha para organizar as finanças. Empresas ligadas ao empresário Delcir Sonda ingressaram com quatro ações na Justiça cobrando, juntas, R$ 60,5 milhões do clube. As cobranças envolvem a contratação de Andrés D’Alessandro em 2008 e empréstimos feitos em 2018, ano do retorno colorado à Série A. A informação foi revelada pelo Correio do Povo e detalha como dívidas antigas cresceram com juros, multas e honorários ao longo dos anos.

Sonda é um personagem antigo na história recente do Inter. O investidor ajudou a viabilizar reforços importantes, como o próprio D’Alessandro, e por muitos anos foi parceiro direto em negociações de jogadores. Em 2018, o empresário protagonizou um gesto tratado como decisivo para o equilíbrio do balanço colorado: perdoou cerca de R$ 25 milhões em dívidas do clube, operação apresentada pelo Inter como uma espécie de “doação” e noticiada por diferentes veículos de imprensa. Na prática, aquele movimento reduziu o passivo imediato e evitou que o déficit daquele exercício fosse ainda maior.

As ações atuais, no entanto, dizem respeito a valores que ficaram fora daquele perdão. Segundo o Correio do Povo, em matéria escrita pelo jornalista Fabrício Falkowski, duas das quatro ações têm origem na compra dos direitos econômicos de D’Alessandro em 2008. Na época, uma empresa ligada a Sonda bancou a operação e ficou com os direitos do argentino, com a previsão de ser ressarcida quando o jogador fosse revendido. Como a revenda nunca aconteceu, o então presidente Marcelo Medeiros assinou, em 2020, uma confissão de dívida equivalente a 3 milhões de euros, cerca de R$ 18,9 milhões naquele momento.

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Metade desse valor foi posteriormente repassada à Icipar Empreendimentos e Participações S.A., que abriu tratativas com o departamento financeiro colorado para receber R$ 8,2 milhões. Em 2023, as partes chegaram a um acordo de pagamento em cinquenta parcelas mensais, pouco acima de R$ 200 mil cada. O Inter, no entanto, pagou apenas cinco prestações entre outubro de 2023 e junho de 2025. Diante do descumprimento, a Icipar levou o caso à Justiça e agora cobra R$ 16,4 milhões, já com atualização de juros e multas.

A outra metade da dívida de D’Alessandro continua com a Displan, também ligada a Sonda. Depois de uma notificação extrajudicial enviada em janeiro de 2025, a empresa também ajuizou ação para cobrar sua parte, calculada hoje em R$ 13,7 milhões. Além disso, a Displan move outros dois processos referentes a empréstimos feitos ao Inter em 2018, um de R$ 10 milhões e outro de R$ 2,6 milhões. Todos esses valores foram corrigidos ao longo do tempo, e juntos formam o montante de R$ 60,5 milhões atualmente exigido judicialmente.

O efeito imediato não é apenas esportivo, mas contábil. A partir do momento em que as ações são protocoladas, os valores deixam de ser vistos apenas como contingência futura e passam a ser registrados na coluna de dívidas efetivas do clube. O próprio Correio do Povo aponta que essa mudança deve dificultar a previsão de superávit no balanço de 2025, obrigando o Inter a rever projeções e apertar ainda mais o planejamento de investimentos para 2026.

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Procurado pelo jornal, o Inter afirmou que as demandas tratam de “questões antigas” e que o departamento jurídico mantém conversas com a equipe de Delcir Sonda para tentar negociar os valores. O clube também reforçou a condição histórica do empresário como parceiro do Colorado. Enquanto diretoria e Conselho Deliberativo tentam achar um caminho, a cobrança de R$ 60,5 milhões expõe novamente como decisões empurradas para frente em diferentes gestões voltam a aparecer com força justamente num momento em que o Inter busca reconstrução esportiva e administrativa.

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