Com passagens por grandes veículos tradicionais de comunicação do Rio Grande do Sul – e de volta à Bandeirantes em 2020 -, Fabiano Baldasso cresce ano após ano em um mercado que vem servindo de divisor de águas para o jornalismo: a internet. Com público em todas as redes sociais, o jornalista que se assumiu colorado em 2016 foi recompensado com uma expressiva votação na enquete do Zona Mista, sendo eleito o melhor jornalista esportivo gaúcho com 17% dos votos – 8.636 de 50.100, com um mês de pesquisa no ar – veja os números logo abaixo.
Em entrevista exclusiva ao ZM, Baldasso se mostrou honrado pela vitória, falou do momento que vive em sua própria carreira, viu com bons olhos a chance do Inter faturar um grande título em 2020 e explicou detalhadamente o que considera o chamado “sistema azul” – confira:
Zona Mista: Você teve 8.636 votos de um total de 50.100 na nossa enquete, ganhando com 17% da preferência do público. Como você recebe o carinho de quem te elegeu o melhor jornalista do RS?
Fabiano Baldasso: Primeiro, parabéns pela iniciativa de vocês. Segundo, parabéns pelo trabalho que vocês fazem, eu acompanho muito o trabalho de vocês. Eu fico muito honrado e lisonjeado. E não é questão de ficar envaidecido por coisas fúteis. Fico lisonjeado porque sou um jornalista que construiu esse público na internet e com a internet. Eu não precisei dos veículos de comunicação pra isso. E creio que isso representa um novo momento. Claro que circulei e hoje retornei a um dos veículos tradicionais, mas esse meu público de internet, que eu tanto tinha intenção de angariar, ele veio com o trabalho que eu faço nas redes sociais. Tenho muito orgulho desse trabalho e sei que ele é abrangente. Desse total de votos, eu imagino ter sido muitos de adolescentes e de gente jovem. E eu não sou mais guri, estou com 46 anos e fico feliz que esse público jovem me acompanhe. É uma honra e uma responsabilidade, porque se tem esse número grande de votos é porque o público espera de mim muitas coisas e eu espero cumprir.
ZM: Qual o tamanho do orgulho de ter ficado na frente de jornalistas experientes e renomados do estado?
FB: Fico também lisonjeado por ter ficado na frente de jornalistas muito experientes, com história dentro dos veículos de comunicação tradicionais. Vejo que é um processo. Hoje o mundo da internet se divide com os veículos tradicionais. Não há mais um monopólio de informação e opinião só dos veículos tradicionais. Nesta lista de vocês tem muita gente de internet. Tem o Lucas Collar, por exemplo, que eu acompanho muito. Ele construiu na internet o seu público. Tem espaço pra todo mundo e eu fico muito feliz por ter sido o mais lembrado.
ZM: Você diria que a sua carreira mudou para melhor ao resolver se identificar com o Inter em 2016? Qual a principal mudança dentro de todo esse processo?
FB: Me identificar com o Inter, lá em 2016, foi um anseio pessoal. Eu queria levar o meu filho pro estádio e também parar com essa bobagem de ter que ficar escondendo o meu time depois de 20 anos trabalhando no meio. E também um anseio profissional. Eu achava que o Inter era mal representado no mundo da comunicação. Eu assumi o meu time para ser um defensor do meu time, como vocês podem ver hoje. Existiam riscos profissionais, claro, mas acabou sendo absolutamente importante pra mim. Hoje a torcida do Inter me identifica como um cara que a representa e eu tenho muita responsabilidade pra cumprir a expectativa em relação a isso.
ZM: Falando especificamente sobre o Inter, Baldasso. Você sente que um grande título é possível de ser alcançado em 2020?
FB: Eu vejo que um processo está sendo feito já há alguns anos. As pessoas têm que ter noção que em 2015 e 2016 o Internacional foi demolido, destruído e ficou em escombros. Destroços. E que o presidente Marcelo Medeiros, quando assumiu em 2017, precisava fazer tudo de novo. Ele começou tudo do zero. Isso não daria títulos e frutos importantes no primeiro ano. Nem no segundo, nem no terceiro. Agora sim. Agora o clube está pronto e reconstruído pra ganhar títulos. Temos um bom grupo, um treinador muito interessante e eu acho que tem tudo para que o 2020 seja o ano da retomada dos títulos expressivos.
ZM: Como você reage às criticas e o quanto elas te deixam chateado quando colorados, nas redes sociais, dizem que você não critica o Inter, direção e jogadores por trabalhar no departamento social do clube?
FB: Quando eu assumi ser colorado, eu assumi um compromisso comigo mesmo. Eu tinha passado 20 anos fazendo parte do “sistema azul”. Que eu chamo e a galera abraçou a minha causa. É um sistema que protege o Grêmio e prejudica o Internacional. Então qual era o meu compromisso? Que, a partir dali, eu protegeria o Inter. Eu passaria a ser propositivo. Vocês não vão me ver dando um pau no Inter nunca mais na vida. Do tipo: “Esse aí não joga nada, manda embora”. Isso eu nunca mais farei. A minha postura passou a ser essa em 2016, quando eu me assumi colorado e antes mesmo de trabalhar no clube. Não mudarei isso. Claro que na hora que o time perde, que ocorre uma crise, eu viro vilão também. Como eu sou referência, e a pesquisa de vocês mostra isso, eu fico visado. Quando o time está bem, o Baldasso é herói. Quando o time está mal, o Baldasso é vilão. Mas não tem problema, faz parte do processo. Agora, eu não vou jogar o Inter pra baixo nunca, mesmo quando estiver mal. É sempre pra cima.
ZM: Nos últimos meses, você tem batido na tecla de que há um “sistema azul” na imprensa gaúcha que serve de proteção ao Grêmio. Isso existe, de fato?
FB: Galera, quando eu falo do “sistema azul”, eu falo com conhecimento de causa. Eu não acho que as pessoas que fazem parte disso, façam de má fé. Está no subconsciente. O que é o sistema? São as instituições de futebol, as instituições jurídicas, as instituições jornalísticas, administrativas… todas protegem o Grêmio no Rio Grande do Sul e batem no Internacional. Por que isso acontece? Primeiro que a maior empresa de comunicação do estado é comandada por um gremista fanático. E tu sempre vai, mesmo que inconscientemente, agir a favor do teu chefe. Mas não é só isso. Eu acho que os gremistas foram bem competentes com o passar dos anos. Porque sempre souberam se juntar e brigar pelos interesses do clube. E ganharam esse sistema ao seu favor. Os colorados, ao contrário, brigavam entre si. E ainda hoje existe isso. Colorados brigam dentro de si mesmo. E não pra fora. Eu, modéstia à parte, sinto que estou ajudando a mudar isso. Ajudando a mostrar aos colorados que precisamos combater pra fora esse sistema. Pressioná-lo para que atue com neutralidade. No fim, isso é ruim. Porque as manchetes sempre são pesadas para o Inter e são favoráveis para o Grêmio. É claro que existe o “sistema azul”. Nem precisa ir longe ou muito esforço. Pega duas ou três manchetes de pós-jogo que isso tudo fica bem claro. É sempre proteção ao Grêmio e prejuízo ao Internacional.
Os números finais da enquete:
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