O Grêmio conseguiu logo nos primeiros meses de 2019 arrecadar uma bolada financeira de R$ 42 milhões sobre um jogador que sequer atuou no profissional. De forma quem sabe até inédita, Tetê foi vendido assim ao Shakthar Donetsk, da Ucrânia, e ainda reconhece uma ponta de mágoa por não ter tido chances de se apresentar à torcida.
À Rádio Gaúcha, nesta semana, o jovem atacante de 20 anos disse que chegou a conversar com o presidente Romildo Bolzan Jr destacando que queria ficar e ter a chance de treinar entre os profissionais, mas não foi atendido.
“Não queria aumento de salário, não queria nada, queria uma oportunidade para treinar. O presidente falou que no momento não dava. A gente olha para o outro lado e tem uma proposta da Europa pagando o que ia pagar. A gente não tinha como discutir isso. Foi a gota d’água”, comentou.
Jogador ainda lamenta a forma como foi embora do clube – Foto: Lucas Bubols/Globoesporte.comSem citar nomes, rebateu quem dizia, à época, que ele não estaria pronto para estar no time de cima.
“Não tenha dúvida nenhuma de que eu já estava pronto, porque eu cheguei aqui e confirmei. Uma coisa é falar que vai confirmar, outra coisa é confirmar. Muitas pessoas falaram que eu não estava pronto para subir, e agora devem estar com uma orelha de burro em cima da própria cabeça porque não sabem o que falaram antes”.
Sobre o “caso Tetê”, Renato fez críticas em coletiva antiga
Em coletiva de imprensa após uma vitória por 2×0 sobre o Veranópolis, pelo Gauchão de 2019, na Arena, Renato subiu o tom ao falar da situação de Tetê e aproveitou a ocasião para se direcionar a todos os jovens da base gremista:
“Não vale só para o Tetê. Enquanto eu for treinador do Grêmio, o jogador da base vai chegar no profissional quando ele merecer. Não adianta vir empresário ou amigo tumultuar. Vai subir quando eu achar que deve, quando fizer as coisas certas, quando merecer. O jogador da base do Grêmio precisa merecer estar no grupo principal. Foi para seleção? Tudo bem, mas comigo tem que jogar. Foi assim com todos eles, com Luan, Everton, Pedro Rocha… todos sofreram para estar no clube. Foi para a sub-20? Mas pra mim não quer dizer nada. Só fica no Grêmio se for pro time principal? Boa viagem. Desejo sucesso. O jogador precisa valorizar onde ele está. Quer chegar no profissional? Prova que tem condições de chegar. É só carne de pescoço para chegar aqui em cima”, frisou na época o treinador, que foi favorável à venda do atacante.
O jovem, vale lembrar, é empresariado por Pablo Bueno, o mesmo representante de Ferreira, que move ação trabalhista na Justiça pedindo a rescisão com o tricolor.
Ainda sobre Tetê, o tricolor permanece com direito a 15% de uma futura venda do Shakhtar para um novo time e 3% fixo de todas as demais transferências pelo “mecanismo de solidariedade”. Newcastle e Leicester já foram apontados como interessados no atleta. Uma eventual negociação, dentro dos parâmetros desejados pelos ucranianos, poderia render cerca de R$ 73 milhões aos cofres do Grêmio.