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D’Alessandro quebra o silêncio e defende gestão do Inter em meio à chegada de Alan Rodríguez

Dirigente reconhece frustração da torcida, explica limites financeiros do clube e projeta retomada após derrota para o Fluminense

Antes da apresentação oficial do meio-campista uruguaio Alan Rodríguez no Beira-Rio, o coordenador de futebol Andrés D’Alessandro decidiu abrir espaço para um desabafo direto à torcida colorada. Em fala espontânea aos jornalistas presentes, o ídolo argentino abordou a derrota para o Fluminense na Copa do Brasil, os bastidores da contratação de Alan e o momento delicado que vive o clube — tanto em campo quanto fora dele.

“Sei que estamos devendo. Sei que a expectativa criada não teve resposta à altura. Mas não vamos abandonar a busca por soluções. É nosso dever com o torcedor”, disse D’Alessandro em tom firme, antes de passar a palavra ao novo reforço.

Contratação de Alan e dificuldade para inscrição na Copa do Brasil

Segundo D’Alessandro, o Inter enfrentou uma série de obstáculos na negociação de Alan Rodríguez, que envolveu o pagamento de US$ 4 milhões por 80% dos direitos econômicos junto ao Argentinos Juniors e ao Boston River, do Uruguai.

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“Estamos trazendo um cara que foi capitão do seu time. Houve resistência, concorrência de clubes grandes da Argentina. Utilizamos todas as armas para convencer ele da força que tem o Internacional no mundo e no Brasil.”

Apesar da operação bem-sucedida, o volante não pôde ser inscrito para as oitavas da Copa do Brasil por conta do prazo apertado — fato que gerou críticas à diretoria. D’Alessandro rebateu:

“Chamam o departamento de futebol de incompetente, por não conseguir inscrever o Alan. Mas foi uma operação longa, difícil, e não temos poder financeiro para comprar e resolver em dois dias.”

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Inter resiste a fazer loucuras no mercado e tenta alternativas

Um dos pontos centrais do discurso de D’Alessandro foi sobre a condição financeira do clube, que limita sua atuação agressiva no mercado. O dirigente destacou que o Inter está distante de clubes que podem gastar cifras milionárias com rapidez, mas isso não significa omissão:

“Se eu tenho dinheiro, em dois, três dias resolvo uma contratação. Hoje o Inter não tem essa condição. Não por estar mal, mas porque escolhemos caminhos sustentáveis.”

De acordo com ele, o clube investe em métodos de convencimento, contexto institucional e valores humanos para atrair reforços. Alan, por exemplo, já conhecia o Inter desde 2017, quando visitou o museu do clube em uma competição juvenil com o Defensor Sporting — fato revelado pelo próprio jogador em sua apresentação.

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“Pode ser que ele tenha ou não período de adaptação, mas pelo que vimos, duvido que precise. Está muito entrosado desde o primeiro contato”, disse D’Alessandro.

Torcida é cobrada e defendida: “Que não se contamine”

Em tom emocional, D’Alessandro fez questão de falar diretamente com o torcedor colorado, pedindo apoio, criticando algumas narrativas e reconhecendo os erros do departamento de futebol:

“Admitimos que a expectativa não está sendo correspondida. O torcedor tem o direito de cobrar — como fez outro dia. Mas que não se contamine. Que fique junto. Esse time precisa da torcida.”

Ele também relembrou críticas passadas, quando o meio-campo do Inter foi chamado de “asilo” por alguns veículos, e comparou com a valorização atual de peças como Fernando, que se lesionou:

“Há quatro meses diziam que nosso meio era um asilo. Hoje se fala só do Fernando. Craque é para poucos. E para repor craque precisa de muito dinheiro. Nós não temos.”

Por fim, D’Alessandro reafirmou que confia no elenco e pediu tempo para que os novos contratados possam mostrar valor:

“A comissão técnica tem qualidade. O elenco é um dos melhores que já vi desde que voltei. As soluções vão surgir como surgiram em 2023. Mas precisamos de apoio.”

O que exatamente D’Alessandro falou:

“Pessoal, boa tarde. Obrigado por terem vindo. Como sempre, vou tomar alguns minutos para informar vocês e falar algumas coisas:

Vocês viram que estou falando pouco. Alguns dizem que estou sumido, mas estou sempre no CT. Quem quiser me procurar, estou lá todos os dias, desde cedo até o final da tarde. O departamento de futebol está sempre presente, trabalhando.

Estão circulando muitas informações, e precisamos esclarecer algumas. Esta mensagem é para o torcedor — especialmente para o nosso torcedor. Sei que está chateado. Sei que viemos de uma derrota que não esperávamos, sempre respeitando nosso adversário, o Fluminense, que é forte no mata-mata, difícil, complicado.

Mas há notícias que precisamos esclarecer. Uma delas é sobre contratações e sobre a força e o poder financeiro que o clube tem hoje. Não sei se isso ficou muito claro para os nossos torcedores, não sei se ficou claro para vocês, jornalistas, veículos identificados ou não: nós não temos problema financeiro, mas também não temos força para fazer loucuras e competir hoje, no mercado brasileiro, com potências e equipes que estão contratando valores absurdos.

Acho que já falamos isso. Foi dito por mim, pelo nosso vice-presidente, pelo nosso presidente, sempre que nos pronunciamos. Não temos essa força e por isso buscamos outras armas, outros caminhos, outras ferramentas para convencer atletas e jogadores de outras equipes a jogarem no Sport Club Internacional.

O clube fez um esforço enorme, dentro das nossas possibilidades, para trazer jogadores que possam nos ajudar, que possam brigar pelo seu espaço, dentro das características que precisamos como clube e que a comissão técnica — o Rocher — busca. Tudo é consensuado, sempre buscamos equilíbrio para contratar jogadores que são acompanhados há muito tempo pelo clube, e que também contam com a aprovação do treinador.

Muito se fala sobre a ausência do Fernando. Mas não vamos descobrir nada falando dele aqui. Ele é craque. Craques são poucos. A palavra “craque” é para poucos. Como substituir um craque? Com dinheiro — muito dinheiro. E nós não temos esse poder hoje. Sim, hoje nós não temos.

Precisamos valorizar o esforço que o clube está fazendo. Precisamos valorizar os jogadores que chegaram, e eu tenho plena certeza de que eles vão nos ajudar. Não trouxe nenhuma folha com números, volto a repetir: confio nos jogadores que estamos trazendo. Se vão render ou não, isso não depende só da gente. Existe um trabalho da comissão técnica, do nosso ambiente, para que eles se adaptem o mais rápido possível ao clube e à cidade.

Sendo brasileiros, é mais fácil. Sendo estrangeiros, como o Alain, pode haver um período de adaptação — ou não. Temos que estar preparados. Pelo que já vimos dele, duvido que precise de muito tempo. Desde o primeiro contato, ele se preocupou muito com o clube.

Quero deixar claro: fizemos um esforço grande para trazer jogadores dentro da nossa realidade, daquilo que a comissão e o Rocher precisam, sempre buscando equilíbrio. A contratação do Alain está sendo trabalhada há muito tempo.

Outro ponto que quero esclarecer: hoje chamam a diretoria de incompetente, chamam o departamento de futebol de incompetente, porque demoramos, porque tínhamos um mata-mata pela frente e não conseguimos inscrever o Alain nas oitavas de final da Copa do Brasil. Tivemos vários obstáculos. Era uma contratação muito desejada. Estamos trazendo um cara que foi capitão de seu time, uma liderança, o líder da equipe, com grande resistência para liberá-lo e muita concorrência de grandes times da Argentina.

Ele vai falar depois. Houve disputa até o último minuto. Usamos todas as armas e ferramentas para convencê-lo, para mostrar o que significa o Sport Club Internacional para nós, o que significa e a força que tem no Brasil e no mundo. Ele já conhecia o clube, mas precisávamos fazer nosso trabalho. Se não conseguimos competir financeiramente com algumas potências, temos que encontrar outros caminhos. E esses caminhos são demorados, complicados, difíceis de decidir em dois ou três dias.

Se eu tenho dinheiro, em dois ou três dias — em uma semana, no máximo — consigo trazer o jogador. Hoje, o Internacional não dispõe dessa condição. Quero deixar isso muito claro. Não é que o Internacional está mal. E não é o único clube que enfrenta dificuldades. Muitos clubes no Brasil vivem isso. Vocês sabem disso melhor que eu. Há dois ou três clubes hoje que têm condição de comprar e inscrever um jogador em dois ou três dias. O resto está brigando, como nós.

Nosso elenco é muito melhor. Quero voltar a falar do Fernando, porque lembrei agora: três ou quatro meses atrás diziam que o meio-campo do Inter era um “asilo”, não diziam? Dito por vocês, por veículos identificados. A soma de 3 ou 4 jogadores ultrapassava os 100, 120 anos. Hoje, só se fala do Fernando.

Repito: jogador craque, acima da média. Infelizmente, ele se machucou. Precisamos encontrar uma solução. Podemos ser criticados pela solução que encontramos, ou não — mas não faremos loucuras. Não vamos colocar o clube em um risco desnecessário.

Preciso frisar: já falei, mas repito — participei de muitos elencos, e hoje, para mim, o elenco do Inter é um dos melhores dos últimos anos. E continua sendo, em termos de qualidade, características individuais, coletivas, comissão técnica. A experiência dos jogadores está entre as melhores dos últimos anos. Acreditamos muito neles.

Por outro lado, reconhecemos — e essa é uma mensagem ao torcedor — reconhecemos que a expectativa criada não está sendo correspondida. Estamos devendo. Precisamos encontrar soluções, junto com a comissão e o treinador. E vamos encontrar essas soluções, como fizemos no ano passado, quando tivemos uma campanha muito boa no Brasileiro. Como também no início deste ano, que começou bem, mas depois tivemos várias lesões e jogadores machucados. Ainda assim, nos classificamos nas duas competições, nacional e internacional.

Melhoramos no Brasileirão em termos de resultado, mas o rendimento não corresponde ao resultado — e isso é verdade. Admitimos e vamos buscar soluções.

E, para fechar, deixar vocês com o Alain — ele é o protagonista — mas eu precisava aproveitar e falar essas coisas. Desculpa, desculpem-me. Vocês vão entender que às vezes precisamos nos pronunciar.

Ia falar algo importante, mas agora esqueci. Me desconcentrei. Mas é isso, pessoal. Sei que muitas mensagens têm endereço certo — para mim. Entendo perfeitamente. Podem continuar falando — eu vou trabalhar. E se eu errar, que a torcida não se contamine. Que a torcida… mesmo reconhecendo nosso rendimento, que não se contamine. Que fique junto com a gente, que cobre quando necessário — como fez recentemente —, que exerça seu direito, mas que esteja presente. O time precisa da torcida. Sei que estão fazendo sua parte — mas não nos abandonem. Vamos fazer tudo para melhorar.” — D’Alessandro.

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