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Conselho do Internacional prepara ofensiva para tirar Barcellos do poder, afirma jornalista

Risco de rebaixamento e rombo nas contas empurram Barcellos à parede

Encurralado?

O Inter chegou à última rodada do Brasileirão em colapso esportivo e político. A goleada sofrida para o São Paulo por 3×0, na Vila Belmiro, deixou o time em 18º lugar, com 41 pontos, virtualmente rebaixado para a Série B de 2026. Muito antes do duelo decisivo contra o Bragantino no Beira-Rio, porém, o que domina os bastidores é outro assunto: a renúncia do presidente Alessandro Barcellos, hoje alvo de forte pressão de conselheiros, oposição e parte da torcida.

O cenário esportivo é dramático. Para escapar da queda, o Inter precisa vencer o Bragantino e ainda torcer por uma combinação de dois de quatro resultados, exatamente como explicou o jornalista Alexandre Ernst em seu canal, ao detalhar os jogos de Vitória, Fortaleza, Ceará e Santos. No limite, o clube gaúcho depende de tropeços em série dos rivais e ainda de diferença no saldo de gols. Na prática, o próprio setorista admite que o rebaixamento é “virtual”, embora evite cravar a queda como consumada.

Enquanto o campo desaba, a política ferve. Segundo Ernst, conselheiros e figuras influentes da política colorada articulam uma ofensiva direta para tirar Barcellos do cargo. A estratégia passaria por uma reunião logo após o fim do campeonato, na qual o presidente ouviria um recado duro: ou renuncia, ou corre o risco concreto de ter suas contas reprovadas em um cenário de déficit considerado “enorme” para 2026. A pressão surge a partir de relatos recentes de que conselheiros, sobretudo da oposição, já falam em exigir formalmente a renúncia da gestão no Conselho Deliberativo.

Crise política no Inter: renúncia em pauta e buraco nas contas

O ponto central da insatisfação vai além do rebaixamento iminente. Ernst relata que o balanço financeiro do Inter deve registrar um rombo expressivo, impulsionado pelo acordo com a Liga Forte União. O clube antecipou cerca de R$ 200 milhões ao ceder 20% de seus direitos de TV por 50 anos, mas só metade desse percentual teria sido efetivamente vendida, com os outros 10% repactuados e “devolvidos” ao Colorado. Isso obriga a retirar mais de R$ 100 milhões projetados em receitas futuras do orçamento atual, inchando o déficit. A crítica se soma a relatórios recentes que apontam déficit acumulado superior a R$ 40 milhões até setembro e dívida próxima de R$ 1 bilhão, cenário que poderia piorar muito numa Série B.

A leitura de conselheiros e oposicionistas é de que a permanência da gestão Barcellos fragilizaria o clube perante credores, mercado e até elenco. Em resumo, o Inter teria de encarar uma queda de receitas de TV estimada em até 90%, como ocorre na transição da Série A para a Série B, ao mesmo tempo em que carrega uma estrutura de custos montada para disputar Conmebol Libertadores e parte de cima do Brasileirão. Para viabilizar o orçamento, estudos já falam em cortes salariais e enxugamento profundo do elenco, linha que o próprio Zona Mista abordou ao tratar do risco de redução de folha em caso de queda.

Dentro desse contexto, Ernst descreve um Inter “sem credibilidade” no mercado, obrigado a renegociar atrasos com atletas, empresários e clubes. O jornalista cita acordos reescalonados, pendências com times estrangeiros e processos na FIFA envolvendo casos como Bustos, Cuesta e negócios com Racing e Lanús. A percepção de calotes, somada à possibilidade de novo rebaixamento em menos de uma década, alimenta o discurso de que a única saída política seria a renúncia imediata da atual gestão para tentar reconstruir a confiança do clube do povo.

É a partir dessa avaliação que vem uma das frases mais duras do vídeo, voltada diretamente à cúpula colorada. Depois de listar processos, cobranças e acordos atrasados, Ernst dispara contra o comando do clube e resume o sentimento de parte da torcida organizada e dos credores:

O Inter hoje é um clube de dirigentes caloteiros. dirigentes que não pagam os seus acordos sejam com empresários, com jogadores ou com clubes, não pagam os próprios atletas“, criticou Alexandre Ernst.

A insatisfação externa encontra eco nas arquibancadas. Faixas e protestos no entorno do Beira-Rio, em 2025, já vinham pedindo as saídas de Barcellos e do vice de futebol José Olavo Bisol, classificando a gestão como “fracassada”. Nas redes sociais, após o 3×0 para o São Paulo, a reação foi ainda mais forte, com torcedores cobrando não apenas explicações, mas um gesto concreto de responsabilização. Em editorial recente, Zona Mista mostrou como a apresentadora Renata Fan, colorada assumida, chegou a pedir a renúncia do presidente em meio à sequência de fracassos da temporada.

Na mesma linha, o jornalista colorado lembra que dirigentes e jogadores saíram da Vila Belmiro sem falar com a imprensa, chamando o comportamento de “covarde” e sem “hombridade” com o torcedor. Segundo ele, quando um atleta fala aos microfones de rádios tradicionais ou identificadas, está falando diretamente com quem sofreu a humilhação. No lugar disso, o que se viu foi um silêncio no vestiário, seguido de um pronunciamento de Bisol classificado como “ridículo” nas redes.

Em outro trecho do vídeo, Ernst relata sua própria revolta com a postura da direção e com a ideia de que bastariam desculpas protocolares num pronunciamento para acalmar o ambiente. Para ele, o torcedor colorado quer algo muito mais profundo do que frases prontas ou promessas vazias no microfone:

Ninguém quer desculpa, a gente quer, o torcedor do Inter quer ser representado com uma renúncia, né? Com um ‘brigado por nada’ e sair do comando do futebol“, comentou Alexandre Ernst.

Enquanto isso, em outras frentes da imprensa esportiva, a palavra “renúncia” também se repete. Setoristas apontam que conselheiros devem levar ao Conselho Deliberativo uma exigência formal para que Barcellos e todos que fazem parte de sua gestão deixem seus cargos, ainda que ninguém tenha poder estatutário para obrigá-los a assinar o pedido. Em paralelo, veículos especializados já explicam como seria o processo de escolha de um novo presidente, caso a renúncia se confirme após o fim do Brasileirão, com a convocação de novas eleições indiretas ou diretas, conforme o estatuto do clube.

Por ora, Alessandro Barcellos segue oficialmente no cargo, com mandato até o fim de 2026. A diferença é que, desta vez, entrará no Beira-Rio para a partida contra o Bragantino cercado por faixas, cobranças e um consenso raro entre torcida, oposição e parte da imprensa: qualquer desfecho que não passe por uma mudança profunda no comando do Inter — com ou sem renúncia imediata — tende a aprofundar ainda mais o abismo esportivo e financeiro em que o clube se encontra.

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