Antes da quarta vitória contra o Inter em 2020, que representou o 10° jogo sem perder para o rival, o Grêmio turbinou os seus jogadores com uma velha tática de motivação: exibindo trechos de matérias e manchetes da imprensa gaúcha que, supostamente, já davam o colorado como vencedor.
Em entrevista ao Expediente Futebol, do Fox Sports, nesta quinta, o lateral-esquerdo Bruno Cortez admitiu que o elenco se motivou com o que recebeu do assessor de imprensa do clube, Vitor Rodrigues, em um grupo privado dos atletas. E que Renato soube usar o fato a favor do Grêmio.
“O Renato usou, sim, antes da palestra dele. O assessor colocou no nosso grupo de jogadores tudo o que as pessoas estavam falando, comentando que iam amassar o Grêmio, que seria o jogo da humilhação, que chegou a hora. Isso daí nos motivou mais. A gente sabia da importância da partida e que muitas pessoas estavam torcendo contra o Grêmio. Então todos os nossos jogadores entraram focados e determinados. O Renato falou pra nós: “Pensem só em jogar”. E nós, a todo momento, entramos querendo vencer e buscar o resultado. Sabíamos que encontraríamos um adversário difícil, mas estávamos determinados. E o Renato fala sempre pra nós: “Quando o Grêmio entra focado, fica difícil pro adversário ganhar da gente”. Ontem foi assim e entramos completamente focados no jogo”, disse o lateral.
Um dos alvos de Renato foi o jornalista e comentarista do Grupo RBS, David Coimbra, que escreveu recentemente uma coluna dizendo que o colorado iria “amassar o rival no Gre-Nal”.
O que disse Renato sobre as “manchetes”
Abaixo, um trecho da forte fala de Renato em coletiva sobre as tais “manchetes” da imprensa gaúcha:
“Agradeço às manchetes que vocês nos deram hoje. Que o Internacional ia nos amassar, que o Internacional ia sufocar o Grêmio, que ia ser o Gre-Nal do ano, que o Internacional ia atropelar a gente. Depois, era o campo. Depois, o Internacional jogou melhor, ia ganhar na Arena. Dois a zero para o Grêmio. Na pandemia, quando eu estava no Rio de Janeiro, falaram que, no primeiro Gre-Nal, o Inter estava treinando há três meses e ia atropelar o Grêmio. Um a zero para o Grêmio”.
Na sequência da resposta, o recado foi ainda mais direto:
“Vocês peguem a camisa de vocês que está amassada debaixo da roupa que estão trabalhando, escondam e coloquem ela no armário. Essa sim está amassada. Hoje, mais uma vez, foram mal-educados (imprensa). Vocês tem que ter uma consciência, tem que ser profissionais. Vocês falaram que o Internacional ia amassar o Grêmio. Amanhã, não fiquem com vergonha, não. Repitam o que falaram hoje. Abram o paletó e podem mostrar a camisa do Internacional por baixo. O sofrimento é grande, e vocês continuarão sofrendo. Podem ter certeza disso”.
Relembre abaixo trechos da específica coluna escrita por David Coimbra em GaúchaZH:
“O Grêmio de Romildo e Renato atingiu uma posição elevada, e isso aconteceu graças à competência e ao esforço dos dois e do grupo que lideravam. Mas, aos poucos, eles foram relaxando, talvez por acreditar que o que já haviam feito bastava para garantir o sucesso. Trata-se de um grande erro. O sucesso tem de ser construído a cada hora. Sem pausa, sem descanso, sem distração”
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“O Grêmio montou um time superior em 2016 e 2017. Nos dois anos seguintes, o rendimento já não foi o mesmo, mas alguns resultados positivos foram obtidos porque havia uma base de talentos. No ano passado, o fracasso rotundo diante do Athletico Paranaense e o fiasco diante do Flamengo deveriam ter sido suficientes para indicar a necessidade de mudanças profundas”
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“As mudanças foram perfunctórias, e os problemas se agravaram. Neste ano, o Grêmio foi campeão Gaúcho porque tinha Kannemann, Geromel, Maicon e Jean Pyerre em boas condições físicas e, sobretudo, porque tinha Everton”
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“No próximo Gre-Nal, o Grêmio não os terá. A tendência é que seja amassado pelo mais bem preparado e mais concentrado time do Inter. Porque o Grêmio, ao contrário, está caindo aos pedaços. Está desarticulado, confuso e desanimado. Os jogadores não têm força e disposição para conter o adversário, não conseguem retomar a bola, não conseguem concatenar as ações em campo. Porque o time está mal treinado e mal condicionado. Porque houve relaxamento. Houve descuido da vigilância. E a vigilância, nós sabemos, tem de ser eterna”