Bruno relembra mala de dinheiro do Arsenal e diz que foi atrapalhado por rótulo de “novo Ronaldinho”

Enquanto Ronaldinho, que ainda não era o Gaúcho, desfilava toda a sua genialidade no time profissional do Grêmio e já abria os olhos do mercado europeu, um outro jovem jogador dava passos similares nas categorias de base do clube. Bruno Ferraz das Neves conviveu com as comparações desde o princípio, até mesmo no momento em que o Arsenal esteve em Porto Alegre para buscá-lo – mas não levou. Já aposentado, ele admite que o rótulo de “novo R10” o prejudicou no tricolor, onde ficou até 2006.

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Zona Mista: Foram muitos anos de Grêmio desde a base até o profissional. Qual a sensação que fica ao olhar pra trás relembrando a trajetória no clube?

Bruno: No Grêmio eu iniciei com 9 anos para 10, fui subindo de categoria para categoria infantil, juvenil, juniores até subir para o grupo profissional. Não tenho nada a reclamar do clube, pelo contrário, só agradecer ao Grêmio por tudo que me deu. Foi muito boa a minha passagem. Tive também problemas de jogar e outras vezes acabar não jogando, mas eu avalio que no geral foi positivo. Foi o clube em que eu mais joguei e que mais tive oportunidade de jogar. Alguns gostavam, outros não, mas hoje, graças a Deus, se falar no Bruno daquela época todos vão lembrar. Bem ou mal, todos lembram (risos). Mas não reclamo mesmo. Fui muito feliz.

ZM: Você tinha 15 anos e o Arsenal desceu a carga para tentar comprá-lo. Por que a opção de ficar no Brasil naquele momento?

B: Lembro que o pessoal do Arsenal viajou para Porto Alegre com empresários e com uma mala cheia de dinheiro. Foram até a minha casa e estava eu, meu pai, minha mãe e meu irmão, e mais o Gilmar Veloz (empresário), e nós ficamos muito balançados sim, vendo todo aquele monte de dinheiro. A gente não tinha muitas condições na época, mas conversando com a família toda reunida, e com o Gilmar também, a gente preferiu ficar porque eu era muito bem tratado dentro do Grêmio, todos gostavam de mim e continuaram gostando até eu sair em 2006. E por isso optamos por ficar em Porto Alegre. Não me arrependo, fui muito feliz no Grêmio.

ZM: A cada boa atuação sua na época, o rótulo de “novo Ronaldinho” crescia. Isso, depois, veio a atrapalhar?

B: Com relação às comparações que faziam com o Ronaldinho, no início eu gostava. Porque ele já estava na seleção brasileira e eu com 15 anos já tinha sido chamado para as seleções de base. Ele tinha essa trajetória e a imprensa, digamos assim, quis achar um substituto para ele. E eu, naquele momento, era a bola da vez. Eu achava legal, mas depois a torcida achou que ia ser um jogador igual, mas não tínhamos muito a ver. Éramos jogadores diferentes, com características totalmente diferentes. Atrapalhou um pouco sim toda essa comparação, não vou mentir. Como eu falei antes, uns gostavam e outros não do meu estilo de jogo, era assim.

ZM: Como tem sido essa fase de treinador e até educador de crianças que têm o mesmo sonho que você tinha de virar jogador?

B: Eu atualmente moro em Santa Catarina, em Balneário Camboriú. Hoje tenho a minha escolinha de futebol aqui. Ela se chama “BF Soccer” e temos um convênio com o Grêmio. Levamos o nosso time ao município de Três Coroas há um tempo e o pessoal do Grêmio gostou bastante de alguns meninos nossos, oferecendo essa proposta de convênio. Hoje o projeto se chama Escola do Grêmio BF Soccer. Já temos alguns anos e está evoluindo bastante. Sempre com as portas abertas se precisar levar ao Grêmio alguns dos garotos que aqui se destacam.

ZM: Seguir no meio do futebol após a aposentadoria foi um caminho natural?

B: Graças a Deus ainda tenho muitos amigos no clube, como no Inter também tenho. Então tenho focado nesse trabalho com a criançada de 5 a 13 anos e estou gostando bastante. Não esperava continuar no futebol, mas como o meu filho está jogando, e foi um dos escolhidos para ir ao Grêmio, sigo nesse caminho. Posso dizer que estou muito feliz nessa nova etapa da minha vida.

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