Em longa carta enviada à reportagem do site Globoesporte, o atacante Braithwaite quebrou o silêncio sobre a cobrança de uma dívida do Grêmio, que se tornou pública na reta final de ano e gerou um certo “climão” nos bastidores. A informação dos últimos dias é que a nova diretoria, em duas parcelas, conseguiu quitar a pendência na casa e R$ 7 milhões entre luvas e salários do dinamarquês.
Na mensagem, que você confere mais abaixo na íntegra, Braithwaite citou bastidores da cobrança, fez críticas à postura da antiga gestão do presidente Alberto Guerra, mencionou o atual momento difícil pela lesão e projetou um 2026 melhor em todos os sentidos.
O longo texto de Braithwaite sobre o seu caso no Grêmio:
Nas últimas duas semanas, estive fora do Brasil para passar um tempo com a minha família e focar na minha recuperação. Durante esse período, no entanto, muitas coisas foram ditas e feitas na minha ausência, e sinto a responsabilidade de tratá-las de forma direta. Eu poderia ficar em silêncio e permitir que ‘fontes’ falassem por mim, como foi feito contra mim. Mas sempre acreditei que a honestidade importa. Sempre falei abertamente sobre aquilo em que acredito. As pessoas podem concordar ou não, mas ao menos sabem que minhas palavras vêm de mim
Não gosto de falar sobre dinheiro. Mas quando narrativas são criadas para definir o caráter de uma pessoa, o contexto importa. Há fatos que precisam ser levados em consideração antes que qualquer julgamento seja feito. Cheguei ao Grêmio cheio de entusiasmo e ambição. Senti genuinamente que era meu destino vir para cá. A região havia acabado de sofrer uma catástrofe natural, e o clube atravessava um momento difícil. Ainda assim, acreditei profundamente na ambição, na história e na força do Grêmio. Acreditei que poderia ajudar o clube a se reconstruir, junto com os jogadores que já estavam aqui – e nós conseguimos.
Para 2024, aceitei um salário muito baixo, com o entendimento de que parte dos meus vencimentos seria paga em parcelas em 2025. Confiei no destino, no projeto e nas pessoas. Essa foi a minha escolha, feita de boa-fé. Quando chegou o momento de pagar essas parcelas, apenas a primeira foi paga. A segunda, que vencia em abril, nunca chegou. Junto com meus agentes, procurei o clube repetidas vezes para encontrar uma solução. Confiei na palavra deles. O clube nos informou que também não conseguiria fazer o pagamento seguinte, mas propôs, por conta própria, um cronograma de pagamento. Aceitei as datas sugeridas por eles.
Quando essas datas chegaram, o acordo foi descumprido. Os pagamentos não foram feitos. Foi a primeira vez que percebi que apenas palavras não eram suficientes. Eu não queria envolver advogados ou notificações formais. Acreditei que o diálogo seria suficiente. Eu estava errado. Meses se passaram com ligações sem resposta, respostas adiadas e muita incerteza. Parte do valor foi pago e posteriormente me foi apresentada uma nova proposta de pagamento, que não era aceitável, mas eventualmente chegamos a um novo acordo: um plano de pagamento que se estenderia até o início de 2026. Um contrato foi elaborado para proteger ambas as partes – eu me comprometi a dar tempo ao clube, e o clube se comprometeu a honrar a dívida. Esperamos meses para que esse contrato fosse assinado. Isso nunca aconteceu.
A primeira parcela desse novo acordo foi paga. A segunda, não. Houve momentos em que meus agentes foram ignorados ou informados de que as pessoas estavam ocupadas demais para conversar. Em algumas ocasiões, em vez de ir para casa após o treino para descansar para os jogos, fiquei esperando do lado de fora de escritórios apenas para conseguir uma conversa – porque, caso contrário, nenhuma conversa acontecia. Em novembro, tentamos repetidas vezes finalizar a redação do contrato. Não houve resposta. No início de dezembro, perguntamos novamente sobre o pagamento em atraso e nos disseram que ele seria feito naquela mesma semana. Não foi.
No dia 8 de dezembro, data da posse da nova gestão, meu advogado entrou em contato mais uma vez com o clube de forma respeitosa e cooperativa, buscando apenas clareza sobre o pagamento em atraso e o contrato pendente. Não houve resposta. No dia 10 de dezembro, foi enviada uma terceira notificação formal – não por hostilidade, mas porque todas as outras alternativas haviam falhado. Dizer que eu não tentei encontrar uma solução não é justo nem verdadeiro. Continuarei trabalhando incansavelmente para voltar o mais rápido possível e ajudar a equipe a disputar títulos – porque isso é o que realmente importa. Acredito na nova gestão e na comissão técnica, em suas ideias e ambição. Vamos seguir em frente com união e positividade e fazer de 2026 o início de algo realmente especial.
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