Com o futebol paralisado por conta da pandemia do coronavírus e o Inter apenas voltando a treinar a sua parte física, Eduardo Coudet concedeu entrevista às mídias do clube no mês de maio e deixou claro o desejo de trilhar um trabalho a longo prazo, de “no mínimo” dois anos, como havia sido no Rosário Central e no Racing, da Argentina. Meses depois, muito embora a liderança do Brasileirão, a vontade se esfarelou com um surpreendente pedido de demissão.
Imprensa gaúcha
Até o momento em que oficializou a saída, Coudet sempre deixou claro que respeitava e inclusive não se importava com as críticas, defendendo o direito de todos se expressarem. Mas o tom sobre a imprensa gaúcha mudou em conversa com a repórter Bibiana Bolson, da ESPN Brasil.
Matéria no site da mesma emissora levanta até mesmo algumas suspeitas de Coudet sobre o real interesse da imprensa do Rio Grande do Sul:
“Além disso, pontuou a indignação com a imprensa local, a gaúcha, surpreso que o trabalho foi tão desacreditado, como se fosse algo “proposital” e para atender a interesses específicos, que “existe algo por detrás”. Finalizou dizendo que “a verdade no futebol, se sabe, sempre aparece””, diz um trecho da reportagem.
PRESIDENCIÁVEIS
Coudet queria mais reforços. Antes da lesão de Boschilia, que só volta em 2021, admitiu que pensava em mais três jogadores – um para cada linha de campo, isto é, um defensor, um meia e um atacante. Sem Boschilia, queria mais um meia. Até ganhou Maurício, que não chegou a empolgar Coudet em sua primeira declaração sobre o reforço.
Depois de uma vitória sobre o Atlético-GO, o argentino foi ainda mais longe e sugeriu que os quatro candidatos à presidência, Guinther Spode, Alessandro Barcellos, José Aquino e Cristiano Pilla, se unissem e acertassem algum esforço por reforços antes do encerramento da janela, que fechou no dia 9 – as eleições são dia 26. A “união” dos presidenciáveis por novos reforços pedida por Coudet não aconteceu.
Rodrigo Caetano
Dos dirigentes que participaram da contratação de Coudet e da sua adaptação no dia a dia ao clube, dois ficaram pelo caminho. Roberto Melo pediu demissão ainda com Zé Ricardo no comando do time no Brasileirão de 2019 e Alessandro Barcellos, que substituiu Melo na pasta do departamento de futebol neste ano, foi demitido por razões políticas pelo presidente Marcelo Medeiros – a saída de Alessandro desagradou Coudet, que não negou a frustração.
Restou o executivo de futebol Rodrigo Caetano, que, também após o jogo contra o Atlético-GO, evidenciou em coletiva de imprensa os seus pontos de divergência com o treinador, especialmente em relação ao elenco – tantas vezes chamado de “curto” por Chacho.
FALTA DE LIDERANÇA
Também na conversa com a ESPN após a sua saída, Coudet se queixou de uma momentânea “falta de liderança” do presidente atual Marcelo Medeiros e que também não sentia a “liderança” de quem deva vir a assumir a presidência do clube.
Nas palavras da repórter Bibiana Bolson, o técnico se sentia “fritado”, “jogado aos leões”, sem ter a quem se reportar para as decisões majoritárias do Inter.
“SONHO” DE EUROPA
Na coletiva concedida pelo presidente Marcelo Medeiros ainda na segunda-feira, tanto o mandatário como seu vice eleito, Alexandre Chaves Barcellos, revelaram que Coudet manifestou ter o “sonho” de trabalhar na Europa e que havia recebido um convite para realizá-lo.
O Celta de Vigo, da Espanha, clube que Coudet defendeu como atleta, deseja contar com o seu trabalho. Apesar de não ser um time de primeiro escalão do futebol europeu, o agora ex-técnico do Inter entende que o convite pode representar uma porta de entrada para voos maiores logo ali na frente. A multa rescisória a ser paga ao Inter é equivalente a R$ 10 milhões.