
Perto de encerrar oficialmente o mandato à frente do Grêmio, Alberto Guerra começou a fazer o balanço público de três anos de gestão. Em entrevista ao Grupo RBS, o dirigente adiantou a mensagem que deverá marcar sua despedida formal, prevista para a próxima segunda-feira. No discurso, Guerra destacou a travessia por crises esportivas e financeiras, a reconstrução da confiança interna e a entrega do clube em situação considerada mais estável ao sucessor, o presidente eleito Odorico Roman.
Ele lembrou que assumiu o Grêmio em 2023 com dívidas altas, ambiente político turbulento e a necessidade de recolocar o time em patamar competitivo. Ao longo do mandato, o clube conquistou títulos estaduais, ergueu a Recopa Gaúcha e voltou a brigar com regularidade na parte de cima da tabela nacional, mesmo em anos de forte oscilação. Guerra também citou a posse definitiva da Arena como um marco institucional, apontado como um dos legados estruturais entregues ao próximo triênio.
Dentro desse balanço, um nome apareceu com carinho especial: Renato Portaluppi. O treinador esteve ao lado de Guerra em boa parte da gestão, comandando o Grêmio entre 2023 e o fim de 2024, período de altos e baixos esportivos e de forte identificação com a torcida. Para o presidente, Renato foi mais que técnico de campo; virou conselheiro em decisões estratégicas e escudo em momentos de maior pressão externa no vestiário.
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Grêmio, ciclos encerrados e espaço para um possível retorno de Renato
Ao olhar para trás, Guerra avaliou que um dos méritos da administração foi a capacidade de encerrar ciclos, ainda que dolorosos. A saída de Renato ao fim de 2024, abrindo espaço para a chegada de Gustavo Quinteros no início da temporada seguinte, foi usada como exemplo dessa postura. O dirigente ressaltou que, mesmo com a ruptura, a relação com o ídolo segue preservada e que portas futuras não estão fechadas para um eventual reencontro. Essa reflexão serviu de contexto para a fala mais longa sobre o treinador.
Antes de entregar o cargo, Guerra fez questão de registrar publicamente o tamanho desse vínculo com o técnico mais longevo da história do clube. Ele descreveu Renato como personagem central na reconstrução recente do vestiário, tanto no dia a dia dos treinos quanto na condução das crises. A declaração sintetiza a gratidão do mandatário às vésperas da despedida da presidência.
“O Renato é um dos maiores treinadores do Brasil e da história do Grêmio. Ficarmos dois anos juntos nessa gestão me ajudou barbaramente, ajudou o Grêmio. Mas ele sabe disso também. É uma entidade aqui. E encerrar um ciclo desse tamanho, começar outro e todo o vácuo que o Renato deixa cada vez que sai, também não são tarefa fácil. Foi uma característica também da gestão.
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A gente soube encerrar alguns ciclos. Não quer dizer que ele não possa voltar. Acho até que pode, mas quando se encerra naquele momento tem mais um ano de gestão e a gente sabe que isso às vezes demora até o trem entrar nos trilhos. Não foi só com ele. Teve em diversas áreas com profissionais que não são só da bola, com profissionais de suporte, com atletas que saíram. Foi um desafio enorme sair daquele time multicampeão de 2016 e 17 e recomeçar um outro. Se a gente analisar numa linha de tempo, o que a gente tem são times vitoriosos e entre eles a busca desse time vitorioso”, disse Alberto Guerra para GaúchaZH.
Do outro lado dessa história, Renato vive um momento de pausa na carreira. Depois de encerrar a passagem pelo Grêmio, ele assumiu o Fluminense e chegou ao Mundial de Clubes, parando na semifinal em campanha de destaque. Agora, está novamente sem clube, mesmo após sondagens e interesse de equipes brasileiras e de fora, e observa o mercado em um cenário no qual os principais times já têm seus treinadores definidos.
Enquanto Renato avalia os próximos passos, Guerra prepara a despedida definitiva do gabinete presidencial. Odorico Roman, eleito para o triênio 2026–2028, assume com a missão de dar sequência à reconstrução financeira, consolidar a posse da Arena e recolocar o Grêmio em brigas mais frequentes por títulos nacionais e continentais. Ao olhar para trás e agradecer ao ex-treinador, o presidente que se despede reforça a mensagem de que, no clube, ciclos se encerram, mas vínculos históricos permanecem vivos – dentro e fora de campo.
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