
Personagem icônico na história do Inter tendo sido um dos raros jogadores a ter vencido as duas Libertadores estando no elenco, Bolívar reviveu histórias marcantes no Beira-Rio em entrevista dada ao O Bairrista, no YouTube. Na pauta, dentre os temas principais, estão a montagem do time campeão da Sul-Americana em 2008, a derrota para o Mazembe no Mundial de 2010 e um soco dado no ainda novato zagueiro Juan Jesus em 2011.
Time de 2008:
“A gente estava se preparando para pegar o Boca, que tinha uma jogada muito forte de cruzamento para a área na diagonal em cima do lateral. E o Ângelo não tinha estatura. O Tite chegou em mim e até hoje eu brinco com o Cléber Xavier sobre as voltas do mundo. No Grêmio, ele me dispensou comigo atuando de lateral. E naquele momento no Inter tinha precisado de mim ali. Fizemos uma zaga comigo e Marcão nas laterais, e Índio e Álvaro. Aí um tripé com Edinho, Magrão e Guiñazu, dois meias que eram Alex e D’Alessandro, e o Nilmar na frente. Tinha Taison e Sandro surgindo ainda. Esse time só não foi campeão invicto porque perdeu no tempo normal pro Estudiantes no Beira-Rio. Era um time muito bem montado. Depois foi campeão da Libertadores”
Mazembe:
“Se você olha o jogo de novo, vai ver que com 15 minutos era para estar 3×0 para nós. Nós estudamos o Mazembe, vimos o jogo deles antes na fase anterior. Então não teve isso de má preparação, falta de concentração, soberba. Até porque o comandante na época era muito concentrado. Eles foram duas vezes e fizeram duas bolas. Mas eu digo que se tivessem outros 10 jogos contra eles, ganharíamos todos. Foi a minha pior derrota sim”
Soco em Juan Jesus:
“Estávamos fazendo um treino de dois toques, o popular rachão. E o Juan estica uma bola e deixa a mão pra trás no meu rosto. Pode acertar qualquer parte pra baixo, mas no rosto sobe o sangue na hora. E aí os outros jogadores, pra botar pilha, começaram: “General virou soldadinho, perdeu estrela”. Dando risada. E eu p… ele não pediu desculpa, nada. Passei por ele e disse que iria esperar no vestiário. Cheguei no Falcão, que era o treinador da época, e disse que iria pro vestiário fazer um reforço, tinha sentido uma dorzinha na perna. Cheguei lá e pedi a chave de uma sala de vidro para um dos roupeiros. E fiquei esperando o Juan. Ele era novo, 19 anos, mas sempre teve personalidade forte. Quando subia para treinar, descia a lenha nos atacantes. Aí ele entrou, sentou numa das cadeiras e eu chaveei a porta. Nem deu tempo dele pensar. Cheguei dando no meio (soco na cara) e ele já foi caindo pra trás pra dentro de um armário. E dei uns pontapés. Falei que ele tinha que aprender a respeitar e que ele iria levar isso pra vida, que tinha que ter me pedido desculpas e nada disso aconteceria. Aí ele foi chorando na sala do Falcão dizer que não ia querer jogar e o Falcão me chamou pra perguntar o que eu tinha feito no garoto. Mas até hoje a gente se dá bem eu e o Juan. Ele é grato a mim por isso. Quando ele está de férias, sempre me liga, me chama para um café, manda camisa”